A síndrome da artéria mesentérica superior (AMS) é uma causa rara de oclusão intestinal alta. Corresponde à compressão da terceira porção do duodeno (D3) pela AMS, motivada pela perda do tecido adiposo mesentérico no ângulo formado pela aorta e MAS.1,2 O principal fator de risco é a perda ponderal acentuada, por patologia médica ou psiquiátrica.2,3
Apresentamos o caso de um homem de 59 anos, com antecedentes de depressão major medicado que recorreu ao serviço de urgência por dor abdominal, náuseas e vómitos com 3 dias de evolução. À observação apresentava-se caquético (índice de massa corporal 17 kg/m2), abdómen distendido e doloroso à palpação. Analiticamente, creatinina 4,6 mg/dL; ureia 98 mg/dL; glicémia 440 mg/dL; PCR 1,5 mgdL; acidose metabólica com hiperlactacidémia 10 mmol/L; sem outras alterações. A tomografia computorizada (TC) abdominal mostrou marcada distensão gastroduodenal e redução do ângulo entre a AMS e aorta, resultando na compressão de D3 (Fig.s 1 e 2). Foi colocada sonda nasogástrica para descompressão gástrica. A endoscopia digestiva alta identificou estase gástrica e estenose ultrapassável na transição do bulbo para D2. Reiniciou dieta entérica líquida após correção hidroeletrolítica com progressão consoante tolerância alimentar. Verificou-se melhoria clínica e analítica progressiva.
A clínica é inespecífica, pelo que o diagnóstico exige uma elevada suspeição. Exames de imagem, particularmente TC e ressonância magnética, permitem uma avaliação detalhada do abdómen e são o pilar do diagnóstico atualmente.1,4 A terapêutica inclui suporte nutricional, descompressão gástrica e correção de alterações hidroeletrolíticas.2 O tratamento cirúrgico está reservado para casos refratários.1