SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.12VELHOS PROBLEMAS, NOVOS DESAFIOS PARA O MÉDICO DO TRABALHO: UM CASO DE LARVA MIGRANS CUTÂNEAPREVALÊNCIA DE DORES MUSCULARES E ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE AUDITIVA EM TRABALHADORES DE POSTOS DE COMBUSTÍVEIS índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online

versão impressa ISSN 2183-8453

RPSO vol.12  Gondomar dez. 2021  Epub 25-Mar-2022

https://doi.org/10.31252/rpso.13.11.2021 

Artigo Original

CONFORTO ACÚSTICO: UM CAMINHO POSSÍVEL PARA A SAÚDE DOS PROFISSIONAIS E EXERCER EM ESCOLAS

ACOUSTIC COMFORT: A POSSIBLE PATH FOR THE HEALTH OF PROFESSIONALS EXERCISING IN SCHOOLS

A Lopes1 
http://orcid.org/0000-0002-9060-1533

L Silva2 

Y Ruiz3 

1Fonoaudióloga. Professora Associada do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru- Universidade de São Paulo; Tutora certificada do Dangerous Decibels®; Experiencia em Audiologia e Saúde Coletiva, atuando principalmente nos seguintes temas: Saúde do Trabalhador, Saúde Auditiva e Telefonoaudiologia. Morada completa para correspondência dos leitores: Alameda Dr Octávio Pinheiro Brizolla, 9-75, Vila Universitária, Bauru, 17012-901 Brasil

2Formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pela Universidade do Oeste Paulista-UNOESTE; Pós-graduada em Engenharia Ambiental e Saneamento Básico pela Anhanguera. Formada em Técnico em Contabilidade pela ETEC de São Paulo Milton Gazzetti, cursando os cursos de Pedagogia e Formação Pedagógica em Matemática pela Anhanguera. 19400-000 Presidente Venceslau

3Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo - UNOESTE/PP (2012). Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional - UNOESTE/PP (2013). Especialista em Gestão Ambiental - UNOESTE/PP (2012). Graduada em Arquitetura e Urbanismo - UNOESTE/PP (2010). Pesquisadora do GDECOR e GPEOS - UNOESTE/PP. Experiência em a atividades de ensino, pesquisa e extensão. 19063-731 Presidente Prudente


RESUMO

Introdução

A arborização possibilita a diminuição da poluição sonora e, como consequência, a melhoria da qualidade de vida, no entanto, no Brasil são escassas as pesquisas sobre este tema, principalmente relacionadas com a quantificação/tipificação da vegetação e relação com a saúde dos trabalhadores. Entende-se que a planificação correta da arborização na escola é fundamental, uma vez que torna o local atrativo, com qualidade funcional e estética e com condições acústicas favoráveis, minimizando o esforço vocal do educador. Este trabalho expõe a necessidade de obtenção do conforto acústico em escola localizada na área central numa cidade do interior do Estado de São Paulo, Brasil.

Objetivo

Mensurar os níveis de pressão sonora do em três ambientes do pátio escolar de uma escola central numa cidade do interior do estado de São Paulo, Brasil; verificar existência de massas arbóreas no pátio escolar e na proximidade da escola em estudo e averiguar se há contribuição da massa arbórea para o conforto acústico do pátio escolar em estudo.

Metodologia

A mensuração dos níveis de pressão sonora foi realizada no pátio escolar em outubro de 2019, às 9:30 horas dentro dos três pontos estabelecidos. A medição seguiu as recomendações da ANSI S12.60, por meio do equipamento sonómetro marca Instrutherm DEC-5050 e comparadas com as Normas NBR 10.151 e NBR 10.152. Nos três pontos determinados, foram realizadas 30 medições em cada ponto, espaçadas de 10 segundos cada, em cada ponto, conforme o manual de medição e cálculo das condições acústicas. As medições foram efetuadas a 1,2 m acima do solo e 1,5 m de paredes.

Resultados

A escola não está em conformidade com a NBR 10152, com níveis de pressão sonora até 88,9 dB (A), no que diz respeito ao conforto acústico, comprometendo a saúde ocupacional e qualidade de vida dos educadores e o processo de aprendizagem dos educandos. No levantamento de massas arbóreas em volta do pátio escolar, foram encontrados Pata de vaca, Coqueiro de Jardim e diversos arbustos. A falta de massa arbórea pode contribuir significativamente para a poluição sonora.

Conclusão

O ruído ambiental no pátio da escola está acima dos limites aceitáveis, impactando na qualidade e conforto acústico, o que pode contribuir para um processo de esforço auditivo, que prejudica o processo de ensino e qualidade de vida, interferindo na saúde dos educadores e educandos. Sendo assim, é imprescindível a busca por soluções para melhorar a qualidade acústica do ambiente, como paisagem acústica favorável. A massa arbórea mostra-se promissora para o conforto acústico no ambiente escolar, propiciando melhores condições de saúde aos educadores e educandos. Diante disso, sugere-se como estudos futuros avaliar o tipo de material do espaço arquitetónico para que o local tenha menos ruído; melhorar o posicionamento da arborização presente no local e Implantar projeto de arborização conforme a necessidade do local.

Palavras-chave: Conforto acústico; Massa arbórea; Pátio escolar; Programa Saúde na Escola; Saúde Ocupacional

ABSTRACT

Introduction

Tree planting reduces noise pollution and consequently improve the quality of life, however in Brazil there is little research on this topic, mainly related to the quantification and classification of vegetation in the health of workers. It is understood that the correct planning of afforestation at school is essential, as it makes the place attractive, with functional and aesthetic quality, adequate landscaping and favorable acoustic conditions. Thus, acoustic comfort can favor the teaching process, as it minimizes the educator's vocal effort. Given these considerations, this work exposes the need to obtain acoustic comfort in a school located in the central area of a city in the interior of the State of São Paulo, Brazil.

Objective

To measure the sound pressure levels in three environments in the school yard of a central school in a city in the interior of the state of São Paulo, Brazil; verify the existence of arboreal masses in the school yard and near the school under study and to find out if the tree mass contributes to the acoustic comfort.

Methodology

The measurement of sound pressure levels was carried out in the school yard in October 2019, at 9:30 am within the three established points. The measurement followed ANSI S12.60 recommendations, using Instrutherm DEC-5050 sound meter equipment and compared with NBR 10.151 and NBR 10.152 Standards. At the three determined points, 30 measurements were performed at each point, spaced 10 seconds each, at each point, according to the manual for measurement and calculation of acoustic conditions. Measurements were taken at 1.2 m above ground and 1.5 m from walls.

Results

The school does not comply with NBR 10152, with sound pressure levels up to 88.9 dB (A), with regard to acoustic comfort, compromising the occupational health and quality of life of educators and the learning process of students. The lack of arboreal mass can significantly contribute to noise pollution and compensatory considerations of mitigating proposals in future studies to solve the acoustic problems that affect the lives of educators and students.

Conclusion

Environmental noise in the school yard is above acceptable limits, impacting acoustic quality and comfort, which can contribute to a process of auditory effort, which impairs the teaching process and quality of life, interfering with the health of educators and students. Therefore, it is essential to search for solutions to improve the acoustic quality of the environment, with a favorable acoustic landscape. The arboreal mass shows promise for acoustic comfort in the school environment, providing better health conditions for educators and students. Therefore, it is suggested as future studies: Propose the type of material for the architectural space so that the place has less noise; improve the positioning of the afforestation present at the site and Implement afforestation project as needed by the site.

Keywords: Acoustic comfort; Trees; Schoolyard; School Health Program; Occupational Health

INTRODUÇÃO

A criação de um ambiente urbano que contribua positivamente para a qualidade de vida no trabalho tornou-se um grande desafio. Desta forma, a vegetação presente nos centros urbanos tem adquirido cada vez mais atenção devido aos benefícios que proporciona, sejam estes ecológicos, estéticos ou sociais. No entanto, estudos sobre a associação da arborização, poluição sonora e qualidade de vida da população, são escassos no Brasil (1).

Entende-se, portanto, que a planificação correta do uso da vegetação no ambiente escolar é fundamental e contribuirá para o paisagismo adequado e condições acústicas favoráveis, favorecendo a saúde de educadores e educandos. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº001 (2), conforme a norma regulamentadora NBR 10.152/2000 (3), estabelece como nível máximo aceitável para o conforto acústico durante o recreio, no pátio escolar, um valor inferior a 55 dB(A).

O ruído e esforço vocal consequente podem estar associados a alterações na voz/disfonias e/ou hipoacusia.

Conforto Acústico

Lopes e Fernandes (2019) (4) relataram que o “Controle não significa supressão da causa, mas sim, uma manipulação do efeito”. Quando não é possível atuar na fonte, ou a redução obtida for insuficiente, então deve-se considerar medidas que visem controlar o ruído na sua trajetória de propagação, evitando que o som se propague e chegue ao receptor.

Em relação à redução da propagação do som pelo ar, pode-se controlar a transmissão por meio de obstáculos à sua propagação. Antes, porém, cabe lembrar que os sons de baixa frequência se transmitem mais facilmente pelo ar que os sons de alta frequência. Assim, quando possível, devemos transformar os ruídos para a faixa mais aguda do espectro, fazendo com que percam sua intensidade numa distância menor, dessa forma, o projeto acústico do ambiente deve ser amplamente discutido com arquitetos e engenheiros, o que se torna um desafio.

Em relação à mudança das condições acústicas do local, alterando as condições de propagação do som, pode-se diminuir a intensidade do ruído de um local. Para tal é necessário estudar a situação em que se encontra a fonte de ruído e as condições de reflexão, absorção ou difração do som no local.

Ambiente escolar

O aumento da poluição sonora nas escolas ocorre a partir de fontes internas e externas, por meio de conversas, mobiliário, equipamentos, tráfego e outras fontes inseridas nos centros urbanos (HANS, 2001) (5) .

A presença do ruído na sala de aula traz prejuízos à saúde do educador, causando efeitos críticos como a interferência na comunicação. Para a mensagem falada em sala de aula ser ouvida e compreendida, o nível de pressão sonora não pode exceder 35 dB(A) durante as aulas e, durante o recreio, no pátio da escola, não pode ultrapassar 55 dB(A), de acordo com a ABNT 10.152/2000 (3) conforme observado na Tabela 1.

Tabela 1 Níveis de ruídos para Conforto Acústico em Ambientes Escolares 

ESCOLAS dB(A)
Bibliotecas, salas de músicas, sala de desenho. 35 - 45
Sala de aula, laboratórios. 40 - 50
Circulação. 45 - 55

Fonte: NBR - 10152 (2000)

A norma ANSI/ASA S12.60 (2010) (6) discorre sobre desempenho acústico, exigências de projetos e diretrizes para escolas e também estabelece 35dB(A) como valor máximo do nível de ruído em uma sala de aula. A relação sinal/ruído (S/R) deve ser pelo menos +15dB e o tempo de reverberação não deve ultrapassar 0,6 numa sala de aula de até 283 m2. Esta relação, conhecida como sinal/ruído (S/R) é uma medida da qualidade do áudio, do inglês signal-to noise ratio. Tal medida consiste num cálculo da razão entre as potências do sinal desejado e do ruído.

De acordo com Lopes e Fernandes (2006) (7); Nábĕlek e Nábĕlek (1999) (8), os principais fatores que interferem na inteligibilidade de fala estão relacionados ao nível de ruído e a reverberação do ambiente, assim como o ruído de fundo e distância da fonte sonora. A reverberação no ambiente das salas de aula ocorre quando a voz do professor reflete continuamente nas paredes da sala, ocorrendo uma sobreposição dos sons, interferindo na inteligibilidade de fala, causando maior esforço cognitivo (atenção, voz, entre outros), assim como interferir na qualidade do aprendizado (LOPES; FERNANDES, 2006) (7) e, consequente, sobrecarga dos profissionais.

Vegetação e conforto acústico

Em conformidade com Duarte e Michalski (2017) (9), folhagens sobretudo a diferentes alturas, pequenos ramos e arbustos absorvem o som, ou seja, amortecem o ruído. Troncos, ramos grandes e folhagem densa espalham o som, ou seja, a vegetação pode contribuir para a absorção e atenuação do som. As plantas absorvem mais os sons de alta frequência que os de baixa frequência e isso é vantajoso, pois os sons mais prejudiciais são os de alta frequência. A atenuação do som ocorre pela combinação de vegetação e massa construída, ou seja, funcionando como barreira vegetal psicoacústica- escondendo visualmente a fonte de ruídos, surgirá redução da sensação de incómodo sonoro (BOTARI, TAKEDA, 2013) (10).

Para além disso, a vegetação pode contribuir para a redução das despesas associadas ao desconforto térmico dos edifícios e potenciar o enquadramento estético. Nesta temática, diferentes estudos (11) (12) realçam a importância da busca por maior sustentabilidade e o potencial da arborização como ferramenta para tal, considerando que as árvores e as áreas verdes contribuem com a qualidade das cidades em vários aspectos como com relação à absorção dos sons indesejáveis/redução do ruído, assim como controlo da temperatura (13).

Atenuação sonora

A atenuação máxima de um cinturão de vegetação é de aproximadamente 10 dB (DE OLIVEIRA et al., 2018) (14).

Segundo Sapata (2010) (15) a propagação sonora ocorre em diversos meios. A propagação ao ar livre envolve, normalmente, três componentes: fonte sonora, trajetória de transmissão e receptor. O nível sonoro é atenuado à medida que o som se propaga, entre a fonte e o receptor, ao longo da trajetória. A propagação do som ao ar livre é afetada pela atenuação sonora ao longo do caminho de transmissão, conforme pode ser observada na Figura 1.

Para Bistafa (2011) (16), o nível sonoro também se reduz com a distância, à medida que nos afastamos da fonte. A absorção sonora do ar atmosférico atenua o som ao longo de sua trajetória. Reflexões no solo interferem diretamente na intensidade sonora, causando atenuação ou, menos frequentemente, amplificação. O espelhamento do som na copa de árvore pode reduzir a eficácia das barreiras. Gradientes verticais de vento e de temperatura refratam (“curvam”) as trajetórias sonoras para cima e para baixo, gerando regiões de “sombra” acústica, alterando a interferência com o solo e modificando a efetividade das barreiras.

Figura 1 Mecanismos mais significativos da atenuação sonora ao ar livre (Fonte: Anderson e Kurze, 1971) 

Por sua vez Duarte e Michalski (2017) (17) publicaram que existem várias formas de mecanismos para atenuação do som ao ar livre, nomeadamente através da distância percorrida (fonte-receptor), vegetação e outras barreiras acústicas (18).

É geralmente necessário pelo menos dez metros de densa vegetação para que se observe uma redução de 1 dB(A). Adicionalmente, o som do movimento das folhagens pela ação de ventos e o som de animais nas árvores são geralmente considerados agradáveis, além de que mascaram parcialmente os sons incómodos (17).

Autores (16-19) referiram que a vegetação densa (cinturão verde), posicionada entre a fonte sonora e o receptor, funciona como uma barreira acústica vazada, capaz de atenuar o ruído, por meio da absorção e espalhamento do som.

O pátio escolar deve ser agradável e permitir o conforto e bem-estar aos educadores e educandos. De acordo com Cardoso, Fedrizzi e Tomazini (2004) (20), o planejamento do uso da vegetação nos pátios escolares é de suma importância para tornar o ambiente escolar mais atrativo e prazeroso, uma vez que influenciará na melhoria da qualidade do ambiente escolar, minimizando os riscos à saúde dos educadores e estudantes, visto que possui função estética, conforto térmico e acústico.

OBJETIVOS

Mensurar os níveis de pressão sonora do pátio escolar, assim como a existência de massas arbóreas nessa estrutura e nas proximidades, além de averiguar se há contribuição da massa arbórea para o conforto acústico.

MATERIAIS E MÉTODOS

A área de estudo é um pátio escolar localizado no município de Presidente Venceslau, cidade do interior do Estado de São Paulo, Brasil. A circundar a escola existem edifícios residenciais, comerciais e a nível de prestação de serviços, como observado na Figura 2.

Figura 2 Escola central no município de Presidente Venceslau - SP (Fonte: Google Earth, 2019) 

O pátio apresenta 11,40m x 9,25m de dimensão. A colheita de dados foi realizada considerando-se a implantação do edifício, forma e disposição e os materiais aplicados; as aberturas foram realizados em agosto de 2019 em que foi realizado o levantamento físico (estruturação da planta baixa) do edifício escolar em análise, identificando o local do pátio e horário crítico de ruído. A planta pode ser observada na Figura 3.

Figura 3 Planta baixa do pátio da escola em estudo - Sem escala (Fonte: Autora, 2019) 

Quantificação dos níveis de pressão sonora

A mensuração dos níveis de pressão sonora foi realizada no pátio escolar em outubro de 2019, em horário crítico (às 09h30 minutos). Este horário foi definido, uma vez que havia recreio para parte das turmas, enquanto outros alunos e educadores continuavam em atividades de ensino. Foram mensurados três pontos estabelecidos, considerando possíveis interferências que afetassem a qualidade do som. Foram escolhidos os pontos abaixo indicados na figura 3, ou seja, na escola e para o lado da rua em frente à escola. Numa posição intermédia determinou-se mais um ponto (em frente ao edifício que contém a parte administrativa da escola), tal como ilustrado pela Figura 4.

Figura 4 Três pontos para medição do ruído no pátio da escola em estudo (Fonte: Autora, 2019) 

A medição seguiu as recomendações da Norma Regulamentadora ANSI S12.60, por meio do equipamento sonómetro marca Instrutherm DEC- 5050, comparada com as Normas NBR 10.151 e NBR 10.152, que estabelecem o nível de ruído compatível com o conforto acústico em áreas habitadas e em diversos ambientes. Os medidores foram calibrados para filtro de ponderação A, com valor em dB(A), com o circuito de resposta em fast para captar o nível de ruído externo, podendo ser obtidas respostas entre 80 a 130 dB, foram observados os valores obtidos em trinta medições, nos três pontos de coleta. Ou seja, nos três pontos foram realizadas trinta medições em cada, espaçadas de dez segundos, conforme o manual de medição e cálculo das condições acústicas. As medições foram efetuadas a 1,2 metros acima do solo e 1,5 metros de paredes.

Levantamentos de massas arbóreas existentes nos pátios escolares e nas proximidade

No dia 25 de outubro de 2019 foi realizado o levantamento arbóreo. A identificação das espécies foi feita por meio do nome popular e foram realizados os registros fotográficos para catalogação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Caracterização da área de estudo

Próximo ao pátio escolar, com 105,45 m2, encontra-se a parte administrativa da escola, nomeadamente: sala dos professores, sala da direção e coordenação, secretaria e portaria. No período da manhã, circulam aproximadamente 600 educandos. Sendo assim, a poluição sonora têm influência no ambiente de trabalho, também devido às alterações na compreensão da fala e esforço vocal consequente, como citado por Hans (5) e Santos, Almeida e Oliveira (21).

No levantamento de massas arbóreas, encontraram-se diversas espécies, nomeadamente Pata de Vaca, Coqueiro de Jardim, Maria Sem Vergonha, Bambuzinho de Jardim, Bromélia, Dracena, Musaenda, Copo de Leite, Trapoeraba Roxa, Samambaia, Cacto Estrela, Oranto, Coqueiro de Jardim e Pingo de Ouro.

Mensuração dos níveis de pressão sonora no interior do pátio em horários críticos

Os resultados obtidos nas 30 medições, nos três pontos de colheita de dados estão apresentados na Tabela 2.

Considera-se que o nível de ruído adequado na escola, conforme a ABNT 10.152/2000, que fixa as condições para aceitabilidade do ruído, que devam ser encontrados intensidades sonoras entre 45 dB(A) e 55 dB(A). No entanto, como observado na Tabela 2, as intensidades variaram entre 73,7 dB(A) à 88,5 dB(A), excedendo substancialmente à norma mencionada. A escola não está em conformidade, comprometendo a saúde e qualidade de vida dos profissionais, educandos, assim como o processo de ensino e aprendizagem. Considerando a norma, o ambiente é insalubre e as condições acústicas poderão causar doenças relacionadas ao trabalhos, como as perdas auditivas ou distúrbios vocais, além de insónia e zumbido.

Tabela 2 Aferição dos níveis de ruído do pátio escolar 

Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3
P1 PO FA FA% P1 PO FA FA% P1 PO FA FA%
1 75,9 3 3 10,00% 1 74,5 2 2 6,6% 1 74,4 1 1 3,3%
2 77,3 1 4 13,30% 2 78,5 1 3 9,9% 2 76,7 1 2 6,6%
3 78,8 1 5 16,60% 3 73,7 1 4 13,3% 3 76,1 3 5 16,6%
4 76,9 1 6 20,00% 4 78,1 1 5 16,6% 4 76,1
5 76 2 8 26,60% 5 77,2 1 6 20,0% 5 77,0 1 6 20,0%
6 74,5 1 9 30,00% 6 75,8 1 7 23,3% 6 75,5 2 8 26,6%
7 79,6 1 10 33,30% 7 78,7 1 8 26,6% 7 74,9 2 10 33,3%
8 75,9 8 76,0 1 9 30,0% 8 74,9
9 76 9 88,5 1 10 33,3% 9 76,2 1 11 36,6%
10 75,9 10 75,4 1 11 36,6% 10 73,1 1 12 40,0%
11 79,3 1 11 36,60% 11 80,9 1 12 40,0% 11 75,5
12 84,8 1 12 40,00% 12 80,5 1 13 43,3% 12 79,1 1 13 43,4%
13 80,7 1 13 43,30% 13 82,7 1 14 46,6% 13 80,9 1 14 46,6%
14 82,8 1 14 46,60% 14 80,7 2 16 53,3% 14 80,2 1 15 50,0%
15 81,3 1 15 50,00% 15 80,3 1 17 56,6% 15 77,5 1 16 53,3%
16 78,5 1 16 53,40% 16 82,7 1 18 60,0% 16 76,8 1 17 56,6%
17 82,1 1 17 56,60% 17 80,0 1 19 63,3% 17 78,9 1 18 60,0%
18 81,7 3 20 66,60% 18 80,2 1 20 66,6% 18 79,6 1 19 63,6%
19 70,4 1 21 70,00% 19 80,4 1 21 70,0% 19 80,6 1 20 66,6%
20 72,6 1 22 73,30% 20 79,4 1 22 73,3% 20 78,2 1 21 70,0%
21 73,4 1 23 76,70% 21 79,3 1 23 76,6% 21 69,2 1 22 73,3%
22 73,9 1 24 80,00% 22 70,6 1 24 80,0% 22 78,7 1 23 76,6%
23 79,5 1 25 83,30% 23 68,4 1 25 83,3% 23 70,2 1 24 80,0%
24 73,2 1 26 86,60% 24 74,5 24 73,2 2 26 86,6%
25 79 1 27 90,00% 25 78,0 2 27 90,0% 25 83,9 1 27 90,0%
26 88,9 1 28 93,30% 26 78,0 26 73,2
27 80,9 1 29 96,60% 27 76,1 1 28 93,3% 27 76,1
28 81,7 28 75,8 2 30 100,0% 28 79,5 1 28 93,3%
29 81,7 29 75,8 29 72,6 1 29 96,6%
30 82,2 1 30 100,00% 30 80,7 30 71,9 1 30 100%
L10 75,9 L10 78,5 L10 76,1
L90 79,0 L90 78,0 L90 83,9
77,55 78,25 80,61

Fonte: Autora, 2019.

CONCLUSÃO

A arborização existente no pátio escolar em estudo não é suficientemente eficaz por não ter sido levada em consideração a distância mínima necessária, como também as espécies das árvores não são adequadas por possuírem troncos finos e frágeis e as copas da arborização não terem tamanhos e formas adequadas; contudo é possível notar que a quantidade das árvores de médio e grande porte é mínima e a maior parte é constituída por arbustos. Sugerem-se análise detalhada associada à melhoria do posicionamento e qualidade da arborização presente no local e implantação do projeto de arborização conforme a necessidade do local.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 Oliveira D, Biondi D, Batista C, Reis R, Nesi J. Atenuação do Ruído de Tráfego de Vias Urbanas pela Vegetação em Curitiba- Paraná, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. 2018. 13(2): 13-26. DOI: 10.5380/revsbau.v13i2.63655. [ Links ]

2 CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Ministério do Meio Ambiente, 1986. [ Links ]

3 Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10152. Níveis de ruído para conforto acústico-procedimentos. Rio de Janeiro. 1987. [ Links ]

4 Lopes A, Fernandes J. Exposição e Medidas de Proteção Auditiva Coletiva no Trabalho: Ruído. In: Lopes A, Gonçalves C, Andrade W (org.) Fonoaudiologia e Saúde Auditiva do Trabalhador. Ribeirão Preto: Editora BOOKTOY, 2019, 5, 87-98. [ Links ]

5 Hans F. Avaliação de ruído em escolas. Rio Grande do Sul: UFRSPROMEC, 2001. [ Links ]

6 Acoustical Society of America. ANSI S12.60-2010: acoustical performance criteria, design requirements, and guidelines for schools, part 1: permanent schools [Internet]. New York: American National Standard; 2010 [citado em 2018 maio 4]. Disponível em: https://successforkidswithhearingloss.com/wp-content/uploads/2012/01/ANSI-ASA_S12.60-2010_PART_1_with_2011_sponsor_page.pdfLinks ]

7 Lopes A, Fernandes J. Acústica da sala de aula. Considerações sobre a deficiência auditiva. In: Genaro K. et al. (Orgs). O processo de comunicação: contribuição para a formação de professores na inclusão de indivíduos com necessidades educacionais especiais. 2006. São José dos Campos. Ed Pulso, 288. ISBN 9788589892414. [ Links ]

8 Nábĕlek A, Nábĕlek I. A acústica da sala e a percepção da fala. In: katz J. Tratado de audiologia clínica. 1999. Ed Manole. São Paulo, 4 edição, 41, 617-630. [ Links ]

9 Hirashima S, Assis E. Percepção sonora e conforto acústico em espaços urbanos do município de Belo Horizonte, MG. Ambiente Construído, Porto Alegre. 2017. 17(1): 7-22. 2017. ISSN 1678-8621.http://dx.doi.org/10.1590/s1678-86212017000100120Links ]

10 Botari A, Botari J, Takeda I, Takeda A. Barreiras Termo Acústicas vegetais em espaços públicos abertos- O caso das praças do município de Umuarama- PR. 2013. Portugal: XIII Safety, Health and Environment World Congress. [ Links ]

11 Zorzi L, Grigoletti G. Contribuições da arborização para o conforto ambiental e a eficiência energética urbana. 2016. Revista de Arquitetura IMED, 5(2): 75-84. https://doi.org/10.18256/2318-1109/arqimed.v5n2p75-84Links ]

12 Lima V, Amorim M. A importância das áreas verdes para a qualidade ambiental das cidades. Presidente Prudente, 2006. Disponível em: < https://revista.fct.unesp.br/index.php/formacao/article/viewFile/835/849>. Acessado em Nov. 2019. [ Links ]

13 Amplitude Acústica. Usando a natureza como aliada para diminuir a poluição sonora. 2016. Disponível em: <https://amplitudeacustica.com.br/usando-a-natureza-como-aliada-para-diminuir-a-poluicao-sonora/>. Acessado em Nov/2019. [ Links ]

14 Oliveira J, Biondi D, Batista A, Reis A, Nesi J. Atenuação do Ruído de Tráfego de Vias Urbanas pela Vegetação em Curitiba- Paraná, Brasil. 2018. Revista Revsbau, 13(2): 13-26. [ Links ]

15 Sapata A. Aspectos da modelagem computacional para análise dos impactos do ruído de tráfego na avenida Horácio Racanello da cidade de Maringá - PR. 2010, 120. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana). Universidade Estadual de Maringá. Disponível em: http://www.peu.uem.br/Dissertacoes/Ana.pdfLinks ]

16 Bistafa S. Acústica Aplicada ao Controle do Ruído. 2011. Ed Blucher, 384. ISBN: 9788521205814. [ Links ]

17 Duarte D, Michalski R. Conforto ambiental em espaços urbanos abertos efeitos da vegetação na acústica urbana. 2017. São Paulo: Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Tecnologia da Arquitetura. [ Links ]

18 Gerges S. Ruído: fundamentos e controle. 1992. 1 edição. Florianópolis: NR Consultoria e Treinamento. [ Links ]

19 Guilherme P. Exposição da população ao ruído: considerações para a cidade de Sinop-MT. 2018. Dissertação de Mestrado. Universidade de Cuiabá Departamento de Ciências Ambientais. [ Links ]

20 Cardoso L, Fedrizzi B, Tomasini S. Percepção da vegetação no pátio escolar. 2004. São Paulo: l Conferência Latino-americana e construção sustentável e X Encontro nacional de tecnologia do ambiente construído. [ Links ]

21 Santos M, Almeida A, Oliveira T. Profissionais a exercer em Call Center: principais Fatores de Risco e Riscos Laborais, Doenças Profissionais associadas e medidas de Proteção recomendadas. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional. 2018, 5: S50-S62. DOI: 10.31252/RPSO.01.04.2018 [ Links ]

Recebido: 30 de Setembro de 2021; Aceito: 10 de Novembro de 2021; Publicado: 13 de Novembro de 2021

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado.