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New Trends in Qualitative Research

versão On-line ISSN 2184-7770

NTQR vol.15  Oliveira de Azeméis dez. 2022  Epub 06-Mar-2023

https://doi.org/10.36367/ntqr.15.2022.e746 

Artigos Originais

Uma Abordagem Qualitativa para o Desenvolvimento Comunitário no Contexto Turismo em Área Costeira no Município de Lautém, Timor-Leste

A qualitative approach for Community Development in the Context of Tourism in the Coastal Area in Lautém Municipality, Timor-Leste

Feliciano Quintas do Céu1 

Isabel Pinho1 

Zélia Breda1 

Filomena Martins1 

Cláudia Pinho1 

1Universidade de Aveiro, Portugal


Resumo

O objetivo deste artigo é o de apresentar a metodologia qualitativa usada num estudo que visa compreender como o desenvolvimento comunitário pode ser sustentável através da implementação de um turismo que respeite o ambiente e a cultura das pessoas. Especificamente, pretende-se valorizar a análise de conteúdo da informação recolhida na comunidade como meio de obter um conhecimento sobre o seu desenvolvimento no contexto do turismo, através do papel dos intervenientes no município de Lautém, Timor-Leste. O instrumento de recolha de informação permitiu realizar entrevistas semiestruturadas a intervenientes do governo, de uma ONG e à comunidade local. As entrevistas face a face foram realizadas em duas línguas, as línguas Fataluku e Tétum. As 41 entrevistas foram gravadas e transcritas em word nestas línguas; posteriormente foram traduzidas para o português. A utilização destes instrumentos dialéticos revelou-se importante para explorar profundamente as ideias e opiniões dos inquiridos. Após uma leitura integral para obter uma visão global, estes 41 documentos textuais foram importados para o Software Nvivo QSR 12 Plus. Utilizando a funcionalidade de codificação do software, procedeu-se à sua leitura pormenorizada e codificação, com base na teoria e através da reflexão dos dados significativos. De modo a garantir a fiabilidade da análise dos mesmos, esta foi coordenada por dois investigadores, utilizando codificação aberta, axial e seletiva. Foram identificados cinco temas importantes: 1) o processo de desenvolvimento comunitário; 2) construção do conhecimento; 3) sustentabilidade; 4) acesso ao mercado turístico e 5) mudança social. O processo de análise de conteúdo com apoio de software facilitou o trabalho colaborativo dos investigadores, permitindo compreender melhor as informações, ideias e suas ligações. Como resultado, foi possível construir conhecimento, a partir da participação dos interessados locais, para dar resposta à questão de investigação: de que modo o turismo pode ter impacto no desenvolvimento comunitário na zona costeira do município de Lautém? Assim, a abordagem qualitativa revelou-se fulcral para se obter resultados significativos do estudo empírico.

Palavras-chave: Qualitativa; Desenvolvimento comunitário; Turismo; Nvivo Software, Município de Lautém.

Abstract

The purpose of this study is to present the result of the content analysis it uses to investigate community development in the context of tourism through the role of researchers in Lautém Municipality, Timor-Leste. The information was obtained through semi-structured interviews of government and NGO stakeholders and using interviews of the indigenous community. The face-to-face interviews used two languages, the Fataluku and Tetum languages. The 41 interviews were recorded and transcribed in MS word in these languages, which were then translated into Portuguese. The purpose of using dialectical instruments is to explore more in dept the ideas and opinions of the respondents. After an integral reading to obtain an overview, these 41 documents were imported into the Nvivo QSR 12 Plus Software. Using software tools, we thoroughly read and coded the transcription data, based on theory and through reflection of meaningful data. In order to guarantee of the analysis, it was coordinated by two researchers, who used open coding, axial coding, and selective coding. We found five important themes: 1) community development process, 2) knowledge building, 3) sustainability, 4) tourism market access, and 5) social change. The results illustrate that content analysis supported by software tools facilitated the collaborative work of researchers, allowing them to better understand complex information, enrich ideas, and their connections. As a result, it was possible to build knowledge, based on the participation of local players, to answer the research question: how can the tourism have an impact on the community development in the coastal area in Lautém municipality? Thus, this study concludes that the qualitative approach proved to be essential to obtain significant results from the empirical study and as a tool to improve decision making related to tourism on the coast, especially in Lautém, Timor-Leste.

Keywords: Qualitative; Community development; Tourism; Nvivo Software, Lautém.

1.Introdução

Este artigo é um recorte de uma investigação sobre o desenvolvimento comunitário através do turismo, num contexto específico, no município de Lautém, em Timor-Leste, cujo objetivo geral do estudo consiste em compreender como o ecoturismo de base comunitária pode ser implementado com vista a um desenvolvimento sustentável. A questão de investigação é a seguinte: como é que o ecoturismo de base comunitária pode ter impacto no desenvolvimento comunitário na área costeira?

O ecoturismo de base comunitária nasce da esperança que o turismo pode trazer benefícios para a comunidade, se esta se consciencializar sobre como aplicar o conhecimento para explorar os recursos naturais, sociais e culturais de modo a proporcionar oportunidades de emprego aos residentes locais (Kontogeorgopoulos, 2005).

Este recorte visa apresentar a metodologia, dando ênfase ao seu papel orientador e estruturante de todas as atividades executadas de modo coerente e organizado. Trata-se de um trabalho colaborativo, facilitado pelo uso de software de apoio à investigação qualitativa, no caso presente o Nvivo 12. O principal resultado aqui apresentado é constituído por um sistema de categorias e subcategorias, organizado segundo cinco dimensões: 1) desenvolvimento comunitário; 2) construção do ecoturismo de base comunitária; 3) sustentabilidade; 4) acesso ao mercado turístico; e 5) inovação social.

Para além desse resultado, a nossa contribuição metodológica tem a ver com a organização processual do trabalho a realizar, que pode ser replicada para outros contextos. O artigo está estruturado seguindo as três fases do processo de investigação: 1) planeamento da investigação, 2) operacionalização da investigação e 3) sintetizar e reportar a investigação.

2.A metodologia como fio condutor e garante de coerência interna

Neste estudo procurou-se ter uma coerência interna, através do alinhamento entre a questão de investigação, os métodos utilizados e a análise dos dados obtidos.

O caminho percorrido pode ser apresentado, de uma forma simples, como um processo dividido em três fases: F1 - Planeamento da Investigação, F2 - Operacionalização da Investigação e F3 - Sintetizar e Reportar a Investigação (ver Figura 1).

Figura 1. Processo de Investigação. 

Na primeira fase (F1 - Planeamento da Investigação) foram definidos a questão de investigação, o objetivo principal e os objetivos específicos. Para o contexto estudado foi decidido fazer uma revisão da literatura e um trabalho empírico, inquirindo os intervenientes como os principais interessados, inseridos na comunidade. Deste conjunto de decisões resultou a proposta de investigação qualitativa a realizar.

3.Planeamento da Investigação

Uma das caraterísticas do trabalho científico é o de ser um trabalho planeado.

Fazer investigação qualitativa não é uma tarefa fácil. Não só requer o desenvolvimento de várias competências ao nível de recolha de informação, como a escuta intensiva e a gravação dos depoimentos dos inquiridos, mas também competências ao nível do planeamento e da gestão do trabalho a realizar.

De modo simplificado, este planeamento iniciou-se com a identificação do tema e da questão de investigação. Posteriormente, foi necessário organizar uma revisão da literatura para captar o estado de arte na área em estudo. Com os resultados deste planeamento, foi decidido fazer um estudo de campo, no caso em Timor-Leste.

3.1 Tema e questão de investigação

O tema geral da investigação situa-se na interseção do turismo e do desenvolvimento das comunidades das zonas costeiras, e pretende responder à seguinte questão: como é que o ecoturismo de base comunitária pode ter impacto no desenvolvimento comunitário na área costeira?

O tema do ecoturismo de base comunitária é uma tendência tanto ao nível académico como um modelo de desenvolvimento para implementar uma estratégia para atingir os objetivos do desenvolvimento sustentável. Um turismo responsável pode contribuir para o desenvolvimento económico e para a criação de emprego (objetivo 8), bem como pode contribuir diretamente para os objetivos 11 (cidades e comunidades sustentáveis) e 12 (consumo e produção responsável) (P. Jones et al., 2017; Mathew & Sreejesh, 2017).

No caso do presente artigo, este é um recorte da investigação focalizando-se na Metodologia.

3.2 Revisão da literatura

A revisão da literatura é aqui encarada como parte estruturante da metodologia, especialmente na valorização da análise de conteúdo como técnica para extrair informação do estado de arte do tema em estudo (Pinho & Leite, 2014). Assim, para construir uma base teórica sólida, foi feita uma revisão da literatura, considerando o tema, a questão de investigação e os objetivos identificados. A informação foi recolhida, em julho 2020, via Scopus, uma base referencial com ampla cobertura dos vários campos científicos, para encontrar, analisar e visualizar a investigação. Como se pretendia identificar o estado da arte desta temática, limitou-se a um período de 10 anos (2011-2020). Selecionamos apenas trabalhos das áreas das Ciências Sociais, Artes & Humanidades, Gestão de Negócios e Contabilidade, uma vez que os principais objetivos do desenvolvimento comunitário é fazer com que as pessoas tenham um recurso de rendimento, sejam independentes e ajam coletivamente de modo a alcançar objetivos comuns (Sail & Abu-Samah, 2010). Foram recolhidos 412 artigos, publicados em revistas de referência na área: Journal of Sustainable Tourism, Journal of Community Development, Journal of Sport & Tourism e Annals of Tourism Research.

Procurou-se selecionar os artigos centrados no tema, lendo o resumo, as palavras-chave e explorando o conteúdo dos artigos. Observou-se a distribuição das publicações por ano de publicação, por área do assunto. Selecionamos todas as palavras-chave pertinentes relacionadas com os tópicos do turismo e do desenvolvimento comunitário. Os 412 artigos recolhidos foram analisados segundo as suas palavras-chave. Destas palavras selecionamos as que consideramos relevantes. Fez-se a sua distribuição destes artigos publicados entre 2011 e 2020, segundo três critérios: 1) “turismo” e “comunitário”; 2) “turismo” e “desenvolvimento comunitário”; 3) “turismo”, “desenvolvimento comunitário” e “zonas costeiras", do que resultou a Tabela 1. Adicionalmente, é indicada a distribuição dos 18 artigos relevantes, por ano de publicação.

Tabela 1. Distribuição das publicações por anos e por temas. 

Após uma análise exploratória de todas as 412 publicações recolhidas (título e resumo), foram selecionados 18 artigos cujo foco estava de algum modo relacionado com a interseção do turismo e o desenvolvimento comunitário. Estes artigos selecionados foram objeto de uma análise temática (C. Costa et al., 2016; Pinho & Leite, 2014). Foram considerados cinco temas estruturantes: 1) Desenvolvimento comunitário nas zonas costeiras; 2) Desenvolvimento comunitário como processo de capacitação e empoderamento; 3) Desenvolvimento do turismo e sustentabilidade; 4) Desenvolvimento comunitário e acesso ao mercado turístico e 5) Desenvolvimento comunitário e inovação social.

1) Desenvolvimento comunitário nas zonas costeiras

Sete artigos apresentam uma abordagem comunitária, considerando o bem-estar da comunidade como objetivo de desenvolvimento (Agyeman et al., 2019; Barbieri et al., 2020; Carneiro et al., 2016; Duffy et al., 2017; Stone et al., 2011; Stone & Nyaupane, 2016; Tolkach & King, 2015). Os principais recursos de base comunitária foram identificados por alguns autores (Agyeman et al., 2019; Grybovych & Hafermann, 2010; Raniga, 2018; Stone & Nyaupane, 2016); por exemplo, os recursos humanos, socioculturais, financeiros, naturais e físicos devem ser considerados para acelerar o desenvolvimento comunitário e o empoderamento da comunidade.

2) Desenvolvimento comunitário como processo de capacitação e empoderamento

Foram identificados três artigos que consideram o empoderamento da comunidade através da capacitação (Butler, 2017; Dahles et al., 2020; Imbaya et al., 2019). A abordagem de capacitação foi aplicada de modo que as comunidades sejam capazes de participar no ecoturismo, incluindo a conservação dos recursos naturais, a preservação das tradições culturais e o desenvolvimento sustentável (Lai & Nepal, 2006). O empoderamento da comunidade emerge da aquisição de conhecimento e competências que lhes permite serem capaz de controlar as suas vidas, mudar as suas atitudes e representar os seus interesses, tanto ao nível da economia, como do ambiente, da sociedade e da cultura.

Na fase de construção de conhecimentos orientados para as competências, deve ter-se em conta a tomada de consciência para que a comunidade saiba decidir como utiliza os recursos das zonas costeiras, para responder à visão e ao interesse comum (Butler, 2017; Dahles et al., 2020; Imbaya et al., 2019).

3) Desenvolvimento do turismo e sustentabilidade

Uma comunidade que é ambiental, social e culturalmente consciente é a base para a transformação em turismo sustentável, turismo de base comunitária e ecoturismo, que pode aumentar a participação e capacitação da comunidade, tendo também um impacto na qualidade de vida no presente e no futuro (Tran & Walter, 2014). Este artigo (Tran & Walter, 2014). está em linha com outros autores (Badola et al., 2012; Diedrich, 2007) que destacam o ecoturismo como o aspeto mais importante a considerar para proporcionar o bem-estar das comunidades, uma vez que leva em conta o incremento do rendimento dos membros da comunidade, mas também o respeito pela natureza pela cultura e pela sociedade.

O turismo pode contribuir para a melhoria da subsistência da comunidade, resultando em impactos positivos não só em termos monetários, mas também no desenvolvimento comunitário (Stone & Nyaupane, 2016). Xue et al. (2017) verificaram que o desenvolvimento turístico permitiu aos residentes mudar a perceção de si mesmos e do local onde vivem. O empreendedorismo social e o turismo contribuem para novas formas de garantir que os segmentos da sociedade mais pobres podem aceder a uma maior fatia de benefícios (Dahles et al., 2020). Também não deve ser descurado o facto de que o turismo é um setor de serviços que utiliza recursos naturais, afetando comunidades dos destinos turísticos. Muitos desses impactos foram capturados no conceito de overtourism, dando uma conotação negativa à atividade turística (Lee & Jan, 2019).

4) Desenvolvimento comunitário e acesso ao mercado turístico

Foram categorizados três artigos que abordam o acesso ao mercado e na inovação que utilizaram esta abordagem (Brandão et al., 2019; Ngo et al., 2018; Xue et al., 2017). Os resultados do desenvolvimento comunitário passam pelo acesso ao mercado e pela inovação (Badola et al., 2012; Diedrich, 2007). Estes últimos autores não discutiram especificamente estes temas no contexto das comunidades, mas frisaram aspetos importantes que se podem aplicar às comunidades: capacitação, envolvimento, participação, consciencialização da comunidade e empreendedorismo social.

5) Desenvolvimento comunitário e inovação social

Quatro artigos reforçam a necessidade de assegurar o envolvimento direto da comunidade em vários aspetos, tais como o envolvimento no planeamento. Este envolvimento permite a discussão de ideias mais abrangentes, o trabalho em parceria para implementar os planos existentes, com ações dos intervenientes para melhorar o desenvolvimento turístico sustentável (Chami, 2018; Chilufya et al., 2019; Stone & Nyaupane, 2014; Towner, 2016).

Agyeman et al. (2019) consideraram que o ecoturismo de base comunitária contribui para a redução da pobreza, considerando outros aspetos para além do económico, como, por exemplo, o incremento do conhecimento comunitário e que pode ter impactos positivos e procurar reduzir os impactos negativos na comunidade.

Constatamos que diversas abordagens são comumente usadas no que diz respeito ao desenvolvimento comunitário e ao turismo, tais como a do envolvimento da comunidade, no bem-estar, capacitação, na mudança social e no contexto geográfico. Estas abordagens podem ser instrumentos para o desenvolvimento sustentável da comunidade, levando as comunidades e os indivíduos a desenvolver um espírito empreendedor e provocando a inovação social (Aquino et al., 2018). Outro aspeto emergente foi o do acesso colaborativo ao marketing que pode reforçar a resiliência de iniciativas comunitárias (Ngo et al., 2018).

Esta base teórica foi fundamental para prosseguir o trabalho empírico, nomeadamente na construção dos instrumentos, na seleção dos potenciais participantes, na forma de os abordar e no cuidado com a cultura das comunidades.

De acordo com Jones e Donmoyer (2021), para construir e estudar profundamente um fenómeno no campo, o investigador é, ele próprio, um instrumento (Scheffelaar et al., 2021). Partindo da questão de investigação, o investigador faz a revisão da literatura recolhendo, lendo e analisando o seu conteúdo de modo a compreender o estado de arte (Pinho & Leite, 2014). A recolha e análise dos dados empíricos que posteriormente irá fazer será fortificada se estiver ancorada numa revisão da literatura atualizada e estruturada conceptualmente (A. P. Costa et al., 2019; Fornari & Pinho, 2022).

4.Operacionalização da Investigação Empírica

Na segunda fase (F2-Operacionalização da Investigação), procura-se fazer um trabalho de campo em ligação com os ensinamentos da literatura, que de algum modo tinam a associação do tema turismo com o desenvolvimento comunitário, no contexto do litoral.

Tendo identificado a questão de investigação, os conceitos estruturantes e compreendido o estado de arte, foi dado início à investigação empírica qualitativa, baseada na tomada de decisão sobre a escolha da metodologia (Moreira et al., 2021), a recolha de dados (Sá et al., 2021) e a análise de dados (A. P. Costa et al., 2021). De acordo com Creswell (2013), a metodologia de investigação é o meio para dar respostas às questões com vista à compreensão dos fenómenos. Este percurso deve estar claramente explicitado e seguir as questões norteadoras para atingir os objetivos identificados.

4.1 Amostra dos participantes e suas características

Neste estudo, a técnica utilizada para recolher a informação foi a da amostragem intencional e bola de neve (Naderifar et al., 2017). Os participantes foram selecionados de modo a obter-se uma amostra representativa tanto dos intervenientes, a nível administrativo nacional, municipal e local, como de membros da comunidade ligados a negócios de turismo e dos setores da pesca, agricultura e pequeno comércio. Foram realizadas 41 entrevistas localmente, tanto na cidade de Díli, capital de Timor, como nas diversas comunidades de Lautém. O nível de educação destes participantes é diversificado, desde o mestrado ao 4º ano do 1º ciclo, sendo maioritariamente pertencentes à faixa etária dos 31 aos 50 anos.

4.2 Tipos de dados

Os dados aqui considerados resultam das entrevistas. Este corpus de dados foi devidamente tratado e organizado. Trata-se de dados não estruturados que foram sujeitos a uma análise de conteúdo que será apresentada na secção seguinte.

4.3 Análise de Conteúdo

A análise de conteúdo tem sofrido uma evolução e apresentado várias definições. Na perspetiva da necessidade de fiabilidade e validação do processo de análise, a definição de análise de conteúdo de Krippendorff é uma das mais reconhecidas, considerando-a como “uma técnica de investigação que permite fazer inferências, válidas e replicáveis, dos dados para o seu contexto” (Krippendorff, 1980).

O manual de Bardin (1977) refere-se a questões importantes, como a amostragem e a construção de um conjunto de códigos, porém torna-se necessário considerar outros aspetos inerentes ao desenvolvimento tecnológico, nomeadamente do software de apoio à análise de conteúdo (A. P. Costa & Amado, 2018; Minayo & Costa, 2018). O uso de softwares de apoio à investigação pode facilitar este complexo trabalho e incrementar a colaboração da equipa de investigação (Amado et al., 2017; Moreno et al., 2020; Pinho & Leite, 2014; Souza et al., 2016). De notar que nas pesquisas de campo foram utilizadas as línguas fataluku, tétum e o português de modo a melhor recolher as informações relevantes. Estas informações (traduzidas e transcritas) foram objeto de uma análise de conteúdo, feita com o apoio do software Nvivo 12 QSR. O questionamento aos dados também foi facilitado com o uso deste software (Souza et al., 2016).

Qu & Dumay (2011) consideram que a realização de investigações qualitativas é exigente em termos de preparação do investigador. Esta requer a utilização de várias competências desde o planeamento até à apresentação do relatório final (por exemplo, a organização e preparação das entrevistas, a escuta intensiva, os cuidados com a qualidade da gravação e a transcrição dos depoimentos, assim como a análise de conteúdo e sua interpretação, para além do rigor da escrita).

4.4 Categorização e Codificação

A definição de categorias é uma atividade fundamental na análise de conteúdo. As categorias agregam ideias-chave e constituem uma estrutura baseada no referencial teórico, na leitura e na interpretação dos dados recolhidos.

A partir da revisão da literatura e da leitura e interpretação dos dados foram consideradas cinco dimensões: D1 - Desenvolvimento Comunitário; D2 - Construção do Ecoturismo de Base Comunitária; D3 - Sustentabilidade; D4 - Acesso ao Mercado Turístico; D5 - Inovação Social; na Figura 2 são indicadas estas dimensões e respetivas definições.

Figura 2 Cinco dimensões e suas definições. 

Relembramos que qualquer software de análise qualitativa não faz a análise, mas antes apoia o trabalho de análise feito pelo(s) investigador(es). O investigador recolhe os dados, faz as transcrições, lê e relê os documentos, interpreta de modo informado (baseado na revisão da literatura) e toma decisões sobre a construção da árvore de códigos e procede à categorização. A árvore de códigos é composta por categorias e subcategorias, em cada dimensão identificada na revisão da literatura. Pode-se considerar que a formulação das categorias seguiu dois modelos: o modelo fechado/dedutivo, utilizando as dimensões identificadas na revisão da literatura e o modelo aberto/indutivo, com categorias e e subcategorias emergentes da codificação do texto. Por exemplo para a Dimensão 1 - Desenvolvimento Comunitário foram identificadas 3 categorias. Na Tabela 2 são apresentadas as categorias (C1.1 Processo de Envolvimento dos Intervenientes; C1.2 Construção de conhecimento e C1.3 Empoderamento) e respetivas subcategorias, desta Dimensão 1 - Desenvolvimento Comunitário.

Tabela 2 D1 - Desenvolvimento Comunitário. 

De igual modo foram identificadas 11 categorias para a Dimensão 2 - Construção do Ecoturismo de Base Comunitária, conforme indicado na Tabela 3. Conforme a designação desta Dimensão 2, as categorias identificadas correspondem a um processo composto por várias tarefas a realizar, de modo que a construção do Ecoturismo de Base Comunitária esteja alicerçada não só em infraestruturas físicas, mas também na evidência como base de tomada de decisão.

Tabela 3 D2 - Construção do Ecoturismo de Base Comunitária. 

Relativamente à Dimensão 3 - Sustentabilidade, foram identificadas quatro categorias: C3.1 Economia; C3.2 Meio Ambiente; C3.3 Social e C3.4 Cultura. Na Tabela 4 são indicadas estas categorias e suas subcategorias.

Tabela 4 D3 - Sustentabilidade. 

Na Dimensão 4 - Acesso ao Mercado Turístico, estão indicadas as 9 categorias que foram identificadas como condições básicas para que este acesso esteja garantido (ver Tabela 5).

Tabela 5 D4 - Acesso ao Mercado Turístico. 

A Dimensão 5, denominada Inovação Social é composta por 15 categorias (Ver Tabela 6).

Tabela 6 D5 - Inovação Social. 

5.Resultados

A partir da codificação, com base na árvore de códigos, obtiveram-se resultados para cada Dimensão. Continuando no exemplo Dimensão 1 - Desenvolvimento Comunitário e para a categoria C1.1 Processo de Envolvimento dos Intervenientes, foram consideradas 7 subcategorias: identificação de problemas, objetivo dos intervenientes, coordenação, cooperação (entre as comunidades e os líderes locais), socialização (sensibilizar, disseminar e implementar os programas), formação dos grupos e formalização dos grupos. Na Tabela 7 estão descritas estas subcategorias e são dados exemplos de falas significativas. Em relatório elaborado todos os resultados referentes às Dimensões, suas categorias e subcategorias estão pormenorizadamente expostos.

L7 C1.1 Processo de Envolvimento dos Intervenientes - D1 Desenvolvimento Comunitário. 

6.Sintetizar e reportar a Investigação

A terceira fase, F3 - Sintetizar e Reportar a Investigação, corresponde à tarefa em andamento de elaboração de um relatório, do estudo mais alargado, onde todos os resultados referentes às Dimensões, suas categorias e subcategorias, são pormenorizadamente expostos e discutidos. São ainda identificados os desafios encontrados e as recomendações. Este artigo ajuda a melhor estruturar o futuro reporte que irá tomar na fase final da investigação, ou seja a conclusão da escrita e a apresentação de uma tese de doutoramento. Para além do presente artigo pretende-se fazer a disseminação desta investigação em conferências e publicação de artigos, não só de caráter metodológico como também de contribuição teórica para a área do turismo de base comunitária. Do mesmo modo, a publicação de artigos referentes à revisão da literatura e da apresentação, interpretação e discussão de resultados irão formar um conjunto alinhado e integrado.

A tese e as publicações irão responder à questão de investigação: como é que o ecoturismo de base comunitária pode ter impacto no desenvolvimento comunitário na área costeira? Neste recorte do estudo é possível responder, cruzando a informação da revisão da literatura e dos dados das entrevistas, que o ecoturismo de base comunitária tem de garantir os princípios do desenvolvimento comunitário sustentável, respeitar os direitos humanos e a cultura local, ser um processo de permanente construção e monitorização e garantir o acesso ao mercado turístico nacional e internacional. A sua implementação com sucesso deve ser avaliada através de um acompanhamento de todas as suas fases, de modo que seja garantida uma melhoria contínua não só da qualidade do turismo mas também da inovação social, traduzida pelo desenvolvimento de toda a comunidade e do respeito pelo ambiente tanto terrestre como marinho. Só com uma perspetiva holística se poderá compreender e gerir este fenómeno social e económico multidimensional.

Para além de responder a esta pergunta orientadora, outras questões específicas que foram emergindo a partir do processo de investigação e da sua partilha serão respondidas, como por exemplo: o que é o ecoturismo de base comunitária, nas áreas costeiras? Quais as estratégias para o implementar num contexto específico, como em Timor-Leste?

7.Considerações Finais

A principal consideração prende-se com a importância da metodologia para concretizar uma investigação qualitativa de qualidade. A preocupação de coerência interna e alinhamento entre a questão de investigação, os objetivos, as escolhas metodológicas, o uso informado através de competências metodológicas de software de apoio ao trabalho científico e a colaboração e confiança da equipa de investigação, manifestaram-se como fatores de sucesso para a melhor compreensão do fenómeno em estudo.

Este estudo apresenta diversas contribuições: metodológicas teóricas, e práticas. Perante o desafio de estudar um tema complexo, a metodologia revelou-se como um sólido pilar para concretizar esta investigação qualitativa de qualidade, com garantia de coerência interna de todo o trabalho. O processo de investigação foi feito com a preocupação de alinhamento entre a questão de investigação, os objetivos, as escolhas metodológicas, a recolha e a análise de dados. O uso de software de apoio à investigação requereu tempo de aprendizagem, mas este revelou-se muito útil. Por outro lado, a aprendizagem de como fazer a investigação em equipa desenvolveu as competências de colaboração e comunicação. Ao nível específico do trabalho de campo, a metodologia ajudou a construir os instrumentos para realizar as entrevistas à comunidade e aos intervenientes. A experiência adquirida, aquando da realização das entrevistas, fez realçar alguns aspetos metodológicos a ter em conta quando se pretende entrevistar pessoas. O cuidado com uma comunicação clara esteve sempre presente: como exemplo deste cuidado foi o de usar a língua em que os potencias inquiridos se sentissem mais à vontade. Foram usadas a língua fataluku, a língua tétum e mesmo alguns termos em língua da Indonésia para facilitar o entendimento. Posteriormente todas as entrevistas foram traduzidas para o português, para dar homogeneidade aos dados a serem analisados.

Assim, foi dada prioridade às pessoas, visto serem elas as fontes de informação e de conhecimento. Foram usadas estratégias de criação de um ambiente social amigável, através de uma socialização prévia às entrevistas. Procurou-se uma autenticidade dos depoimentos o que incrementou a sua credibilidade e validade.

A nível teórico foram recolhidos vários conceitos associando o turismo e o litoral. Identificamos vários tipos de turismo neste contexto: turismo de base comunitária, turismo náutico, turismo de praia, turismo da pesca, turismo de natação, turismo de mergulho, turismo de navegação, turismo desportivo de praia, turismo natural, o ecoturismo e o turismo gastronómico. Estes tipos de turismo têm as suas próprias características e foram-se desenvolvendo em vários países, nos diversos continentes. A análise de cada um destes tipos de turismo pode contribuir para o desenvolvimento de Timor-Leste. Consideramos o turismo e o desenvolvimento comunitário como uma associação positiva. Esta perspetiva pode contribuir para a discussão sobre qual o tipo de turismo e qual o segmento de turistas a atrair, que interessa para Timor-Leste. O envolvimento e a compreensão das comunidades sobre o conceito de ecoturismo de base comunitária poderão ser o caminho para garantir a sustentabilidade, o acesso ao mercado e a inovação social. O desenvolvimento teórico está aprofundado no artigo a publicar.

Espera-se que o estudo mais alargado pode ajudar a fortalecer as políticas governamentais, especialmente focalizadas no desenvolvimento comunitário. Também pode contribuir para motivar as partes interessadas a construir a visão e empreender ações baseadas na, e com, a comunidade. É necessário incrementar o desenvolvimento e a investigação do turismo nas zonas costeiras, abarcando entre outros assuntos a gestão dos destinos, a inovação de produtos, as acessibilidades, as atrações, a qualidade de serviço, os movimentos de entradas e saídas de turistas, em particular em Timor-Leste, especialmente nas zonas costeiras de Lautém. Assim o principal desafio será o de ligar, de modo integrado, a teoria, a metodologia e a prática para que o ecoturismo seja implementado com vista ao desenvolvimento sustentável.

Em suma, Timor-Leste carece de desenvolvimento comunitário. O turismo pode ser uma estratégia fundamental para desenvolver todos os setores produtivos e contribuir para um desenvolvimento de modo sustentável. Este estudo indica que é uma boa prática envolver as comunidades, começando pela sua consciencialização de como o ecoturismo de base comunitária pode ser uma solução para criar um ambiente saudável, uma comunidade mais justa, mais profissional, mas não descorando a sua cultura e o seu sustento. Desenvolver estudos nestas temáticas poderá trazer contribuições relevantes para as linhas de investigação em Timor-Leste, virada para a ação.

Este trabalho foi apoiado pela Unidade de Investigação em Governança, Competitividade e Políticas Públicas (UIDB/04058/2020) + (UIDP/04058/2020), financiada por fundos nacionais através da Fundação para a Ciência e Tecnologia, I.P.

REFERÊNCIAS

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Recebido: 30 de Setembro de 2022; Aceito: 30 de Dezembro de 2022

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