INTRODUÇÃO
Dado o impacto (humano, social e económico) devastador que a Pandemia por COVID-19 esta a causar e causará, pretendeu-se resumir nesta revisão bibliográfica os dados mais relevantes publicados sobre o tema, em revistas científicas.
METODOLOGIA
Pergunta protocolar: O que foi publicado relativamente ao COVID-19 em revistas científicas?
Em função da metodologia PICo, foram considerados:
-P (population): espécie humana.
-I (interest): reunir conhecimentos relevantes e fiáveis sobre COVID-19
-C (context): pandemia por COVID-19
Foi realizada uma pesquisa em março de 2029 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina, Academic Search Ultimate e RCAAP”. Contudo, dado o tema ter surgido apenas há pouco mais que três meses e uma vez que as revistas científicas clássicas costumam demorar algum tempo a analisar e publicar os artigos, foi também pesquisado o tema, excecionalmente, em motores de busca generalista (google), para aceder a pré-publicações de revistas científicas.
No quadro 1 podem ser consultadas as expressões/ palavras-chave utilizadas nas bases de dados e restantes dados associados à metodologia da pesquisa.
Motor de busca | Password 1 | Password 2 e seguintes | Critérios | Nº de documentos obtidos | Nº da pesquisa | Pesquisa efetuada ou não | Nº do documento na pesquisa | Codificação inicial | Codificação final |
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EBSCO (CINALH, Medline, Database of Abstracts and Reviews, Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Nursing & Allied Health Collection e MedicLatina) | COVID | (sem) | 45 | 1 | sim | 28 44 |
1 2 |
14 16 |
|
COV | (sem) | 6217 | 2 | não | |||||
-texto completo -acesso a resumo -publicado desde dezembro de 2019 |
33 | 3 | sim | 2 3 6 7 10 11 15 19 20 |
3 4 5 6 7 8 9 10 11 |
19 12 1 2 3 15 4 5 11 |
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RCAAP | COVID | -título | 2 | 4 | sim | ||||
COV | 11 | 5 | sim | ||||||
COVID-19 | Scoping review | +-163.000 | 5 | sim (páginas iniciais, até surgir saturamento da informação) |
12 13 14 15 16 17 18 19 |
6 7 10 8 13 18 17 9 |
CONTEÚDO
Origem
Alguns profissionais de saúde ficaram alertados por um número anormal de pneumonias que surgiram na cidade de Wuhan1-9, Província de Hubei3, China1-5,7,8, durante o mês de dezembro de 20191,2,5-8,10.
Foi dada a designação de COVID-19 (por que se trata de um novo coronavírus2,5- informação esse divulgada a 7 de janeiro6,10,11) ou SARS-Cov-21,7,11, uma vez que anos antes já tinha ocorrido um outro surto por um vírus semelhante (SARS- Cov, a partir de agora designado apenas por SARS- Severe Acute Respiratory Syndrome, ao longo deste artigo), em 2002/3, desenvolvido no final desta revisão; apresentando também homologia com estirpes existentes em morcegos asiáticos e europeus11.
O microrganismo foi posteriormente sequenciado por investigadores chineses1,12 e divulgado online (a 1013/ 11 de janeiro4), de forma a se obterem progressos científicos mais rápidos12.
Acredita-se que o COVID-19 apresentou transmissão zoonótica1,4,6,9,10 a partir de um mercado chinês1,2,5,6,8,10 da cidade de Wuhan1, através da venda de animais selvagens6 vivos1,5,6,10 e/ ou mortos4,5, nomeadamente aves (galinhas, faisões), morcegos, marmotas, sapos, ouriços, cobras e coelhos, mantidos em fracas condições de higiene; uma vez que os pacientes iniciais eram trabalhadores no Wuhan South China Seafood City4; para além disso, o microrganismo foi também identificado em vários animais, ainda que não se tenha a certeza absoluta qual deles serviu como hospedeiro7. O mercado foi encerrado no dia 1 de janeiro de 2020, para higienização e desinfeção1,4.
Coronavírus em geral
Acredita-se que existam cerca de 38 espécies de coronavírus. Eles foram inicialmente identificados em 196210. Os coronavírus são vírus grandes1, esféricos3, encapsulados e com RNA1,3,4,7,13, com cerca de 8010, 70 a 1204 ou 150 a 160 nm1,10. Dividem-se nos subtipos alfa, beta, delta e gama; sendo que se sabe que os dois primeiros têm capacidade para infetar humanos. A maioria das estirpes existentes nos morcegos é alfa e beta; a maioria nas aves é gama e delta1.
A recombinação génica é muito provável de ocorrer, devido a erros na transcrição do RNA. O genoma pode ser alterado através dos processos de recombinação, troca, inserção ou deleção de genes e isto irá ocorrer no atual COVID-19, tal como anteriormente, criando novas estirpes9,10.
Existem quatro estirpes endémicas mundialmente: HCov229E, NL63, OC43 e o HKu14,7, que justificam 101 a 30%4 das doenças respiratórias dos adultos1; nomeadamente rinites, faringites, sinusites, bronquiolites e pneumonias4; para além da SARS13 e a MERSCov (Meadle East Respiratory Syndrome)7,10, a partir de agora designado por MERS neste artigo. Até 2002 os coronavírus não receberam muita atenção porque não causavam doença humana relevante- tal mudou com a SARS-Cov (beta HCov) na China, provavelmente também devido à transmissão zoonótica nos mercados com animais1.
O COVID-19 é similar a alguns coronavírus beta identificados em morcegos (bat-SL-CovC45 e bat-SL-CovVZXC21, com homologias de 88 e 87%). É menos parecido com o SARS (79%) e com o MERS (50%)7.
Ainda que a generalidade das infeções por coronavirus seja suave4,10, em recém-nascidos, idosos e indivíduos com doenças crónicas, pode ser mais grave. Contudo, em 2002/3 ocorreu o SARS7, no estado de Guadong (China)10 e o MERS4, em 2012/3, surtos esses graves, tal como já se mencionou e abordados mais à frente. Até esta fase as estirpes de coronavírus mais prevalentes eram o CovOC43 e o Cov229E, causadoras de problemas geralmente em apenas imunodeprimidos10.
Alguns coronavírus também podem causar doença em animais7. Apresentam como hospedeiros animais7,10 camelos, gado, gatos e morcegos; contudo, a generalidade destas estirpes não contagia humanos; as exceções até agora tinham sido a SARS e a MERS, transmitidas sobretudo por aerossóis e gotículas, ou pelo contato direto com uma superfície contaminada (e depois tocar na boca, nariz e olhos)7.
Hospedeiros
Apesar de se especular qual o hospedeiro do COVID-19, não existem certezas3, tal como já se descreveu.
A doença foi inicialmente transmitida ao homem através do contato com animais infetados, possivelmente no mercado da cidade de Wuhan, através de animais vivos que estavam à venda12, como já se mencionou. Acredita-se que espécies como os morcegos1,4,13-15, cobras15, guaxini, civetas1 e o pangolim poderão ser hospedeiros intermediários para o COVID-1914. Aliás, os morcegos parecem ser o reservatório mais relevante e com maior variedade de estirpes de coronavírus1.
Período de Incubação
Tal como outros coronavírus, o período de incubação pode oscular entre dois12 ou três3 a catorze dias3,12. Alguns investigadores concluíram que o período de incubação médio é de 5,2 dias, sendo que em apenas 5% dos casos tal ocorre apenas ao 12º, 13º dias15.
Transmissão/ Infecciosidade/ Contágio
Qualquer indivíduo suspeito deve ser isolado e notificado12.
Pensa-se que o contágio ocorre através do contato com secreções respiratórias contaminadas12, nomeadamente aerossois3,7,10, gotículas7,10 e contato direto7, tal como com outros microrganismos da mesma família e depois tocar na boca, nariz e talvez olhos10. O contágio é mais provável com o contato próximo, ou seja, a menos de dois metros12. O COVID-19 pode também estar presente nas fezes (sobretudo se existir diarreia) e urina3.
Os indivíduos com sintomas mais suaves não procuraram tanto os cuidados médicos, pelo que apresentarão uma grande probabilidade de espalhar a doença; para além disso, também há a possibilidade dos indivíduos serem infeciosos antes da apresentação de qualquer sintoma12.
Em alguns aeroportos mede-se a temperatura; contudo, a eficácia desta medida não está comprovada (porque alguns nunca apresentam febre, mesmo estando infeciosos), para além de que a aplicação de gelo na testa pode contornar a situação6,12.
Qualquer profissional de saúde que entre numa divisão em que esteja um indivíduo infetado, deverá usar proteção respiratória acreditada, proteção ocular, luvas e barrete12. A proteção respiratória recomendada é certificada com os códigos N95 e FFP27. Os procedimentos associados à intubação aumentam a dispersão do vírus1.
Caraterísticas que proporcionam risco acrescido
Os idosos inserem-se no grupo de maior risco; a infeção em crianças é rara4.
As comorbilidades mais frequentemente associadas são a hipertensão arterial (17%), diabetes (8%), bem como as doenças cardiovascular (5%) e respiratória (2%)9,13. A razão de riscos obtida foi de 2,36; 2,46 e 3,42 para a hipertensão arterial, doença respiratória e cardiovascular, respetivamente9.
Apresentação Clínica
-Sintomas/ patologias consequentes
A apresentação clínica varia desde uma situação assintomática, passando por sintomas discretos a situações de pneumonia fatal3,6,10,12,15,16, por vezes também envolvendo outros órgãos e sistemas (como o trato gastrointestinal, musculo- esquelético e neurológico)7,16 ou até sepsis e choque sético10,12.
Os sintomas mais comuns são:
Sintomas estes comuns a muitas infeções bacterianas e víricas, geralmente autolimitadas; destas a mais frequente é a Influenza (“gripe”); ainda que esta também possa levar a uma situação clínica excecional, que culmine em pneumonia, miocardite, doenças do sistema nervoso central e morte16.
Geralmente os mais sintomáticos são os mais contagiosos, mas o contágio é possível com indivíduos assintomáticos10.
-Exames auxiliares de diagnóstico para avaliar as alterações secundárias à Infeção
Ao Rx pulmonar podem encontrar-se infiltrados, por vezes bilaterais7,10,12/ evidência de pneumonia- consolidações4,10. No início a Tomografia Axial Computadorizada (TAC) do tórax mostra opacificações bilaterais e multilobares, com aspeto vítreo, distribuição periférica ou posterior e mais nos lóbulos inferiores. As consolidações iniciais são geralmente atípicas e mais prevalentes nos idosos. De forma menos frequente podem ser encontrados espessamentos septais e pleurais, bem como bronquiectasias. Derrame pleural e/ ou pericárdico, linfoadenopatias, cavitações e pneumotórax também podem surgir com o evoluir da doença17.
A nível de hemograma, podem visualizar-se alterações nos leucócitos (quer leucopenia4,7, quer leucocitose4) e/ ou ainda linfopenia7,13; por vezes, trombocitopenia também13.
Podem também ocorrer hipoalbubinemia e aumento dos marcadores inflamatórios (PCR- Proteina C Reativa e VHS- Velocidade de Hemosedimentação), por vezes, hiponatremia e hipocaliemia13.
Diagnóstico da Infeção por COVID-19 em si
Os métodos de diagnóstico podem utilizar técnicas associadas à metodologia ELISA (Enzyme Linked Immunosorbent Assay) ou Western Blot (que deteta proteínas específicas). Podem também ser usadas técnicas moleculares, como a RT-PCR (Real Time Protein Chain Reaction) ou a hibridização Northern Blot. Os antigénios virais podem ser detetados através da tecnologia IFA (Immune Fluorescent Assay)3. Entre estes, o método da RT-PCR é usado de forma mais frequente7 para detetar vírus em secreções respiratórias11; ou seja, através da expetoração7, esfregaços da orofaringe7,10/ traqueais10 ou em amostras de secreções respiratórias inferiores7, por exemplo obtidas por lavado broncoalveolar10.
A sensibilidade dos métodos baseados na deteção de anticorpos10,12 é geralmente inferior à dos métodos moleculares. A utilização de culturas víricas consome mais tempo e geralmente é usada nas fases iniciais dos surtos, antes do desenvolvimento de outros métodos mais práticos; as culturas são mais uteis para testar fármacos10.
Tratamento
Em relação ao tratamento, não está no momento qualquer fármaco aprovado7,10,12,18. Este baseia-se por isso no suporte ventilatório, hidratação e antipiréticos7,12. Caso surja uma infeção bacteriana, poderão ser usados antibióticos12.
A cloroquina (usada na malária) é eficaz em algumas viroses, sendo também considerada segura e económica; existe alguma evidência, por estudos in vitro, que possa ser razoavelmente eficaz neste contexto (tal como na SARS e MERS). Existem cerca de vinte e três ensaios clínicos a decorrer na China. Para além disso, há possibilidade de que os antivíricos usados na SARS possam ter aqui alguma utilidade, nomeadamente o Remdesivir, Lopinavir e o Ritonavir14.
Taxa de mortalidade
A maioria dos casos graves ocorre na população idosa; parte destes necessitam de hospitalização e acabam por falecer6,12. A taxa de mortalidade geral associado é de cerca de 3%14 ou 2 a 4%8; entre os hospitalizados é de cerca de 1013 a 14%10,13.
Evolução/ Prognóstico
Os casos suaves geralmente recuperam após uma semana; as situações graves evoluem progressivamente para insuficiência respiratória devido ao dano alveolar, podendo ser fatais, sobretudo em idades mais avançadas e/ ou com antecedentes como cirurgia oncológica, cirrose, hipertensão arterial, doença coronária e diabetes8.
Um quinto dos indivíduos necessita de hospitalização e 20% desses terão critérios para a UCI13. A dispneia, se ocorrer, costuma manifestar-se na segunda semana e aqui a situação pode evoluir para ARDS (Acute Respiratory Distress Syndrome), sendo geralmente necessário o apoio ventilatório em unidade de cuidados intensivos, com capacidade de isolamento. As infeções bacterianas posteriores podem levar a uma pneumonia bacteriana secundária3. Alguns investigadores lançaram estatísticas que mostravam que cerca de 33% apresentam ARDS e 6% choque sético. Uma parte dos indivíduos entra em falência orgânica múltipla (respiratória, cardíaca e renal)13. A doença é grave em cerca de 15% dos casos18. O principal motivo de transferência para as UCI e morte é o surgimento do ARDS17.
Surtos anteriores por Coronavírus
Outros coronavírus (como alfa 229E, beta OC43 3 HKu1, SARS e MERS) também conseguem causar doença respiratória grave16.
O microrganismo que causa o COVID-19 é semelhante aos que estão envolvidos na MERS2,3,7,12,13 e SARS1-3,7,11-13, ainda que pareça não existir imunidade cruzada3; contudo, ele dissemina-se muito mais rapidamente que o MERS (que precisou de cerca de dois anos e meio para infetar cerca de mil indivíduos) ou o SARS (que, para tal, necessitou de quatro meses) - o COVID-19 atingiu esse patamar em cerca de quarenta e oito dias19. Contudo, por enquanto, a taxa de mortalidade do COVID-19 é muito inferior à do SARS ou MERS1. No entanto, ainda em fevereiro de 2020, o número de infetados e mortos era já superior ao da SARS2, ou seja, até essa data, tinha atingido 27 países, com cerca de 35.000 casos e mais de 700 mortes, com taxa de mortalidade de 2%; números esses completamente desatualizados com o decorrer de março (mas ainda não publicados). Ou seja, a sua transmissão é muito mais rápida que o SARS ou MERS7,15.
A MERs teve uma dispersão mais contida (em número de indivíduos e extensão geográfica) e foi também baseada na transmissão zoonótica (sobretudo através dos dromedários4/ camelos e/ ou morcegos15), ou seja, não tanto a nível da comunidade. Acredita-se que causou quase dois mil e quinhentos casos e menos de novecentos mortos, sobretudo na Arábia Saudita. Também apresenta a possibilidade de originar pneumonia e insuficiência renal, mas tem menos sintomas gastrointestinais. Os indivíduos necessitam de apoio ventilatório em cerca de 50 a 89% dos casos; a mortalidade foi estimada em cerca de 341,354,15 ou 36%1,10. A MERS atingiu 27 países, causando quase 2500 casos e 900 mortos, entre abril de 2012 e dezembro de 201915. O apoio ventilatório é menos eficaz no MERS e aqui a insuficiência renal é mais frequente4.
Também a SARS surgiu através de transmissão zoonótica nos mercados chineses, através de animais vivos comercializados (eventualmente aves3, morcegos e/ ou civetas15), ainda que não se tenha comprovado a origem exata3. Causava febre, tosse, dispneia e, por vezes, diarreia aquosa; 20 a 30% dos indivíduos necessitava de apoio ventilatório. Atingiu 32 países, com quase 8500 casos confirmados e quase 1000 mortos, ou seja, com uma taxa de fatalidade de quase 94, 101,10,14 ou 114%, de novembro de 2002 a agosto de 200315 (ainda que superior nos idosos)1. A infeção em crianças também foi rara4.
A epidemia com SARS ficou potenciada na altura no ano em que três biliões de chineses viajam dentro do país, devido ao Festival da Primavera, festa mais famosa no país e que ocorre entre janeiro e fevereiro; de certa forma o COVID-19 também se difundiu mais nessa altura e em 2020 estimou-se que o número de viajantes fosse o dobro do que terá existido em 200310.
Os três vírus têm RNA e são transmitidos entre animais, animais- humanos e entre humanos; causando doença respiratória, gastrointestinal/ hepática e neurológica15. A SARS terminou em menos de um ano, enquanto que a MERS durou cerca de sete anos, ainda que com uma difusão mais restrita. A SARS infetava indivíduos mais jovens; a MERS geralmente era mais prevalente a partir da quinta década de vida. Além das questões respiratórias, a MERS envolve com maior probabilidade o aparelho cardiovascular. A insuficiência renal era mais frequente na SARS e MERS, versus COVID-1910.
Entre sexos, e para todos os Covs mencionados, há maior prevalência no sexo masculino e na faixa etária entre os 50 e os 65 anos15. A semiologia dos três é similar. Nenhum apresenta no momento medicação específica (ainda que melhorias discretas tenham sido verificadas com o lopinavir e ritonavir) ou vacina (mas existem ensaios clínicos para a MERS)4.
O que pode oferecer a Tecnologia
A tecnologia que localiza geograficamente os casos permite uma melhor perceção da situação e previsão da evolução, sendo por vezes possível, com uma janela temporal muito interessante, através de apps instaladas no telemóvel, perceber e avisar quem esteve em contato com casos suspeitos e/ ou confirmados19.
A Health Map, fundada em 2006, é gerida por investigadores, epidemiologistas e informáticos que desenvolvem software no Hospital Pediátrico de Boston e utiliza informação em tempo real relativa a questões de saúde pública emergentes; este tem uma subversão dedicada apenas ao COVID-19. A Blue Dot é um programa semelhante, proveniente do Canadá e presta informações em sessenta e cindo idiomas, incluindo assuntos de saúde humana e animal. A própria app pode orientar decisões relativas ao isolamento e quarentena, considerando os locais que esteve e contatos das últimas duas semanas, em função (nestes casos) do suposto período de incubação, analisando tudo (locais de trabalho e pessoas próximas, incluindo meios de transporte, por exemplo). A ferramenta “3Is”, por sua vez, foi desenhada originalmente para o Ébola e depois ajustada a outros microrganismos (sarampo, MERS, papeira, Zika, hepatite A, tosse convulsa e escabiose). Nela os indivíduos são classificados numa escala de risco. Mal se identifica um caso positivo, o elemento tem de ficar em isolamento e as entidades de saúde são notificadas12. Supõe-se que futuramente esta tecnologia se desenvolva ainda mais e possa ser uma arma interessante no controle e gestão das Pandemias.
DISCUSSÃO/ CONCLUSÃO
A generalidade das revistas científicas retém os manuscritos recebidos por meses ou, às vezes, até anos. Percebeu-se o esforço de algumas destas em rever os artigos submetidos de forma mais célere ou, então, publicar os mesmos de imediato (dada a utilidade da informação), deixando a ressalva que não tinham sido formalmente revistos; ou seja, quase todos os documentos aqui inseridos foram publicados em março e referentes a fevereiro.
A COVID-19 não é a primeira ou sequer segunda pandemia associada a coronavírus (ainda que estas tenham passadas despercebidas para alguns) e quase de certeza que também não será a última, associada a esta família de vírus ou a qualquer outro microrganismo. A incrível facilidade de alteração no material génico cria aleatoriamente muitas novas mutações; uma pequena diferença proteica numa cápsula/ membrana/ elementos que contribuem para a adesão, alterarão os organismos que passa a haver possibilidade de “hospedar” e/ ou causar doença e, assim causar um impacto tão brutal quanto estamos a assistir, aos níveis humano, social e económico. Os microrganismos estão por cá há muito mais tempo que os humanos e por cá muito mais tempo se manterão, dado estarem incrivelmente melhor adaptados ao meio.
Após esta crise passar, caberá repensar a nossa forma de gerir alguns assuntos e apostar em desenvolvimento tecnológico a nível de fármacos (cuja evolução é incrivelmente mais lenta que a dos microrganismos), vacinas pré e/
ou pós exposição e softwares para identificação de eventuais contatos de risco e gestão matemática/ epidemiológico desses dados, que certamente surgirão.