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Revista Portuguesa de Enfermagem de Reabilitação

Print version ISSN 2184-965XOn-line version ISSN 2184-3023

RPER vol.2 no.1 Silvalde June 2019

 

Editorial

EDITORIAL / ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO: FUNDAMENTOS E APLICAÇÕES EM ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO

MARIA MANUELA MARTINS1 

LUIS SOUSA2 

1Professor Coordenadora da Escola Superior de Enfermagem. Membro do Grupo de Investigação - NursID: Inovação e Desenvolvimento em Enfermagem – CINTESIS - center for health technology and services research – FMUP. Professora no Mestrado de Enfermagem de Reabilitação, Coordenadora do Mestrado de Direção e Chefia dos Serviços de Enfermagem. Membro da Comissão Ciêntifica do Doutoramento em Ciências de Enfermagem da UP.

2Professor adjunto na Escola Superior de Enfermagem S. João de Deus, Universidade de Évora, Portugal


Editorial

No momento de apresentar um novo número da revista deparamo-nos com a necessidade de contextualizar a temática pelo que convidados um dos membros da comissão editoral a fazê-lo de forma a explicar a aproximação da temática “atividade física” ao conhecimento teórico e prático de enfermagem.

Selecionamos artigos que percorressem o tema da atividade física com especificidades relacionadas com o desenvolvimento humano, mas também com particularidades de saúde e de programas. Trazemos ainda para a leitura, várias metodologias de pesquisa e de aprofundamento do conhecimento sobre a matéria.

Acreditamos que é uma das áreas de cuidados de enfermagem que, embora faça parte das práticas diárias nos vários contextos, não tem emergido em publicações que representem a carga de trabalho desenvolvido pelos Enfermeiros de Reabilitação.

As intervenções dos Enfermeiros de Reabilitação, em torno da atividade física, revestem-se de particularidades de saberes de áreas afins, mas incorporam o conhecimento específico de enfermagem, pelo que consideramos que os enfermeiros de reabilitação têm competências especificas para intervir nesta área de forma a acrescentar valor à saúde das pessoas, durante o ciclo de vida e nos processos de doença.

Para melhor justificar a importância da atividade física no trabalho dos Enfermeiros de Reabilitação o Professor Doutor Luís Sousa desenvolveu um resumo de introdução à temática.

Atividade Física e Exercício Físico: fundamentos e aplicações em enfermagem de reabilitação

Os modelos de enfermagem onde a atividade física e o exercício físico se enquadram enquanto focos e intervenções de enfermagem são Roper, Logan e Tierney (1995), e o de Orem (2001). A atividade física e o exercício físico estão atualmente regulamentados em duas competências, definidas pela mesa do colégio de enfermagem de reabilitação da Ordem dos Enfermeiros, especificamente, J2.1.2 - Realiza treinos específicos de AVD’s, nomeadamente utilizando produtos de apoio (ajudas técnicas e dispositivos de compensação), assim como os treinos inerentes à atividade e exercício físico e J3.1.3 - Ensina, instrui e treina sobre técnicas e tecnologias (incluindo a atividade e o exercício físico) a utilizar para maximizar o desempenho a nível motor, cardíaco e respiratório, tendo em conta os objetivos individuais da pessoa e o seu projeto de saúde.

O exercício físico está definido na Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE) versão 2011 como a realização do trabalho físico e voluntário dos sistemas musculosquelético e respiratório para a melhoria da forma física, mobilidade e força. E a intolerância à atividade como um status comprometido: falta de capacidade ou energia para tolerar ou completar atividades.

A CIPE versão 2015 apresenta neste âmbito os seguintes diagnósticos/resultados: Adesão ao regime de exercício; Padrão de exercício comprometido; Atitude face ao regime de exercício dificultadora; Capacidade para gerir regime de exercício comprometida; Conhecimento sobre exercício; Conhecimento sobre terapia física; Conhecimento sobre regime de exercício; Intolerância à atividade; Risco de intolerância à atividade; Tolerância à atividade efetiva.

Como intervenções CIPE versão 2015 apresenta: Avaliar evolução da resposta psicossocial à instrução sobre exercício; Avaliar conhecimento sobre terapia física; Avaliar padrão de exercício; Avaliar tolerância à atividade; Monitorizar tolerância à atividade; Ensinar como aumentar a tolerância à atividade; Aumentar a tolerância à atividade; Promover adesão ao regime de exercício; Promover exercício; Promover mobilidade física; Reforçar regime de terapia física e Reforçar técnica de exercício muscular ou articular. E por último estão previstos os seguintes recursos: Técnica de exercício muscular ou articular e Terapia pela atividade.

O exercício terapêutico de acordo com Kisner Colby e Borstad (2017), é caracterizado pelo desempenho sistemático e planeado de movimentos físicos, posturas ou atividades destinadas a fornecer ao doente / cliente os meios para: atenuar ou prevenir deficiências de funções e estruturas do corpo; restaurar ou melhorar a atividade e a participação; prevenir ou reduzir os fatores de risco relacionados com a saúde; otimizar a saúde geral e sensação de bem-estar.

As recomendações na prescrição do exercício físico alicerçam-se nos seguintes critérios: Modalidade/ tipo de exercício, intensidade, volume, ordem dos exercícios, duração, frequência e progressão.

Segundo Kisner Colby e Borstad (2017), ao planear o exercício físico tem de se ter em consideração as várias dimensões da função física nomeadamente, desempenho muscular, resistência cardiovascular, mobilidade/flexibilidade, controlo neuromuscular/coordenação, estabilidade e equilíbrio corporal.

Piercy e colaboradores em 2018 referem como benefícios da atividade física e do exercício físico em crianças e adolescentes são: melhoria da saúde óssea (entre 3 e 17 anos); melhoria do peso (idades de 3 a 17 anos); melhoria da aptidão cardiorrespiratória e muscular (idades de 6 a 17 anos); melhoria da saúde cardiometabólica (entre 6 e 17 anos); melhoria da Cognição (idades de 6 a 13 anos); redução do risco de depressão (entre 6 e 13 anos).

A literatura científica (Novo e Paz em 2012; Meneses-Echávez e colaboradores em 2015; Piercy e colaboradores em 2018) refere que em adultos e idosos os benefícios são: menor risco de mortalidade por todas as causas; menor risco de mortalidade por doença cardiovascular; menor risco de doença cardiovascular; menor risco de hipertensão; menor risco de diabetes tipo 1 e 2, com melhoria da sensibilidade à insulina; menor risco de perfil lipídico sanguíneo adverso; menor risco de cancro da bexiga, mama, cólon, endométrio, esôfago, rim, pulmão e estômago; redução da fadiga relaciona com o cancro da mama, melhoria da qualidade de vida e da função física após cancro; melhoria da cognição; risco reduzido de demência (incluindo doença de Alzheimer); melhor qualidade de vida; redução da ansiedade; redução do risco de depressão; melhoria do Sono; redução do peso quando combinada com uma ingestão calórica reduzida; melhoria da saúde óssea; melhoria da função física, menor risco de quedas (idosos); menor risco de lesões relacionadas a quedas (idosos).

Deverão ser utilizadas as estratégias mais apropriadas para aumentar a atividade física assim como do exercício físico (tipo, frequência, intensidade, duração), além disso, estas estratégias terão de ser adaptadas de acordo com as capacidades, necessidades e desejos das pessoas.

Em síntese, os enfermeiros especialistas em enfermagem de reabilitação têm competências e são detentores de conhecimento científico que lhes permite prescrever exercício físico em populações especiais, contribuindo assim para a melhorias dos seus resultados em saúde, no âmbito da atividade física e do exercício físico.

Prof. Doutora Maria Manuela Martins
Professora Coordenadora da Escola Superior de Enfermagem. Membro do Grupo de Investigação - NursID: Inovação e Desenvolvimento em Enfermagem - CINTESIS - center for health technology and services research - FMUP. Professora no Mestrado de Enfermagem de Reabilitação, Coordenadora do Mestrado de Direção e Chefia dos Serviços de Enfermagem. Membro da Comissão Ciêntifica do Doutoramento em Ciências de Enfermagem da UP. Prof. Doutor Luis Sousa
Professor adjunto na Escola Superior de Enfermagem S. João de Deus, Universidade de Évora, Portugal

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