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New Trends in Qualitative Research

versão On-line ISSN 2184-7770

NTQR vol.12  Oliveira de Azeméis ago. 2022  Epub 25-Ago-2022

https://doi.org/10.36367/ntqr.12.2022.e719 

Artigo Original

Ensino híbrido na pandemia: Análise de dados disponíveis na internet

Hybrid Teaching in the Pandemic: analysis of data available on the internet

Marcel O. dos Santos1 
http://orcid.org/0000-0001-6918-9356

Rodrigo H. Martins1 
http://orcid.org/0000-0001-5611-3045

Helena Brandão Viana1 
http://orcid.org/0000-0002-2018-202X

1UNASP, Brasil


Resumo:

Com o avanço da pandemia da COVID-19, em diversos países, inclusive no Brasil as instituições de ensino tiveram que pausar suas atividades presenciais. Novas formas de trabalho foram adotadas pelas instituições, e uma delas foi o ensino híbrido e os professores tiveram que se reinventar. Para que o Ensino híbrido seja eficaz é necessário que o professor utilize novas ferramentas durante as aulas, operacionalize novas salas virtuais, jogos, games, respeite o ritmo de aprendizagem dos alunos, incentive o protagonismo dos alunos, altere sua cultura de avaliação, aprofunde o conhecimento construído na aula tradicional, propicie a colaboração entre pares nos processos de ensino e de aprendizagem. Neste trabalho a proposta foi analisar as formas de agir adotadas pelos professores, e os desafios enfrentados durante o Ensino Híbrido a partir de um vídeo postado na plataforma Youtube, e em publicações de artigos. Para isso foi utilizado a investigação de corpus de dados latente com origem na internet. A análise de corpus de dados latente foi feita com base na palestra/aula ministrada por uma professora doutora no canal do Laboratório Digital Educacional (LDE) da Universidade Federal do Ceará no Youtube e publicações de artigos relacionados com o assuntoA partir do vídeo concluiu- se que a maioria dos professores estão engajados no uso da metodologia, porém apontam muitos problemas a serem superados. Ficou evidente a necessidade da melhoria no processo de educacional e esta deve ser contínua para trazer possibilidades de atendimento a todos os atores envolvidos na educação.

Palavras-chave: Pandemia de COVID-19; Educação à distância; Internet; Análise Qualitativa.

Abstract:

With the advancement of the COVID-19 pandemic, in several countries, including Brazil, educational institutions had to pause their face-to-face activities. New ways of working were adopted by institutions, and one of them was blended learning and teachers had to reinvent themselves. For hybrid teaching to be effective, it is necessary for the teacher to use new tools during classes, implement new virtual rooms, games, respect the students' learning pace, encourage student protagonism, change their evaluation culture, deepen the knowledge built in the traditional classroom, foster collaboration between peers in the teaching and learning processes. In this work, the proposal was to analyze the ways of acting adopted by teachers, and the challenges faced during Blended Teaching from a video posted on the Youtube platform, and in article publications. For this, the investigation of latent data corpus from the internet was used. The analysis of the latent data corpus was based on the lecture/class given by a PhD professor on the channel of the Digital Educational Laboratory (LDE) of the Federal University of Ceará on Youtube and publications of articles related to the subject. From the video it was concluded that most teachers are engaged in the use of the methodology but point out many problems to be overcome. The need for improvement in the educational process was evident and this must be continuous to bring possibilities of service to all actors involved in education.

Keywords: COVID-19; Distance Education; Internet; Qualitative Analysis.

1.Introdução

A educação é um direito fundamental para o desenvolvimento integral de toda criança e adolescente. Segundo a revista retratos da educação (Lima, 2020) com base no censo escolar 2019, o Brasil tem quase 48 milhões de estudantes na educação básica, da creche ao final do Ensino Médio, considerando a rede pública e privada, em todas as modalidades (Lima, 2020). Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizou como pandemia a situação vivida no mundo naquele momento por causa da COVID-19. Essa situação ocasionou o fechamento de praticamente todas as instituições educacionais no mundo. O fechamento das instituições teve como objetivo conter o avanço da doença. No Brasil não foi diferente, creches, escolas, colégios, faculdades e universidades, públicas ou privadas, tiveram que adaptar suas práticas, se replanejar para solucionar a necessidade da continuidade do processo de ensino aprendizagem com seus estudantes. Devido ao fechamento das instituições de ensino, as escolas de todo o mundo se depararam com um grande desafio, que era utilizar as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), como uma forma de diminuir os efeitos da pandemia na educação. Com o avanço e o sucesso da vacinação, aos poucos as instituições de ensino foram adotando o Ensino Híbrido. Souza et al. (2021) aponta que, o ensino híbrido que até então era visto como metodologia acessória ou complementar passou a ser o modelo estruturado de disseminação e suporte educativo para as instituições educacionais, e a utilização de tecnologias deixou de ser uma proposta alternativa para se tornar uma questão fundamental para acesso e difusão do conhecimento (Souza et al., 2021).

2.O papel do professor no ensino híbrido

Muitos fatores fazem com que os professores de hoje tenham que se atualizar constantemente para acompanhar os avanços tecnológicos e as necessidades vinculadas a este processo educacional atual. Um exemplo disto é que para ministrar uma boa aula o professor deve conseguir aplicar a teoria na prática e compartilhar com os alunos. “É necessário que o professor esteja seguro em relação ao conteúdo a ser tratado, isto é, que conheça o assunto de modo a conduzir discussões produtivas e orientar processos de descoberta por parte dos alunos” (Chiovatto, 2004, p.2). Um dos pensamentos mais preocupantes neste processo é acreditar que o professor hoje tem a obrigação de saber tudo ou ter todas as respostas na ponta da língua, sendo que hoje o aluno em poucos segundos consegue qualquer informação que estiver na internet. É neste momento que se apresenta o papel do professor inserido no processo de ensino/aprendizagem, ensinando como utilizar estes dados e transformá-los em informações pertinentes à suas necessidades e aplicações na prática do estudo. O professor não é um “vaso”, um receptáculo repleto de informações e conhecimentos a serem dali retirados e dados aos alunos. O professor é um ser pensante e de ação (Chiovatto, 2004). Por isso, o perfil do professor de hoje está muito mais relacionado com a mediação do que com a transferência de conhecimento, pois os dados recebidos pelos alunos devem ser transformados em informações concretas, e a forma como o professor vai direcionar os alunos a visualizarem importância em suas pesquisas, será o ponto crucial para a aprendizagem. Uma das atividades mais importantes para a prática docente é conhecer seu aluno, sua turma, e suas dificuldades dentro e fora da sala, pois é baseado nestes aspectos que o professor poderá aplicar suas metodologias de trabalho, sem que haja exclusão mediante os problemas de ensino/aprendizagem ou socioambientais (Bulgraen, 2010). Percebe-se então, que cada turma e indivíduo inserido nela, tem características especificas que devem ser estudadas e trabalhadas de forma a desenvolver um ambiente significativo, que faça o aluno ter interesse nos estudos. Para Barion e Melli (2017) é preciso pensar em novas práticas pedagógicas que incorporem a realidade do mundo contemporâneo às novas metodologias que despertem no aluno a curiosidade e a construção da autonomia, da otimização do espaço escolar e da promoção da aprendizagem mais significativa, que acompanhe o ritmo de cada aluno e sobretudo a necessidade de possibilitar uma nova ação docente, na qual professores e alunos participam de um processo conjunto para aprender de forma criativa, colaborativa e dinâmica, tendo como essência o diálogo, a descoberta e a cooperação no processo de ensino e aprendizagem (Barion & Melli, 2017, p.596). Os professores que ainda trabalham com um processo tradicional e conteudista, podem não estar trazendo para a sala de aula a construção da prática do saber como necessário, interferindo no processo de desenvolvimento de cada aluno e fazendo com que ele se desmotive e não considere este ensinamento como uma necessidade, por isso é tão importante que o professor se comprometa com sua profissão e em compartilhar seus conhecimentos, motivando o aluno a contribuir para seu próprio aprendizado. No processo atual de aprendizagem, considerando todas as mudanças que vem ocorrendo e a necessidade de aplicação de novas metodologias de ensino, existem várias práticas que podem ser aplicadas no dia a dia. Estas práticas inseridas ao ensino híbrido trazem a participação do aluno para dentro do processo e a concepção da imagem do professor como mediador. O trabalho do professor/mediador inserido no processo do ensino híbrido, com a utilização de metodologias ativas modificam os conceitos e transformam o jeito de pensar dos alunos, faz com que esse aluno participe da construção do saber e aprenda na prática as teorias recebidas.

3.O papel do aluno no ensino híbrido

Quando o assunto é o protagonismo do aluno no processo de ensino aprendizagem de forma híbrida e com utilização de novas metodologias de ensino, percebe-se que existe uma grande quantidade de informações que rodeiam este assunto e que mostram várias possibilidades de apresentação deste processo, entende-se que sua complexidade não está apenas na metodologia utilizada, mas sim no como convencer e motivar os alunos a exercer seu direito de aprender a aprender neste processo de ensino. O aluno precisa relacionar um novo conhecimento a proposições e conceitos relevantes em sua estrutura cognitiva para desenvolver a aprendizagem, ou seja, que já existam com uma mínima noção de clareza, estabilidade e diferenciação (Daher, 2017). Uma boa parte dos alunos de hoje ainda tem a impressão de que para aprender dependem apenas do professor para que seu conhecimento seja desenvolvido, e não percebem a importância do seu protagonismo no próprio saber. Por muito tempo o aluno estava limitado a ouvir os professores e a descrever suas atividades de forma rígida e sem aplicação de seus entendimentos da realidade em seu processo de estudo, levando o ser humano a ser um indivíduo conteudista e pouco prático no processo de ensino do saber. “A relação do professor com a aprendizagem mecânica é proveniente de sua formação acadêmica, e a mudança dessa concepção é um importante passo para reeducar a escola na aplicação de um processo de construção de conhecimento significativo (Daher, 2017). Em contrapartida a evolução tecnológica e os problemas recentes trouxeram uma necessidade de aplicação com urgência destes métodos, e com isso os alunos que ainda não tinham estas práticas em seu cotidiano se encontraram em um momento de difícil entendimento no processo de ensino. A inserção deste aluno no processo de ensino aprendizagem como protagonista deve convencê-lo da importância da sua participação e promover a possibilidade do reconhecimento do seu saber a partir da prática desenvolvida neste processo. Compreender como é sua própria forma de aprender e colocá-la em prática pode fazer com que este aluno promova sua aprendizagem, não apenas nas palavras dos professores e sim a partir dos questionamentos compartilhados e estimulados por estes mediadores. Este conhecimento deve vir de forma significativa e concisa, para que aluno vincule este estudo com o seu dia a dia e reforce a integração do seu saber.

“A aprendizagem acontece quando existe a necessidade de conseguir algo, e conseguindo-o, torna-se importante apropriar-se dos mecanismos utilizados nessa ação. Sendo assim, o ensino não deve ser posto como precursor da aprendizagem, visto que o sujeito aprende por conta de sua própria prática e não por meio do que se ensina”. (Daher, 2017,p.4)

É a partir deste momento que ele toma para si o controle de seu aprendizado, e este conceito se transforma para as duas partes, aluno e professor passam a integrar o processo de ensino potencialmente construtivo. O ensino híbrido como prática do processo metodológico traz esta concepção de entrega da responsabilidade do saber para o aluno considerando que ele é a principal fonte de pesquisa do saber, compartilhando com o professor mediador os questionamentos e discussões sobre os temas relevantes aos seus estudos. Vale ressaltar que a imagem do professor como integrante deste processo de criação do saber se faz necessário, pois é ele que irá conduzir o aluno a estes questionamentos e aplicar métodos de trabalho que façam o aluno pensar para desenvolvimento do seu raciocínio.

Para o estudo em questão, pretendeu-se responder as seguintes questões de pesquisa: Quais os desafios durante o Ensino Híbrido? Como superá-los?

Para responder esses questionamentos, foram analisados um vídeo, os comentários da audiência, e artigos relacionados ao assunto. O vídeo1 com a palestra/aula foi ministrado durante aproximadamente 1h30 pela Professora Drª. Alanna Carvalho do Instituto Federal do Ceará.

4.Método

O presente artigo tem como base a pesquisa de natureza qualitativa com corpus latente na internet. Os dados foram coletados a partir da palestra/aula do curso gratuito de Tecnologia na Educação, Ensino Híbrido e Inovação Pedagógica, realizada na data do dia 05 de fevereiro de 2021 no canal do Youtube do Laboratório Digital Educacional (LDE) da Universidade Federal do Ceará (UFC), e artigos relacionados ao assunto. Para a recolha dos dados fizemos a transcrição da fala da palestrante, cópia dos comentários do vídeo (7.658) e citações de artigos correlatos encontrados na literatura. Após o trabalho de recolha de dados, esses foram analisados e codificados através do software WebQDA®, gerando as referências de análise dos dados (Neri de Souza, Neri de Souza, Costa, Moreira & Freitas, 2017). O software WebQDA ajuda na análise desde a organização, codificação e categorização até o cruzamento estrutural e interpretativo dos dados (Neri de Souza, Costa, & Moreira, 2010). Na Figura 1 apresenta-se o sistema de análise em quatro dimensões iniciais e categorias que foram surgindo da leitura e codificação dos dados.

Figura 1: Sistema de análise e codificação dos dados sobre professores, alunos, escola e seus desafios no ensino híbrido. 

5.Resultados e Discussão

A aula/palestra foi moderada pelo professor Amaury Gomes que iniciou o encontro apresentando o projeto ligado as novas tecnologias na educação da Escola de Formação Permanente do Magistério e Gestão Educacional - ESFAPEGE da cidade de Sobral-CE. A palestrante convidada foi a professora Drª Alanna Carvalho do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) - campus Horizonte. A aula/palestra foi sobre os Desafios do Ensino Híbrido com uma trilha de aprendizagem que era:

Caracterizar o ensino híbrido;

Conhecer os atores educacionais e suas funções; e,

Refletir sobre as possibilidades do ensino híbrido.

O bate papo iniciou com a professora perguntando aos participantes: O que eu sei sobre Ensino Híbrido? Os participantes interagiram com a palestrante utilizando a ferramenta Padlet2. A interação foi muito rica e produtiva com uma grande participação dos ouvintes.

5.1 O uso das metodologias ativas pelos professores no ensino híbrido

Ao analisar a fala da palestrante, os comentários do vídeo no Youtube, e artigos relacionados ao assunto foram encontrados 51 referências na categoria Metodologias Ativas, apresentado na Figura 2. Deste total, foram distribuídas em duas subcategorias, Personalização do Ensino com 30 referências e Práticas Utilizadas com 21 referências. Outras 31 referências foram marcadas na categoria Ferramentas Digitais.

Figura 2: Número de referências da categoria Professores no Ensino Híbrido. 

Abaixo são apresentadas as referências mais significativas extraídas da transcrição da fala da palestrante, dos comentários do vídeo no Youtube, e de um artigo publicado no site da revista nova escola3. Essas referências são relacionadas às categorias: Metodologias Ativas, Ferramentas Digitais, Personalização do Ensino e Práticas Utilizadas.

Referência 1

“O Modelo on-line se refere ao uso de tecnologias digitais para a coleta e análise de informações pelo professor para promover a personalização do ensino”. (artigo Nova Escola).

Referência 2

“A coleta e análise de informações pelo professor, ajuda a promover a personalização do ensino”. (artigo Nova Escola).

Referência 3

“A partir dos dados obtidos com o desenvolvimento da aula, Ailton personalizou as atividades seguintes do projeto para enviar aos alunos”. (artigo Nova Escola).

Referência 4

“Mas o que significa personalizar o ensino? Débora conta que a metodologia se refere a respeitar os ritmos de aprendizagem e a potencializar as habilidades que cada aluno tem”. (artigo Nova Escola).

Referência 5

“Além de trabalhar o Padlet, eu quero mostrar essa ferramenta como uma possibilidade. Ela é um quadro bem grande e vocês podem colocar várias e várias postagens aqui desde utilizar a linguagem verbal até a linguagem não-verbal”. (Fala da Palestrante).

Referência 6

“Desenvolvi atividades relacionadas as metodologias ativas e uma delas era no modelo de rotação por estação”. (artigo Nova Escola).

Classifica-se que a maioria dos professores participantes da palestra entendem a importância do uso das metodologias ativas durante o ensino híbrido para a personalização do ensino.

5.2 O perfil dos alunos no ensino híbrido

Neste tópico foram analisados: a fala da palestrante, a interação ao vivo com os professores participantes, os comentários do vídeo no Youtube, e artigos relacionados ao assunto. Foram encontradas 33 referências na categoria “Perfil do Aluno”, apresentado na Figura 3. Deste total, foram distribuídas em duas subcategorias, “Proativo” com 18 referências e “Dificuldades de Aprendizagem” com 15 referências. Outras 14 referências foram marcadas na categoria “A importância da Família”.

Figura 3:Número de referências da categoria Alunos no Ensino Híbrido. 

Abaixo são apresentadas as referências mais significativas e foram todas extraídas da literatura abordada:

Referência 1

“É necessário que o professor conheça o perfil das turmas, compreendendo que não se pode exigir de todas elas respostas iguais, embora deva garantir, na multiplicidade de respostas, igual qualidade e densidade”. (Chiovatto, 2004).

Referência 2

“É necessário que o aluno desenvolva a autonomia e o pensamento crítico e o raciocínio reflexivo”. (Barion & Melli, 2017).

Referência 3

“Que os alunos se comportam de maneira mais ativa, cooperam entre si, busquem soluções em conjunto, discutam, reflitam e opinam por meio das suas próprias experiências”. (Barion & Melli, 2017).

Referência 4

“É necessário despertar a percepção do aluno para o verdadeiro significado de estar em uma sala de aula”. (Silva, 2017).

Referência 5

“O ambiente de sala de aula é, por natureza, heterogêneo, isto porque é formado por sujeitos com histórias de vida diferentes, culturas variadas, e formas de relação com os saberes também diferentes. Em função disso, atender às necessidades dos alunos de forma individualizada é uma tarefa árdua, isto para não dizer quase impossível”. (Silva, 2017).

Referência 6

“Tudo isso se soma aos problemas contemporâneos que influenciam na formação das famílias, isto porque estas, que deveriam dar aos jovens o suporte necessário para a construção da perspectiva cidadã, muitas vezes não o fazem, deixando tal tarefa para o ambiente escolar, já tão sobrecarrega dos desafios e responsabilidades”. (Silva, 2017).

Silva (2017) destaca que o ensino híbrido amplia as perspectivas e possibilidades de bons resultados, isto porque além de otimizar os ambientes e recursos de ensino, essa metodologia propõe a descentralização do processo, fazendo com que o professor deixe de ser visto como único responsável pela construção do conhecimento, uma vez que propõe um posicionamento mais autônomo por parte do aluno (Silva, 2017, p.152). Percebe-se na fala da palestrante, como na interação ao vivo com os professores participantes, nas referências dos artigos, e através da leitura dos comentários dos vídeos, que a maioria destes entendem que para se ter um resultado positivo durante o ensino híbrido, é necessário que o aluno seja mais proativo. Observa-se também que parte dos participantes aponta que o professor deve respeitar o ritmo de aprendizado de cada aluno, ajudando aqueles com dificuldades de aprendizagem e incentivando-os para seu protagonismo no processo de ensino aprendizagem.

5.3 O papel da escola no ensino híbrido

O objetivo deste tópico foi analisar a fala da palestrante, a interação ao vivo com os professores participantes, os comentários do vídeo no Youtube, e artigos relacionados ao assunto. Foram encontradas 65 referências na categoria Escola no Ensino Híbrido, apresentado na Figura 4. Deste total, foram distribuídas em duas subcategorias, Infraestrutura da Escola com 33 referências e Comunidade Escolar com 32 referências.

Figura 4: Número de referências da categoria Escola no Ensino Híbrido. 

Abaixo são apresentadas as referências mais significativas deste tópico:

Referência 1

“Considerando a realidade das escolas públicas brasileiras, que têm pouco acesso à internet e escassos recursos tecnológico”. (artigo Nova Escola).

Referência 2

“O gargalo não está só na conexão, mas na dificuldade de acesso a aparelhos pelos alunos. Muitos não têm notebook, ou usam o celular emprestado dos pais e irmãos”. (artigo Nova Escola).

Referência 3

“Falta boa internet ou não tem internet para vários alunos e professores. Além de poucos aparelhos de qualidade”. (Comentário realizado no vídeo, feito pela professora Noelia Nascimento).

Referência 4

“Outro ponto e muito importante também é a infraestrutura física quando eu penso no ensino híbrido preciso ter uma infraestrutura física que me permita minimamente formar os grupos”. (Fala da palestrante).

Referência 5

“Sabendo que o fenômeno de aprendizagem dos alunos depende muito da aprendizagem do professor, de nada adianta uma escola bem gerenciada e com os recursos pedagógicos disponíveis se a comunidade escolar, principalmente o professor, não deixar de lado as aulas instrucionistas e passar a considerar o saber pensar e o aprender a aprender”. (Daher, 2017).

Referência 6

“O comportamento de nossos alunos reflete as condições sociais às quais estiveram expostos desde o seu nascimento”. (Silva, 2017).

Nota-se na fala da palestrante, na leitura dos artigos e dos comentários dos vídeos, que o papel da Escola é muito importante para o sucesso no Ensino Híbrido. Relatam também o quanto é importante a comunidade escolar “abraçar” a instituição, principalmente as Escolas Públicas. Entretanto a maioria dos professores participantes aponta muitos problemas encontrados na infraestrutura nas instituições públicas. Sabe-se que os desafios perante o Ensino Híbrido serão para todos os envolvidos, e que existe uma preocupação na implantação do Ensino Híbrido, visto que é necessário um envolvimento de todos os atores envolvidos, ou seja, um engajamento da Comunidade Escolar. Nos temas abordados pela palestrante, nas suas falas, nas participações ao vivo, e através da leitura dos comentários dos vídeos e de artigos, foram encontradas 68 referências na categoria Problemas Encontrados, apresentado na Figura 5. Deste total, foram distribuídas em três subcategorias, Relação aos Alunos com 15 referências, Relação aos Professores com 27 referências e Relação com a Escola com 26 referências. Outras 10 referências na categoria Aplicar com Baixo Investimento. Abaixo são apresentadas as referências mais significativas:

Figura 5: Número de referências da categoria Desafios no Ensino Híbrido. 

Referência 1

“Criatividade e empenho não eximem responsabilidade dos governos. Com o avanço da pandemia, professores e gestores se reinventaram cada dia mais para garantir a aprendizagem de seus alunos. Mas, além da criatividade de quem está no chão da sala de aula, especialistas alertam que as secretarias de Educação necessitam desenhar estratégias de políticas públicas educacionais que dialoguem com os desafios do momento. O empenho do professor não exime o papel dos governos de fazer uma formação efetiva para que os professores se sintam mais preparados, por exemplo”. (artigo Nova Escola).

Referência 2

“Ampliar a formação de professores é um dos pontos importantes para a implementação do ensino híbrido”. (artigo Nova Escola).

Referência 3

“Aspecto também negativo e que muito pode prejudicar os resultados referentes ao uso da mencionada metodologia é a atuação dos gestores de ensino, isto porque muitas vezes, a ideia de autonomia para a aprendizagem pode ser confundida com possibilidades para o barateamento dos custos, ou seja, o que a princípio seria uma ferramenta para que o aluno ampliasse suas possibilidades de aprendizagem, acaba funcionando como mecanismo para que os custos caiam”. (Silva, 2017).

Referência 4

“O professor de História levou seu próprio notebook para usar com o wi-fi da escola e usou os celulares dos alunos para colaborar com a atividade”. (artigo Nova Escola).

Referência 5

“Aqui na escola eu não tenho internet boa, então o que se pode fazer?”. (Interação ao vivo durante a palestra).

Referência 6

“Que os governos deem um chip de internet para quem não tem”. (Interação ao vivo durante a palestra).

Nos comentários dos professores participantes há uma grande preocupação em torno do uso das metodologias de ensino durante o Ensino Híbrido, vários relatos de dificuldades apareceram acerca do desenvolvimento do plano de aula. Em relação à infraestrutura escolar os professores também apontam muitos obstáculos como: a falta de acesso à internet; falta de capacitação para uso de metodologias ativas e ferramentas on-line e espaço físico inadequado. Já em relação à Escola, os questionamentos estão em torno de como essas dificuldades apontadas serão amenizadas pela Gestão Escolar. Existe uma preocupação que num futuro próximo o processo híbrido seja usado como manobra para redução de custos, sem pensar na qualidade do processo ensino aprendizagem.

6.Considerações Finais

A pesquisa apresentada se deu em torno da pergunta de investigação: Quais os desafios durante o Ensino Híbrido? Como superá-los? Após a análise deste corpus de dados com potencial latente na internet foi possível verificar que a maioria dos professores está engajada no uso da metodologia Ensino Híbrido, porém apontam muitos problemas a serem superados. No vídeo analisado para este trabalho tanto a palestrante, como na leitura dos comentários do vídeo no Youtube e na consulta à literatura sobre o assunto, foi destacada a importância do uso de metodologias ativas para o processo de ensino e aprendizagem durante o ensino híbrido. Outro destaque feito por vários participantes é que os professores devem respeitar o ritmo de aprendizagem e assim potencializar as habilidades de cada aluno. Um assunto muito pertinente e discutido no vídeo foi a importância da família e da comunidade escolar ser ativa dentro da escola, principalmente em instituições públicas. O contexto social dos alunos foi outro aspecto discutido, pois nem sempre eles são estimulados ou conscientizados para perceberem o quanto as aulas podem ser importantes em suas vidas. É notório que a pandemia acelerou a busca por novas metodologias de ensino que pudessem alcançar o máximo possível de pessoas em tão pouco tempo e que atingisse aqueles que participam do processo educacional, a Escola, professores e alunos. Esta necessidade também trouxe seus desafios vinculados a estes atores, cada um deles tem uma visão e demonstra suas preocupações em torno de uma educação de qualidade que atenda às necessidades dos alunos em meio a tanta dificuldade como, a infraestrutura da escola e de suas casas, métodos de ensino e mudança no comportamento dos atores e suas importâncias neste processo. Conclui-se então, que a necessidade da melhoria no processo de educacional deve ser contínuo e trazer possibilidades de atendimento de todos os envolvidos. O Ensino Híbrido mostra que as dificuldades de implantação destas metodologias estão mais vinculadas com as infraestruturas de comunicação e com os métodos de ensino praticados pelos professores e que esta melhoria ambiental e esta mudança no comportamento dos envolvidos pode transformar o ensino no país.

7.Referências

Bacich, L., Tanzi Neto, A., & Tevisani, F. de M. (2015). Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação. Penso Editora. [ Links ]

Barion, E. C. N., & Melli, N. C. de A. (2017). Algumas reflexões sobre o ensino híbrido na educação profissional. XII Workshop de Pós-Graduação e Pesquisa do Centro Paula Souza. São Paulo, Brasil. http://www.pos.cps.sp.gov.br/files/artigo/file/168/2254b901772b75138d1218eec5dcf8cc.pdfLinks ]

Bulgraen, V. (2010). Papel do professor e sua mediação nos processos de elaboração do conhecimento. Revista Conteúdo, 1(4) 30-38. http://www.moodle.cpscetec.com.br/capacitacaopos/mstech/pdf/d3/aula04/FOP_d03_a04_t07b.pdfLinks ]

Chiovatto, M. (2004). O Professor Mediador. Museu para Todos. https://museu.pinacoteca.org.br/wp- content/uploads/sites/2/2017/01/MILA_CHIOVATTO_o_professor_mediador.pdfLinks ]

Daher, A. F. B. (2017). Aluno e Professor : Protagonistas do Processo de Aprendizagem. SEMED - Campo Grande/MS, 1-12. https://www.campogrande.ms.gov.br/semed/wp- content/uploads/sites/5/2017/03/817alunoeprofessor.pdfLinks ]

Lima, A. L. D. (2020). Retratos da educação no contexto da pandemia do coronavírus: um olhar sobre múltiplas desigualdades. https://frm.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Retratos-da-Educacao-na-Pandemia_digital- 1-compactado.pdfLinks ]

Rocha, D. R. (2021). O uso do mentimeter como recurso de aprendizagem em tempos de ensino remoto. Anais do Congresso Internacional de Educação e Geotecnologias - CINTERGEO, 122-127. https://www.revistas.uneb.br/index.php/cintergeo/article/view/12626Links ]

Silva, E. R. (2017). O Ensino Híbrido no Contexto das Escolas Públicas Brasileiras: Contribuições e Desafios. Porto das Letras, 3(1), 151-164. [ Links ]

Souza, M. E. L. de, Martins, O. A. da S., Duarte, M. N. M., & Silva, M. R. da. (2021). Ensino híbrido e conectivismo: desafios da educação na atualidade. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, 7(3), 80-87. [ Links ]

1 https://www.youtube.com/watch?v=4YYJ4nvL0CM&t=2221s

2https://padlet.com/

3https://novaescola.org.br/conteudo/20073/ensino-hibrido-e-possivel-fazer-sem- internet-e-poucos-recursos

Recebido: 01 de Fevereiro de 2022; Aceito: 01 de Abril de 2022

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