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New Trends in Qualitative Research

versão On-line ISSN 2184-7770

NTQR vol.12  Oliveira de Azeméis ago. 2022  Epub 25-Ago-2022

https://doi.org/10.36367/ntqr.12.2022.e634 

Artigo Original

Comunicação com estudantes de educação superior no Brasil em

situação pandêmica

Communication with higher education students in Brazil in a pandemic situation

Maria Angélica de Moura Bueno1 
http://orcid.org/0000-0002-4185-6070

Maria Rita de Assis Cesar1 
http://orcid.org/0000-0002-5843-2899

1 Universidade Federal do Paraná-UFPR, Brasil


Resumo:

Este artigo explora a experiência qualitativa em uma universidade pública do sul do Brasil por meio da realização de projeto de extensão em Pró-reitoria de Assistência Estudantil com a identificação de indicadores psicossociais de estudantes de educação superior no Brasil e intervenções correlatas. Durante a situação de pandemia mundial, objetivamos descrever a vivência com estudantes ingressantes, denominados IN, no espaço comunitário como metodologia qualitativa de comunicação em fortalecimento do estudante de educação superior pública no território institucional. Destaque ao Território concebido como fortalecimento da subjetividade estudantil e construção de ações acadêmicas institucionais. A metodologia de comunicação seguiu realização de Oficinas grupais IN de forma on-line/virtual pela sistematização de envio de Convites aos estudantes INgressos pelo aplicativo Teams (office 365) com explicações sobre objetivo, metodologia e público alvo. As Oficinas IN ocorrem desde surgimento da pandemia de COVID-19, obtendo resultados de ativa participação em 2021. Obteve-se com estudantes Ingressantes, a devolução de preenchimento de Formulário com 491 participantes e com 67 estudantes nas Oficinas IN semanais. As conclusões apontam ao favorecimento da comunicação entre os estudantes INgressantes em momentos de trocas na construção de ideários sobre presença na universidade pelos formulários entregues virtualmente e pela participação nos encontros IN virtuais. Igualmente, se relaciona a criação do e-mail institucional próprio in@ufpr.br e conta na rede social Instagram @in.ufpr como canais fundamentais de comunicação em publicações semanais de divulgação, objetivos e convite às oficinas on-line. Este artigo, portanto, explora a dimensão da comunicação sócioemocional estudantil na minimização da evasão e permanência universitária, em especial, de grupos sociais vulneráveis, visando garantia de responsabilidade institucional.

Palavras-chave: Comunicação; Estudantes; Educação superior; Brasil; Pandemia.

Abstract:

This article explores the qualitative experience in a public university in the south of Brazil through the implementation of an extension project in the Dean of Student Assistance with the identification of psychosocial indicators of higher education students in Brazil and related interventions. During the world pandemic situation, we aimed to describe the experience with incoming students, called IN, in the community space as a qualitative methodology of communication to strengthen the public higher education student in the institutional territory. Emphasis is given to the Territory conceived as strengthening student subjectivity and building institutional academic actions. The communication methodology followed the realization of IN group workshops in an online/virtual way by the systematization of sending Invitations to INgress students through the Teams application (office 365) with explanations about the objective, methodology and target audience. The IN Workshops have been taking place since the emergence of the COVID-19 pandemic, obtaining active participation results in 2021. The return of filling in the Form was obtained with 491 participants and with 67 students in the weekly IN Workshops. The conclusions point to the favoring of communication between the INgressing students in moments of exchanges in the construction of ideas about presence at the university by the forms delivered virtually and by the participation in virtual IN meetings. Likewise, the creation of the institutional e-mail in@ufpr.br and account on the social network Instagram @in. ufpr is related as fundamental channels of communication in weekly publications of dissemination, objectives and invitation to online workshops. This article, therefore, explores the dimension of student social-emotional communication in minimizing university dropout and permanence, especially for vulnerable social groups, aiming to guarantee institutional responsibility.

Keywords: Communication; Students; College education; Brazil; Pandemic.

1.Comunicação do Estudante da Educação superior em tempos de Pandemia

Este artigo tem por objetivo enfatizar necessidade de processo comunicacional on-line com estudantes de graduação de uma universidade brasileira pública do estado do Paraná (PR) numa situação emergencial de saúde com instauração da pandemia global desde 2020. Assim, no decorrer de 2021, em decorrência da pandemia da SARS-COVID-19, manteve-se a programação de Oficinas virtuais que passaram a ser desenvolvidas de modo remoto, observando-se a potência da construção também de redes sociais de suporte virtual. Uma nova potência de troca e diálogo entre os presentes, bem como vinculação com a equipe do Projeto e assimilação do engajamento acadêmico intragrupal e institucional ora vigente. Os estudantes são ingressantes, denominados IN numa universidade do sul do Brasil em Pró-reitoria de Assistência Estudantil em conexão com Pró-reitoria da Graduação voltada ao público da Educação superior. A partir dos dados analisados, percebemos que o engajamento é um contributo não só para o ingresso, mas também para a permanência nas universidades, neste caso, na esfera pública. Nesse sentido, compreender o impacto da comunicação com estudantes ingressos na universidade é trilhar o engajamento acadêmico sob a perspectiva dos estudantes. É reconhecer que essa voz importa e pode ser um ponto de partida para que sejam desenvolvidas estratégias políticas, institucionais e educacionais de acolhimento e fortalecimento do território estudantil na Educação superior pública. O Projeto de Extensão Território ecológico do estudante ingresso numa universitária pública federal, veiculado institucionalmente como Projeto IN, surge a partir da necessidade de explorar elementos de vulnerabilidade sócioemocional de permanência dos estudantes ingressos, considerando condições psicossociais e redes de apoio da realidade conhecida. Na proposta de identificação do território ecológico da comunidade universitária federal pública pode-se ter compreensão dos impasses envolvendo a comunidade discente no momento de ingresso à universidade dentre bacharelados, licenciaturas e tecnólogos. O espaço foi também aproveitado para fazer divulgação das redes sociais e canais de contato do projeto IN, bem como o convite aos estudantes calouros daquele curso para integrar as atividades oferecidas pelo Projeto. A importância do Projeto IN, em causa, vai além da assistência ao sofrimento psíquico, abrindo perspectivas de contínua pesquisa sobre o impacto que a teleassistência pode causar. Podemos verificar se ela é efetiva, qual o melhor modelo, checar se funciona bem por vídeo e por telefone. Isso permite que coletemos mais informações e dados sobre esse tipo de abordagem, um material que está sendo usado por pessoas no país inteiro para auxiliar indivíduos com problemas de saúde mental, como a ansiedade, irritabilidade e depressão. Apontamos a importância que o início de uma trajetória de vida profissional é um dos períodos mais desafiadores pelo alcance no impacto da memória e da variedade de desafios que podem surgir nesse caminho. Quando estamos a pensar e refletir sobre nossa vida, o tempo de existência muitas ideias e questões aparecem. Proporciona compreensão de sinais de vulnerabilidade emocional discente e garantia de responsabilidade institucional com relação à permanência, evasão e na conclusão dos cursos pelos estudantes universitários em passagem pela universidade. Considera-se como vital o conhecimento dos indicadores de necessidades advindas de proveniência cultural e percepção de integração da comunidade estudantil integrada ao meio urbano da cidade. Porisso, falamos doravante em território ecológico como um modo de estabelecermos comunicação e conexão com vocês, estudantes. Ao debatermos sobre o Estar nesta comunidade universitária nos deparamos com o que pode significar Ser no mundo. Afinal, o que significa Comunicar-se no espaço e tempo social almejando-se Ser Acolhido? A perspectiva é como o senso de pertencimento, sentir que faz parte desse universo múltiplo, diversificado e propositivo da universidade em ser democrático na inserção social universitária. Sabemos que a etapa de formação universitária exige uma série de atividades dos estudantes, havendo necessidade de condições mínimas na problematização das dificuldades visando uma formação humana e profissional com coerência. É considerado de extrema importância conferir ao jovem universitário, nos dias de hoje, a idéia de que deva buscar sua participação na vida acadêmica dentro de uma realidade social, dinâmica e participativa, baseado num referencial teórico-metodológico e científico. Assim sendo, quando o jovem tem a possibilidade de estudar, esse processo representa sua oportunidade para transformação, passando a ver os estudos como requisito básico de ascensão pessoal e profissional.

2.Oficina IN em metodologia de comunicação de conexão com estudantes da Educação superior pública

Ao ingressar na Universidade o estudante se depara com um ambiente novo e de mudança, sendo provável que desconheça grande parte das questões históricas e técnicas relacionadas à identidade da instituição. Esse desconhecimento faz com que nem sempre o universo que os espera seja acolhedor ou que atinja seu objetivo enquanto curso ou trajetória no ensino superior escolhido. Na metodologia qualitativa em questão, concebemos o surgimento e ocorrência de aspectos comunicacionais de relevância mediante estabelecimento de contatos contínuos on-line com estudantes de ensino superior, sendo oportunizados de maneira total e não restrita em torno de envolvimento dos indivíduos. Verificamos assim, a premência de planejamento geral ocorrer desde a chamada institucional por meio do e-mail próprio institucional @Instagram em processo comunicacional on-line. Assim, concebe-se relações interativas, não lineares, em perspectiva de atores sociais, ou seja (…) “nesse caso, recorrendo ao método da pesquisa-ação como remédio aos atores sociais, como intervenção, na procura de encontrar a racionalidade da causa, colocando como efeito uma metodologia estruturada de uma pedagogia fundamentada no estímulo da expressão individual na tomada de decisões.” (Santos, 2018, p. 272) Isto significa que é criada uma atmosfera de reflexão grupal, não só em torno de questões gerais do grupo. Oficina como um método de intervenção psicossocial que articula pesquisa e ação social pode contribuir, nesse sentido, para a produção de novos conhecimentos. Não tomamos as fases do grupo como processos estanques e, sim, como um processo dialético, no qual a dinâmica das relações precisa ser analisada de maneira articulada ao contexto e às instituições de onde emergem. Podemos dizer que a imersão nos horizontes e meios existentes na Educação no ensino superior caracteriza abrangência e correlações de diversas ordens, apontado por Sidi (2017). “Levando-se em conta que as investigações em educação, muitas vezes abrangem questões complexas e multifacetadas, que exigem uma imersão no campo a ser pesquisado com um contato direto com os participantes.” (Sidi, 2017, p.1947) Neste sentido, os estudantes integrantes no processo comunicacional são convidados a discutir também suas vivências grupais relacionadas à própria maneira de pensar, agir e elaborar significados afetivos. A partir desse momento de elaboração, inicia-se um processo onde a comunidade estudantil estará mais consciente na sua condição de grupo-atuante, buscando comunicação, conscientização e mobilização de suas condições de vida na situação pandêmica nacional e mundial vivenciada. Para a produção dos dados sócio-históricos das realidades psicossociais, enviamos aos estudantes INgressantes no ensino superior em uma universidade no sul do Brasil, um Formulário on-line com 491 estudantes e 67 estudantes de cursos de graduação em Oficinas semanais igualmente virtuais, sendo analisados através da metodologia Análise de Conteúdo. As Oficinas IN on-line com duração de 1 hora e meia em convites voluntários enviados via ferramenta Teams sob sigilo ético subjacente imperativo no contato estabelecido por escrito, havendo registro sequencial imediato via Diário de Campo. O número de investigadores envolvidos nas Oficinas IN seguiu constante atuação de 1 (uma) Psicólogo institucional enquanto mediação e manejo técnico obrigatório em cada semana e participação de 2 (dois) estudantes bolsistas extensionistas do Projeto IN desta universidade pública do sul do Brasil. As Oficinas como espaços sociais como rodas de conversa na temática específica, Ingresso de pertencimento e acolhimento, se caracterizam como ambientes de troca. Nesse ponto de vista, Afonso (2000) concebe a potência do diálogo enquanto momento singular de partilha, uma vez que pressupõe um exercício de escuta e fala. A roda de conversa como recurso metodológico coloca os participantes numa construção coletiva do saber em que a roda torna-se um dispositivo comprometido a dar voz como sujeitos da própria história; método construtivista estruturalista que considera falsa dicotomia entre subjetivismo e objetivismo, sendo inseparáveis construídas pelas pessoas, em relação.

3.Análise de Conteúdo como comunicação não linear com estudantes do ensino superior público

A riqueza das metodologias de investigação qualitativa permite uma abordagem diferenciada à experiência humana. Então, como se operou a comunicação não-linear, em situação de pandemia? Ao destacarmos algumas questões metodológicas sobre ferramentas de comunicação com estudantes no universo público do ensino superior, exploramos o Formulário on-line de preenchimento de condições psicossociais e as Oficina IN on-line realizadas por meio de convites voluntários e sob sigilo ético individual como condição de participação. É percebido que uma das consequências do seguimento dos princípios positivistas em Educação vem sendo o estudo dos fenômenos de maneira isolada, em que se promove um conhecimento unilateral, reducionista e afastado de uma conexão com a realidade viva que se impõe, de modo que uma indefinição ontológica vai sendo perpetuada. Com isso, se distancia de abarcar, na produção do saber, os processos complexos e dinâmicos da vida humana (González Rey, 2005). Enfatizamos no artigo a atividade grupal focalizada numa questão central (IN) e debate de temáticas que o grupo se propõe a elaborar em um contexto social. O objetivo geral é propiciar aos estudantes espaços de construção do conhecimento e de participação ativa em suas ações, sendo portanto, a Oficina IN, de grande alcance e visibilidade social pela não-linearidade de comunicação como pressuposto básico. A presunção verifica-se em nosso entender, mediante inferência e interpretação ir além da apresentação linear, sugere Bardin (2011, p. 137). Igualmente, apreensão de que o conhecimento se faz numa perspectiva de oposição a linearidade automática em presunção jamais imediata, encontra repercussões de destaque em seu caráter construtivo-interpretativo ao ser defendida (…) “a centralidade do diálogo no processo da pesquisa, que ressalta o caráter comunicacional-dialógico dos processos subjetivos; bem como a legitimação do singular na produção do conhecimento.” (Alcântara, 2018, p. 143) Este momento de ingresso é o que denominamos, com consideração e tentativa de aconchego, o estudante INgresso (IN). Afinal, configuramos referenciais teóricos conceituais, na qual o território possui três dimensões interconectadas, a saber, a dimensão intrapessoal de realização subjetiva pelo alcance e conexão, e igualmente, o contexto interpessoal e socioambiental, equiparando-se em igual dimensão. Assim, na metodologia da Oficina IN, a proposta psicossocial é debate de temáticas mediante fragmentos de vida e da realidade pessoal/acadêmica dos participantes. Uma relação dialógica ou roda de conversa circular mediada por profissional psicólogo em conjunto com estudantes extensionistas ancorados na participação voluntária e esclarecida quanto aos objetivos e justificativa, como condição ética essencial subjacente. O público alvo foi convite a todo estudante (IN)gresso em uma universidade de ensino superior público no Brasil, ou seja, os(as) calouros(as) dos cursos de graduação e de ensino profissionalizante. Vamos referir alguns aspectos da temática de inclusão e acolhimento atual sem pretender ser porta-voz de unanimidade conceitual e representatividade mas a de levar ao cenário que vivenciamos, o devido enfoque de problematização e contínua reflexão pela presente Análise de Conteúdo elaborada nos contatos on-line estabelecidos na situação pandêmica. Pela leitura exaustiva do material recolhido nos Formulários IN obtidos no período de Registro Acadêmico e nas Oficinas IN, ambas on-line/virtuais realizadas com diferentes grupos de estudantes Ingressos foram obtidos aspectos prioritários da comunicação estudantil na situação pandêmica vivenciada. A presente análise refere-se ao preenchimento do Formulário IN por 491 estudantes em convites individuais endereçados aos mesmos e às 67 participações on-line nas Oficinas IN enquanto presenças virtuais no processo comunicacional em período pandêmico de ensino superior na universidade pública, totalizando pois, 558 pessoas atingidas diretamente dentre 4205 estudantes INgressantes no ensino superior público em 2021. Sendo portanto, indispensável reiterar no estudo a obrigatoriedade de autorização individual nas bases informacionais de obtenção de dados como condição sine qua non para implementação dos procedimentos práticos relacionais adotados com os estudantes IN. Envolvia desse modo, o elemento de ciência e anuência de termo de consentimento livre e esclarecimento editado pelo estudante para aceite no link obtido de participação como condição ética subjacente. Equivale portanto, a ser resguardado o sigilo e proteção da Identidade dos participantes ao responder mediante concordar que os dados no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (T.C.L.E) mantinha o sigilo da identidade pessoal preservada. Autoriza as apurações obtidas nos Formulários Google Docs preenchidos on-line a cada destino (Formulários IN específicos e Oficina IN), serem utilizadas em projetos de pesquisa que visam melhoria da qualidade de vivência comunitária social e estudantil ao assinalar resposta afirmativa ou negativa preliminar. Ao priorizar elaboração qualitativa de análise as Oficinas IN, utilizou-se como material analítico os Diários de Campo em cada encontro semanal com os estudantes. As etapas da Análise de Conteúdo referiram-se aos procedimentos adotados por Bardin em leitura exaustiva dos registros compostos pelos estudantes bolsistas extensionistas a cada reunião on-line. Sendo a metodologia pois, “a Análise do Conteúdo é um conjunto de instrumentos de cunho metodológico em constante aperfeiçoamento, que se aplicam a discursos (conteúdos e continentes) extremamente diversificados.” (Bardin, 2011, p.15). Constituíram-se como possibilidades de análise e compreensão, podendo ainda ser melhor delineadas com continuidade da comunicação e relação no ambiente de ensino superior público. O detalhamento de investigação seguiu etapas processuais de encontros regulares com duração de 1 hora e meia no mínimo, seguindo abordagem interativa em sistemas metodológicos relativa à tematica Inclusão e Permanência no universo acadêmico de educação superior pública. Os cursos de veiculação convite participação atendiam conformidade de entrada regulamentar na universidade pública segundo diversidade de cursos. Como forma de desenvolvimento técnico a cada encontro, procedia-se reflexões sugeridas concernentes ao conhecimento da realidade vivenciada pelo estudante para proximidade ao campo territorial IN na educação superior em situação de pandemia regional e mundial. Os estudantes eram livres para debater assuntos diversos, como por exemplo: “Como é ser calouro?”; “Quais suas dificuldades como estudante perante a pandemia?”; “Quais suas expectativas para o futuro?”; dentre outras questões emergentes a cada grupo específico da educação superior. A partir da mediação dos encontros, destacamos dentre inúmeras possibilidades ponderadas, as seguintes categorias de análise identificadas a seguir: a. (in)certeza do tempo ; b. aspecto emocional da vida; c. contínuo aprender. Fazendo apontamentos nos Diários de campo obteve-se depoimentos dos estudantes de Terapia Ocupacional, Engenharia Civil, Psicologia, Engenharia Florestal e Tecnologia em Produção Cênica em cada uma destas categorias, ou seja, foram dados destaques a estes diálogos significativos de participação espontânea nos Diários de campo exemplificados.

(in)certeza do tempo, Estar vivenciado um novo tempo, que muda constantemente, o imprevisível. “A abordagem teve como início de diálogo o novo, a novidade dentro de uma nova rotina acometida pela universidade e de como isso nunca acaba acontecendo de maneira igual e linear.” A discente de Engenharia Civil comentou sobre esse período de adaptação e como o Ensino Remoto EaD deu a sensação de se sentir sozinha e não pertencente, que durante esse processo não se fortaleceram os laços de amizades. A sua expectativa também foi moldada de acordo com a própria estudante que citou a afinidade com os cálculos matemáticos mas que não eram suficientes para o nível superior.” *(estudantes nº 23 de Terapia Ocupacional e nº 12 de Engenharia Civil)

Concebemos que a perspectiva do tempo como existência nos proporciona movimentação do viver com prerrogativas de escolhas dentro de sociedade em contínua mutação ou transformação. Em tempo de pandemia em saúde pública, tudo se alterou, dimensionando um novo ou outro normal. Estar conectado com o que vivemos, onde o que realmente sobressai é na verdade, o sentido que damos a realidade, a interpretação psicossocial que fazemos.

aspecto emocional da vida pode dar a proporção da relação de afetar-se com a realidade, o que recebemos no cotidiano vivenciado. Enfatizar o caráter distintivo de sua inclusão como estudante calouro, nosso (IN) à comunidade universitária pública é a de levá-lo por meio da intersubjetividade e modos ou estilos de existência a considerar o movimento incessante da vida, a realidade psicossocial. O aspecto psicossocial, portanto, que opera pela extensão das peculiaridades individuais subjetivas e na área coletiva sob igual relevância, ou seja, são igualmente construídas e re- inventadas ao mesmo tempo. “Expectativa e realidade do tempo. A expectativa de entrar na universidade logo após a conclusão do ensino médio e continuar o curso ininterruptamente num tempo esperado, mas tendo como realidade, não conseguir passar no processo seletivo antes e por conta da pandemia ter interrupções no período de estudos.” *(estudantes nº 15 de Psicologia, nº 55 de Engenharia Florestal e nº 60 de Tecnologia em Produção Cênica)

Explora pois, a dinâmica subjetiva de cada um de nós, o (des)conhecimento de si no jogo incessante das relações humanas na muldiversidade cultural existente em nossa sociedade contemporânea. Identificamos o auto-conhecimento no mundo de hoje a imagem que construímos na existência social. Quanto ao contexto interativo, caracteriza a realidade que se vivencia na atualidade, a perspectiva de se sentir incluído na diversidade social no entorno, ou seja, como nossa intersubjetividade se manifesta. E o contexto geográfico planetário e inter- planetário vivifica a dimensão coletiva e científica que necessitamos ter o devido conhecimento e apropriação de suas leis e determinações gerais.

contínuo aprender ou modos de enfrentamento ou que se apresenta na interação humana. O território ecológico abrange, no nosso entender, a proposição de garantir a permanência universitária na modalidade de prevenção a saúde mental universitária, entendida como um processo de vida e de ação. Se o fundamento do conceito de Saúde é o de que ter saúde não significa estar livre de doenças, ou estar em uma condição estável de sobrevivência, mas se relaciona a uma constante possibilidade de renormatizar. O viver saudavelmente relaciona-se a criação de novas normas de vida, uma recriacão constante das formas de viver. “Tempo curto, insuficiente. Muitas coisas para fazer, dar conta e acabar acumulando. A participante de engenharia civil quando questionada em relação a quantidade de matérias, comentou que estava cursando 7 matérias e que essa quantidade era obrigatória pela grade curricular, além disso, os calouros não poderiam cancelar matérias no primeiro período, tornando isso uma “correria”. Também foi discorrido de como é o papel do aluno e até onde pode-se aguentar, o que seria possível e ideal para este aluno, de como o sistema de ensino remoto distanciam as conexões entre alunos e professores, sua interatividade. Mas também teve como ponto positivo nesse tipo de ensino, melhorias em algumas matérias, como o exemplo usado pela matéria sobre programa de computação no ensino presencial era realizado manualmente em caderno, agora possibilitou que essa matéria seja feita no próprio computador. Já a visão diante a Terapia Ocupacional, proporcionou um aprendizado mais lúdico e criativo com a utilização do Canva.” *(estudantes nº 14 de Terapia Ocupacional e nº 64 de Engenharia Civil)

A comunicação on-line se mostrou efetiva ou potencializadora de encontros de modo a absorver as diferentes percepções e enfrentamentos psicossociais existentes. “Foi nessa direção, que optamos por trabalhar nosso sujeito de pesquisa através de todas as implicações de ordem histórica, sociocultural, política, econômica e educacional, e assim, pudéssemos vivenciar uma experiência no contexto onde trabalham os atores de nossa pesquisa.” (Oliveira, 2001, p. 72) Dentre concepções filosóficas, destacamos as reflexões e debate de Canguilhem (2012) a respeito da recriação da existência ser pautada no argumento de que a saúde na vida humana é um conceito de valor e não de realidade estatística. O conceito de valor incorpora ação contínua. A essa linha de entendimento de saúde, relaciona-se o poder de agir, afirmando que saúde é um poder de ação sobre si e sobre o mundo, adquirido junto com outros. A saúde, desse ponto de vista, não é conservar-se sem modificações, mas usar das possibilidades do que se pode vir a ser para lidar com as contingências vitais. (…) “É claro que esse meio definido pela ciência é feito de leis, mas essas leis são abstrações teóricas. O ser vivo não vive entre leis, mas entre seres e acontecimentos que diversificam essas leis.” (CANGUILHEM, 2012, p.139). Assim, um sujeito saudável e normativo no sentido de que sempre que se depara com uma cristalizacão, um engessamento na forma de agir (nesse caso, de estudar), ao invés de ficar confinado ali e apenas seguir aqueles parâmetros, se permite inventar novas formas de agir, sendo capaz de seguir novas normas. O viver, então, de certa forma, criar normas, e o problema é não poder ser o sujeito das normas.

4.Considerações Finais

E então, como o Estar agrega senso de Ser em pertencimento na Permanência universitária ou ensino superior público numa situação pandêmica em curso? Enfim, sem pretender finalização do debate mas, encadeamentos contínuos de reflexão, protagonismo e intervenção psicossocial, embarcamos na proposta de que, estudantes ingresso, (IN) possam contribuir ativamente no comprometimento de toda a comunidade científica e administrativa da universidade na construção no Estar com percepção de Ser acolhido com respeito às diferenças subjetivas, inter-grupais e culturais do momento e, em especial, na configuração restritiva de distanciamento social imperativa face às consequências incertas e angustiantes da SARS/Covid-19. O Projeto (IN) desenvolve-se numa perspectiva de potência de possibilidades de ações de acolhimento aos ingressos, no sentido do pertencimento destes ao território da Universidade, potencializando que esses também os transformem. Observa-se a necessidade do desenvolvimento de ações coletivas com este público também como um elemento complementar à formação acadêmica, para além da perspectiva profissional. A concepção do papel assumido perpassa pela construção do senso de comunidade, interpretando a Universidade como um território vivo em constante dialética e encontros de subjetividades. Conecta-se com a responsabilidade das instituições de ensino em relação às condições de permanência, evasão e conclusão dos cursos universitários escolhidos. Em especial, destaca-se principalmente, criação de possibilidades de intervenção conectadas com a realidade psicossocial estudantil na Educação superior com enormes diferenças quanto a recursos tecnológicos de acesso ao ensino e aprendizagem em EaD, dada situação emergencial da Covid-19. Percebeu-se pela análise qualitativa, a fundamental importância de investigações sequenciais relativa a contextos sociais e culturais dos estudantes no sentido de discernimento das diversidades peculiares em contínuos processos comunicacionais, tanto on-line quanto face-a-face na direção de facilitar a Inclusão e Permanência dos estudantes INgressos na Educação de ensino superior público. Dessa maneira, intenta- se prevenir sintomas deletérios de comprometimento da saúde mental e riscos concretos de abandono escolar, já que “a evasão não tem uma razão unívoca, mas possui múltiplos motivos, dependendo do contexto social, cultural, político e econômico em que a instituição educacional está inserida.” (Lima, 2018, p.116)

5.Referências

Afonso, L. (2000). Oficinas em dinâmica de grupo: um método de intervenção psicossocial. (org.) Belo Horizonte: Edições do Campo Social, 151p. [ Links ]

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Recebido: 01 de Fevereiro de 2022; Aceito: 01 de Abril de 2022

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