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New Trends in Qualitative Research

versão On-line ISSN 2184-7770

NTQR vol.18  Oliveira de Azeméis out. 2023  Epub 30-Nov-2023

https://doi.org/10.36367/ntqr.18.1023.e842 

Artigo Original

“Os Sentidos da Roda”: Práticas Grupais na Investigação Qualitativa em Saúde

“The Senses of the Wheel”: Group Practices in Qualitative Health Research

1 Escola de Medicina, Universidade Federal de Ouro Preto, Brasil


Resumo

Introdução: As práticas grupais são amplamente utilizadas na pesquisa qualitativa em saúde, sendo fundamentais para a produção de conhecimento baseado no compartilhamento de identidades, territórios e saberes. O grupo focal e a roda de diálogos são dispositivos e métodos exemplares da pesquisa qualitativa, que potencializam a produção de conhecimento com ética e humanização. Seus usos e aplicações na investigação qualitativa são diversos; Objetivos: O objetivo do trabalho é refletir sobre a utilização das práticas grupais na investigação qualitativa em saúde, analisando a realização do grupo focal e rodas de diálogos com pessoas e comunidades em situação de vulnerabilidade, em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil; Métodos Na forma de ensaio, o trabalho analisa “os sentidos da roda”para refletir sobre vínculo, rede, técnicas e processo grupal na investigação qualitativa em saúde. O ensaio é aqui tomado como forma de resistência e produção de conhecimento coletivo e dialético. Uma forma de conversa com o conhecimento; Resultados A primeira reflexão consta da “Construção da roda”, quando são analisados os conceitos de vínculo e cuidado nas práticas grupais. Segue-se para “Os giros da roda” para refletir sobre as técnicas e processo grupal na investigação qualitativa, e finalmente, analisa-se “uma rede de rodas” pela qual se tem produzido conhecimento voltado para o acolhimento e o empoderamento de pessoas e comunidades em situação de vulnerabilidade; Conclusões. As práticas grupais são potentes dispositivos para a produção de conhecimento em saúde, por estarem baseadas na produção de subjetividades, ao mesmo tempo que as revelam e fortalecem. O grupo é, por assim dizer, técnica e processo da investigação qualitativa que se baseia na ética e na humanização da produção de conhecimento implicado com a transformação da realidade das pessoas. Em situações de vulnerabilidade, as práticas grupais produzem conhecimento, ao mesmo tempo que promovem o acolhimento e empoderamento de pessoas e comunidades.

Palavras-Chave: Grupos focais; Pesquisa qualitativa; Saúde pública; Participação da comunidade; Métodos.

Abstract

Introduction: Group practices are widely used in qualitative health research, being fundamental to produce knowledge based on the sharing of identities, territories, and knowledge. The focus group and the dialogue circle are devices and exemplary methods of qualitative research, which enhance the production of knowledge with ethics and humanization. Its uses and applications in qualitative research are diverse; Goals: The objective of this work is to reflect on the use of group practices in qualitative health research, analyzing the performance and potential of the focus group and dialogue circles with vulnerable people and communities in Ouro Preto, Minas Gerais, Brazil; Methods In the form of an essay, the work analyzes “the senses of the wheel” to reflect on bonding, network, techniques and group process in qualitative research in health. The essay is taken here as a form of resistance and production of collective and dialectical knowledge. A form of conversation with knowledge; Results The first reflection is in the “Construction of the wheel”, where the concepts of bonding and care in group practices are analyzed. It then moves on to “The wheel turns” to reflect on the techniques and group process in qualitative research, and finally, it analyzes “a network of wheels” through which knowledge has been produced aimed at welcoming and empowering people and communities in a situation of vulnerability. Conclusions. Group practices are powerful devices to produce knowledge in health, as they are based on the production of subjectivities, which at the same time reveal and strengthen them. The group is, so to speak, a technique and process of qualitative research that is based on the ethics and humanization of the production of knowledge involved with the transformation of reality and people. In vulnerable situations, group practices produce knowledge, while promoting acceptance and empowerment of people and communities.

Keywords: Focus Groups; Qualitative Research; Public Health; Community Participation; Methods.

Introdução

Desde 2017, vem-se realizando um programa de investigação voltado para compreensão, apoio e visibilidade de pessoas e comunidades em situação de vulnerabilidade na cidade histórica de Ouro Preto, em Minas Gerais, Brasil (Assis; Prado, 2021). Esses estudos são realizados com pessoas de diferentes identidades: estudantes universitários, mulheres, pessoas com deficência, profissionais e usuários de serviços de saúde mental, pessoas e comunidades atingidas por barragens e desastres sociotecnológicos. Em diferentes contextos e posições sociais, essas pessoas compartilham um conjunto de aspectos individuais e coletivos, contextuais e territoriais, que as deixam suscetíveis aos adoecimentos e à desproteção social, e muitas vezes, com pouco ou nenhum recurso para a proteção e a cidadania (Ayres et al, 2009). Nesse contexto de vulnerabilidades, é imprescindível a presença de pessoas e comunidades para participar de grupos focais e rodas de diálogos com objetivo de produzir conhecimento sobre suas situação e necessidades de saúde. Para tanto, convites têm sido realizados para que conheçam o programa de investigação que busca produzir conhecimento dos elementos abstratos e concretos, associados e associáveis aos processos de saúde e adoecimentos, revelando os nexos e as mediações, seus determinantes e integralidade, que permitam intervir sobre a suscetibilidade das pessoas, ou seja, reduzir a vulnerabilidade delas, promovendo sua saúde e cidadania (Pinheiro et al, 2017).

Ouro Preto, cidade patrimônio da humanidade , guarda em sua história, pelo menos duas raízes fundamentais: o legado do povo negro escravizado pelo regime colinialista e a exploração mineral do território, como fontes de poder e riqueza. Dessas duas fontes históricas, a cidade tricentenária tornou-se município de aproximadamente 75 mil pessoas , distribuídas num extenso território urbano, com construções históricas e monumentos nacionais e religiosos; e rural, com distritos e comunidades que compartilham territórios e tradições de forma ancestral. A raiz histórica do povo negro é expressa demograficamente, tornando Ouro Preto a cidade com maior número de pessoas autodeclaradas pretas ou pardas do Brasil . Práticas religiosas, arte e cultura africanas são reproduzidas em celebrações e rituais (Santos, 2019). A exclusão e a resistência também são legados que marcam a ocupação negra do território e as políticas públicas na cidade, onde, apesar de ter população negra majoritária, reproduz o racismo estrutural da sociedade brasileira (Melo; Castro, 2022), dando manutenção a periferias e margens sociais marcadas pelo abandono e vulnerabilidade social, que habitam o maior número de moradores da cidade monumento (Fonseca, 2016).

Mas é a raiz histórica da exploração mineral como fonte de poder e riqueza que faz de Ouro Preto território atingido (Lana, 2015).

Desde a descoberta e a exploração de ouro, nos séculos XVIII e XIX até os dias atuais, em que o município é ladeado pelas três maiores mineradoras do mundo , o território e as comunidades da cidade histórica são continuadamente ameaçados, explorados e atingidos pela mineração industrial, que destrói e compromete o meio-ambiente e laços comunitários, produzindo, entre capital financeiro e riqueza, desterritorialização, adoecimentos e mortificação social (Freitas, et al, 2019). A exploração mineral do território de Ouro Preto produz historicamente três situações de vulnerabilidade em que sucumbem a maior parte da população da cidade: a) o comprometimento do meio-ambiente e recursos naturais vitais para comunidades e grupos; b) os adoecimentos físicos e psicológicos ligados à desterritorialização dos processos de saúde, com danos à saúde, à saúde mental e ao sistema de saúde das comunidades; c) a “mínero-dependência” nas relações sociais, de modo que toda a vida econômica e subjetiva das pessoas e comunidades passam a depender, e serem incorporadas, compulsoriamente, ao regime de exploração mineral do território (Blechler; Pereira, 2015). As condições e necessidades de saúde dos moradores e moradoras de Ouro Preto são, ao mesmo tempo, produto e processo desses determinantes históricos e sociais da ocupação, disputa e exploração mineral do território (Bezerra et al, 2017).

Ouro Preto é também sede da Universidade Federal que leva seu nome, a UFOP. A universidade tem sua origem nas duas primeiras escolas superiores da América Latina, a de Minas e a de Farmácia, tornando-se destino de milhares de estudantes de todo país, ao longo dos anos (UFOP, 2023). Os estudantes universitários representam um grupo de grande expressão social na cidade, marcando-a historicamente com sua organização social, as repúblicas e moradias estudantis; com suas necessidades e reinvidicações, na forma da luta política pela assistência estudantil e direito à saúde; e organização política, constituindo o movimento estudantil e sistema republicano (Machado, 2007). Os estudantes universitários integram o território de Ouro Preto como comunidade ativa na história da cidade, mas, também, como grupo em situação de vulnerabilidade social e programática, pois se situam à margem e dependentes de políticas sociais que concretizam o papel social da Universidade e também da cidadania, já que, por um período de alguns anos, torna-se um morador estável da cidade, e, nesse aspecto, a sua maior depenência é quanto à assistência da saúde pública no município (Figueiredo et al, 2014).

É nesse território de diversidade, marcado pela vulnerabilidade dos sujeitos históricos, que se tem realizado investigação qualitativa para produção de conhecimento que possa contribuir com a superação dessas sucetibilidades, na forma de uma resposta social aos problemas que marcam a vida das pessoas em Ouro Preto. Busca-se conhecer interesses, limites e peso dos diferentes contextos sociais como determinante de diversas suscetibilidades e criar alternativas técnicas sensíveis a essas diferenças, capazes de serem efetivas na direção da mudança de sua condição de saúde e vida (Prado; Assis, 2021).

O objetivo desse ensaio é refletir sobre o uso das práticas grupais, especialmente o grupo focal e as rodas de diálogo, na realização do programa de investigação com pessoas e comunidades em situação de vulnerabilidade em Ouro Preto. Para além da descrição e análise das técnicas e dos processo grupais, há uma necessidade intensa de discutir como as práticas grupais e a própria investigação qualitativa são, ao mesmo tempo, produto e processo de intervenção social (Minayo, 2010). Para isso, utilizam-se “os sentidos da roda”, expressão que aponta para circularidade e integralidade entre pesquisa e ação social para promoção e construção da saúde coletiva, em sua forma política, do direito à saude, e assistencial, no cuidado às pessoas e suas necessidades.

Enquanto ensaio, o trabalho pretende uma conversa pela qual conhecimentos ancestrais e coletivos são convocados para expressar resistência e atualização epismológica, numa modalidade de escrita capaz de reformar os modos de “produção” e “distribuição” do conhecimento, superando a hegemonia de um modelo homogeneizante e suas respectivas estandardizações mortificantes do pensamento genuinamente crítico (Mendonça, 2017). Ou seja, é um convite e manifesto à produção de conhecimento que, dialeticamente, una ética, estética, ciência e política. Em síntese, um convite para a escrita e reflexão que recria e transforma a investigação qualitativa em saúde.

A construção da roda: vínculo e cuidado na investigação qualitativa

O programa de investigação toma como fundamento prático as contribuições téoricas, e vivas, dos autores latino-americanos, especialmente Pichon-Riviérie (1982), Baremblitt (1986) e Lancetii (1993), para construção e análise de grupos e coletivos como potências transformadoras; e de Paulo Freire (2018) no uso de técnicas e práticas grupais, as rodas de diálogo, que desolcultam pedaços ocultados do mundo pela ideologia dominante, intensificando a luta política por reconhecimento e direitos dos atingidos e oprimidos.

Com esses fundamentos, a histórica contribuição dos pesquisadores e pesquisadoras brasileiros no desenvolvimento da investigação qualitativa em saúde com uso das práticas grupais (Westphal et al, 1996; Zimmermann; Martins, 2008; Kinalski, 2017) é acionada constantemente, para atualizar, sustentar e legar conhecimentos com consistência científica e implicação social.

Essa trama ancestral de técnicas e análise grupal é a base téorica e prática que sustenta a realização de estudos aprofundados sobre a saúde e mais especificamente a saúde mental de pessoas e comunidades em situação de vulnerabilidade no território de Ouro Preto. Respeitando, antes de tudo, a ancestralidade do território e de seus viventes, foram-se construindo encontros e aproximações desde 2017, quando estudantes univeristários, mulheres, pessoas com deficência, moradores e moradoras de comunidades atingidas por barragens e desastres sociotecnológicos pudessem se apresentar, falar, escutar, conversar suas histórias e identidades. Iniciou-se, então, a construção de rodas de diálogo e grupos focais com essas pessoas, a fim de compreender suas situação e necessidades de saúde.

Sentar-se de modo a fomar um círculo, demonstrando segurança e acolhimento, construir uma roda de diálogos, onde todos possam se expressar com liberdade, foi o modo de iniciar a produção de conhecimento que contribua com promoção da saúde coletiva dessas pessoas.

Os grupos e rodas são construídos pelo convite, agendamento e preparação do lugar onde será o encontro. O acolhimento, como política e postura (Chauchard, 1973), é fundamental nessa construção, materializando-se na oferta de espaços traquilos, aprazíveis, seguros e acessíveis para o encontro das pessoas. Essas são recebidas e acolhidas, de modo a se sentirem seguras para participar da prática grupal. O círculo precisa ser construído pelos próprios participantes, pois nunca se faz a roda antes deles. Cada um pode escolher seu lugar de fala, mobilizar-se pelo/no grupo, assentar-se como pessoa, mas também como sujeito na roda. Dessa forma, a construção da roda é o primeiro momento da produção de conhecimento, pois revela como cada participante chega, se mobiliza e entra na prática grupal (Rogers, 2009).

Tendo construído a roda, o grupo se realiza por meio de técnicas grupais, cujo objetivo é o estabelecimento de vínculo entre os participantes, e nessa relação humanizadora e crítica (Barbossa; Bosi, 2017), possa realizar a tarefa grupal de produzir conhecimento sobre suas vidas e saúde (Dall’agnol, 2012). O vínculo enquanto unidade grupal não se estabelece somente pelo compartilhamento das experiências e conversas. Ao promover o reconhecimento, enquanto ética do encontro entre sujeitos, as rodas de diálogo e grupos focais intensificam a correspondência de potenciais, elaborando intersubjetividades que afetam os participantes. Esse “despertar para o outro” (Freire, 1976) ou “encontros do cuidado” (Cecílio, 2009) possibilitam a elaboração de relações de amizade, solidariedade e apoio mútuo, aumentando poder e autonomia dos sujeitos, os empoderandos (Vasconcelos, 2003).

Ao chegar e participar do grupo focal e roda de diálogo, os sujeitos acabam por elaborar vínculo, compartilhando, inclusive com os pesquisadores, identidades, histórias, sofrimentos, emoções. Essa torrencial experiência grupal dinamiza as diferentes expressões dos sujeitos: a conversa dá conta das histórias; o choro, sorrisos e abraços dão conta das emoções, a narrativa e o processo grupal dão conta da produção de conhecimento. É assim que estudantes universitários compartilham suas práticas e redes de cuidado de modo a garantir sua saúde (Ferreira; Assis, 2021); mulheres lamentam e enfrentam a misogenia das práticas machistas (Gonçalves, 2021; Ferreira, 2021); atingidos e atingidas acolhem o sofrimento e insegurança de viver em território ameaçado pela exploração mineral (Assis et al, 2020). Ou seja, nas práticas grupais utilizadas no programa de investigação, o vínculo enquanto relação de reconhecimento é sustentado e produzido pelo cuidado compartilhado pelos participantes da roda. O cuidado é assim, produto e meio pelo qual os participantes relacionam-se nas práticas grupais. O cuidado é o horizonte que os sujeitos estabelecem ao se encontrar e realizar o grupo (Ayres, 2004).

Cuidado e vínculo são elementos fundamentais para análise e uso das práticas grupais na investigação qualitativa, em sentido amplo, por questionar a suposta imparcialidade da razão científica, reorganizando sujeitos e produção do conhecimento (Barbour, 2009); e em sentido estrito, por deslocar, dos pesquisadores e dos próprios participantes, a centralidade na produção do conhecimento, passando-a ao próprio grupo, ao coletivo de histórias e saberes que formam, centra-se então na intersubjetividade, como ação coletiva transformadora (Lane, 1989).

De forma intensiva e transcendente, as práticas grupais podem, então, promover o encontro entre sujeitos históricos, que, juntos, podem despertar e construir o cuidado que precisam e merecem, em outras palavras, formar grupos operativos de saúde coletiva (Assis et al, 2010).

A investigação qualitativa é assim, canal e possibilidade, de integrar a participação de todos os agentes sociais envolvidos nos problemas em análise, seja porque realizam, seja porque sofrem com as intervenções ambientais e sociais que repercutem na saúde e que, a partir da saúde coletiva, produzem efeitos recursivos, que podem transformar ou manter suas realidades (Minayo, 2010).

A construção da roda simboliza o encontro entre sujeitos, histórias e posições sociais, que ensejados pelo compartilhamento de suas identidades, produzem conhecimento contextualizado, que leva em conta a origem e a historicidade, os consensos e os conflitos que marcam suas relações socias. É assim que o vínculo que estabelecem é sustentado pelo cuidado entre os sujeitos do grupo, que, ao se sentarem na roda, acabam por se ligar pelo acolhimento e apoio mútuo.

Construir uma roda de diálogo ou grupo focal tem sido assim construir espaços de encontros entre sujeitos, com o objetivo de intensificar o máximo possível esse encontro, potencializando o processo grupal como resultado do encontro de potenciais e subjetividades, na direção da produção de conhecimento vivo, coletivo e transformador.

Os giros da roda: técnica e processo grupal

Ao longo do tempo, foi-se incorporando e desenvolvendo técnicas que favorecessem o uso das práticas grupais na realização do programa de investigação. Esse aprendizado e atualização são responsáveis pela perspicácia de utilizar diferentes modos e formas de promover, com segurança e qualidade, a coleta de informações e narrativas. De modo a ser capaz de, ao analisar os grupos e rodas, possa-se revelar os saberes e histórias que fazem, do encontro e seus participantes, autores e responsáveis pelo conhecimento que produzem. Esse engajamento e autonomia na produção do conhecimento é, sem dúvida, o destaque que se tem na realização de investigação com uso de práticas grupais. Ou seja, os grupos e rodas podem propiciar a “reconstrução” da vivência coletiva e levar a emergência de novas configurações sociais (Bohnsack, 2020).

Para isso, há necessariamente que formar uma “caixa de ferramentas” (Abraão; Mehry, 2014), contendo conceitos, técnicas, experiências e afetos que possam ajudar na construção e na realização das práticas grupais na investigação qualitativa em saúde.

Estar pronto e preparado para “lidar com as tensões”, “acolher e escutar o outro, do jeito que o encontra”, estar aberto ao “devir” do trabalho vivido são algumas das “intersessões” necessárias ao pesquisador que se debruça sobre os agenciamentos dos sujeitos na vida social.

Com este desafio, passou-se a utilizar o grupo focal, enquanto técnica estruturada da investigação qualitativa, para “encurtar” ou ainda “combinar” as lacunas e distâncias entre agência e estrutura que definem os sujeitos participantes, localizando as subjetividades dentro dos contextos sociais, um empreendimento criativo (Barbour, 2009).

Em outra via, a roda de diálogo é utilizada em suas funções “restaurativa” e “formativa”, como nos “círculos de cultura”, de Paulo Freire (1991), para acolher e (in)formar os participantes de modo integral, rompendo com a fragmentação social, promovendo uma tomada de posição perante os problemas vivenciados em determinados contextos.

Como ponto de flexão e junção no uso das duas modalidades há a necessidade de fazer do empreendimento da investigação a construção de uma prática dialógica em pesquisa, que possibilita o exercício de pensar compartilhado, com intencionalidade “clínica”, na medida que toda prática grupal, envolve necessariamente, aspectos “curativos” e “reconstrutores” (Figueirêdo; Queiroz, 2013).

Munidos dessas “ferramentas” sensíveis, estão sendo elaboradas duas técnicas para realização de grupos focais e rodas de diálogo com pessoas e comunidades em situação de vulnerabilidade: os três giros da roda e as três rodas de pesquisa.

A técnica dos três giros é utilizada para realização de grupos focais com participantes que são reunidos apenas uma única vez. A sessão grupal é iniciada com a construção da roda, seguida da técnica grupal dos três giros, no qual, no primeiro giro, uma técnica grupal leve e divertida é utilizada para possibilitar aos participantes que se apresentem, da forma que preferirem, e possam, ao seu jeito e modo, ir se aproximando e se ligando aos demais participantes. Seguir a circularidade da roda ou estimulá-los que convidem e se interessem pelo “outro” do lado é um modo fácil de propriciar o encontro grupal.

No segundo giro, os participantes são convidados a discutir o tema ou objetivos da prática grupal. Os problemas de saúde, os modos de tocar a vida, as resistências e afirmações são acionados pela fala livre, pela escuta atenta e participação ativa de todos na roda. É comum que, nesse giro, a roda se dinamize. Os participantes se engajam em debates, acontece por vezes a emergência das emoções e suas expressões, como o choro. Nesse giro, o acolhimento é a política que garante que circule na roda a energia catalizadora do processo grupal.

O terceiro giro busca dar conta de finalizar a roda de modo a ajudar os participantes a sintetizar o conhecimento produzido, reunir e recompor a individualidade e histórias compartilhados, e especialmente, garantir que o vínculo elaborado na prática grupal, seja sustentado na forma de novas relações. É assim que o “giro do abraço” ou apenas, dizer “o que estou levando da roda”, enseja a finalização da roda como forma de acolhimento e restauração grupal. As sessões duram em média de 120 a 180 minutos, tendo como ponto de saturação limite a própria dinâmica da roda, pois é perceptível quando os giros e paradas da roda se estabelecem. Abaixo, apresenta-se ilustração que resume a técnica grupal dos três giros para realização do grupo focal ou roda de diálogo:

Quando a investigação carece de incursões mais longas, convivência estendidas entre os participantes e aprofundamento dessa vivência e conhecimentos, utiliza-se a realização de três sessões, intercaladas. Utiliza-se a técnica das três rodas como guia para esse aprofundamento grupal.

A primeira roda acolhe e recebe os participantes que são convidados a se apresentarem, criar e estabelecer o vínculo como ligação e pertencimento ao grupo. São estimulados a realizar as primeiras discussões sobre os temas da investigação. Na segunda roda, é discutido o tema principal da investigação de forma aprofundada. Os participantes são convocados a produzir conhecimento consistente, enfrentando desconhecimentos e preconceitos para elaborar a conciência grupal sobre o tema.

A terceira e última roda traz o desafio da construção do conhecimento em sua forma mais acabada, atualizada e elaborada coletivamente. Nessa terceira sessão os participantes estão plenamente vinculados e o processo grupal é capaz de ascender a roda a uma elaboração consciente da grupalidade, forçando e reforçando os deslocamentos subjetivos que a prática grupal possibilita. Como resultados tem-se pelo menos dois desfechos: a elaboração de vínculos suficientemente fortes para se sustentar para além da prática grupal, e uma genuína e inédita obra coletiva de saberes compartilhados.

Dessas rodas e grupos, sempre se espera resultados que transcendam os objetivos da insvestigação. Abaixo, ilustra-se a técnica das três rodas para utililização na investigação qualitativa em saúde:

Ao que se refere às técnicas grupais, chama-se atenção de que são esses dispositivos que promovem a circularidade e o vínculo entre os participantes. São práticas que envolvem o corpo, as emoções e os afetos dos sujeitos. Enquanto técnicas, precisam estar focadas no objetivo da prática grupal, que é o estabelecimento e a vivência do processo grupal, entendido não como a superação das individualidades, mas sim a ligação profícua dessas, uma identidade grupal capaz de produzir transformação e conhecimento dos e para os participantes. Em outras palavras, as técnicas grupais devem propiciar a superação da fragmentação social que impele ao individualismo e ao isolamento, na direção de não somente executar “a tarefa” grupal, mas de entrar em processo grupal, agindo de modo a não se “re-ajustar”, mas de fazer a transformação, passar de agrupamento a grupo-sujeito (LANE, 1989).

Uma rede de rodas: pesquisa e ação social

Parte-se da convicção de que o processo grupal é condição necessária para conhecer os determinantes sociais que agem sobre as pessoas, mas é também com sua constituição e dinâmica, na forma dos sujeitos coletivos, que é possível realizar a transformação ou manutenção dessa determinação. Ou seja, quando os sujeitos históricos agrupam-se, tem-se uma ação transformadora desses sujeitos e do espaço social que compartilham. Todo grupo é, por assim dizer, precursor da função histórica de manter ou transformar a realidade social (Lane, 1989).

Ante isso, questiona-se: qual função teria o processo grupal num programa de investigação? Se “a tarefa grupal” não se esgota na coleta de dados nem nos objetivos e objetos da investigação, qual destino damos aos “inéditos viáveis” que produzimos em cada grupo focal ou roda de diálogos que realizamos? Pesquisa ou revolução? Pode a investigação qualitativa ser também ação social transformadora?

A busca da integralidade, como princípio e valor da investigação qualitativa em saúde tem sido o caminho para responder a essas questões, sempre abrindo outras, na forma de uma ação política que une engajamento e pesquisa científica (Assis, 2019).

Passa-se pela construção de redes de relações e coalizões (Boissevain, 1976), que dão sustentabilidade à prática investigativa, na medida em que essa se articula, integralmente, à ação política dos sujeitos participantes das práticas grupais. Ou seja, busca-se, com a prática investigativa, construir uma rede de rodas e grupos que fomente, integre e ligue diferentes pessoas e comunidades, num processo grupal que se dirige para a produção de conhecimento e subjetividades, para a construção e a transformação da realidade de forma coletiva. Unir definitivamente pesquisa científica e ação política como afirmação prático-teórica da investigação qualitativa em saúde, em síntese, é sempre realizar uma pesquisa-ação (Tripp, 2005).

A mesma rede que se forma em cada roda estende-se para outras formas de interação entre os participantes. A inter-relação entre várias rodas, pela existência de identidades, histórias e sofrimentos compartilhados, estabele uma rede afetiva mais complexa, cuja estrutura está sempre aberta. Descrever essas redes, ao mesmo tempo que as percorrer na investigação em saúde, é sempre uma forma de forjar e contar uma história (Warschauer, 2001).

Essa rede de rodas que se formou com a realização do programa de investigação integra pessoas e comunidades, que, apesar dos diferentes contextos sociais que os abarcam, compartilham condições particulares de saúde. São jovens e adultos que, vivenciando a experiência universitária, enfrentam e aproveitam regimes de sociabilidade e confronto social intensos, compartilhando a identidade de “estudante morador de república”. Mulheres de todas as idades analisam e transformam os sentidos de “ser mulher” em espaços sociais marcados pelo machismo institucionalizado. Ao compartilhar suas resistências, as mulheres acabam por criar espaços onde se pode ser e fazer o que quiser. Quando essas mulheres vivem a condição de “atingidas” por barragem ou pela exploração mineral, o grupo exerce sua função terapêutica, acolhendo e empoderando aquelas que seguem “lutando”. Ou seja, a rede de rodas une as vozes, histórias e ações de sujeitos historicamente desconectados, porém infinitamente ligados à mesma condição histórica de “oprimidos”, de “atingidos”. Essa “jardinagem das subjetividades” parece ser o território comum que as rodas encejam aos sujeitos participantes (Dutra; 2022).

A principal contribuição do processo grupal, a investigação qualitativa em saúde, pode ser assim apontada pela constituição de uma rede de sujeitos e práticas que podem se identificar, compartilhar suas histórias e saberes, sentar juntos, e, a partir de então, transformar sua realidade, primeiramente produzindo conhecimento sobre ela, ou ainda, elaborando novas formas de habitá-la, de recriá-la. Muda também a própria investigação, passando-a a estratégia de articulação do conhecimento produzido com a ação social do grupo. Enquanto rede de sujeitos históricos, as rodas e grupos focais podem obter a dinâmica de um movimento social (Westphal, 1992).

Esse movimento em rede concerne à investigação qualitativa novas formas de produção de conhecimento, integrando e transformando a relação dos pesquisadores com os sujeitos no processo grupal.

É assim que se rompe com a estruturação que separa sujeito-estrutura, sujeito-objeto, sujeito-conhecimento, para se lançar numa prática investigativa que se permite parelhar-se às redes, sentar-se junto aos sujeitos, quando o agir científico, investigativo se une e se movimenta juntamente com o agir social, o agir grupal, coletivo.

Realizar o programa de investigação qualitativa utilizando o grupo focal e as rodas de diálogo tem sido, assim, uma forma de se apropriar e se integrar ao movimento social de transformação e superação das suscetibilidades das pessoas, que buscam sair da condição de vulnerabilidade para a de sujeitos do conhecimento e, por isso, sujeitos coletivos. Essa grupalidade tem sido a primeira expressão da mudança social dessa pessoas.

Nessa jornada de pesquisa e aprendizado, tem-se conseguido produzir conhecimento, ao mesmo tempo que o devolve imediatamente aos seus autores e à comunidade acadêmica. Convocando e sustentando o processo grupal que dinamiza, expande e transcende participantes e pesquisadores, na direção de se aproveitar ao máximo todos “os sentidos da roda” na investigação qualitativa em saúde.

Considerações Finais

Ao finalizar esse texto, esse ensaio, o objetivo é sintetizar as experiências aqui analisadas, integrando-as em três grandes aprendizados:

A investigação qualitativa é um processo de produção do conhecimento que transcende o campo científico, localizando-se em toda ação social de apropriação e de criação do mundo. Por isso, seus pesquisadores são defensores de uma sociedade democrática e livre, que se recusa a se cristalizar e a se definir por idealizações e poderes. É, por assim dizer, uma forma expressa de informar e produzir a própria realidade social, quando se debruça, estuda e investiga sua complexidade e formas. Toda investigação é assim, uma ação que contribui com o processo social.

As práticas grupais, em todas as suas técnicas e usos, são potentes e expansivas formas de produzir conhecimento, e por isso, ferramentas valiosas na investigação qualitativa em saúde. Isso porque, por um lado, possibilitam o encontro de sujeitos, detentores e produtores de saberes e práticas, com suas identidades e histórias, podendo, nesse encontro, vincular-se, compartilhar sofrimentos e resistências, instituir-se num processo grupal, que os passam a sujeito coletivo, capazes de se apropriar e transformar sua realidade. De outro lado, os grupos focais e rodas de diálogo podem transcender à investigação e servir de articulação, construir redes de sujeitos e práticas, capazes de acionar diferentes recursos subjetivos e territoriais para modificar suscetibilidades, num apoio mútuo e empoderados, construir novas formas de sociabilidade, cuidado e saúde coletiva. São assim potentes formas de investigação e ação social.

Ao realizar grupos focais e rodas de diálogo, é preciso ter consciência de que as técnicas, procedimentos e objetos da investigação não são capazes, por si mesmos, de garantir a produção do conhecimento.

São os sujeitos, entre eles os pesquisadores, que, ao se apropriar da realidade e elaborar suas identidades e vínculos, têm a chance de se afetar, de modificar suas próprias subjetividades, forjando o processo grupal. Sendo assim, as rodas de diálogo, os grupos focais, o encontro da pesquisa serão sempre um devir que se presentifica na ligação estabelecida entre os participantes, mas, fundamentalmente, na tomada de ação e consciência do conhecimento, coletivamente. É nesse instante, durante os giros da roda, é que se tem a forma mais elaborada do encontro entre ciência e política, entre saber e sentir. As práticas grupais são assim, dispositivos de conhecimento, mas também de acolhimento e empoderamento dos sujeitos.

Com essas reflexões, busca-se demonstrar as potencialidades das práticas grupais na investigação qualitativa com grupos e populações vulneráveis, apontando suas reverberações e indigência social, que aponta para processos grupais de vinculação e mobilização social. Dessa forma, as práticas grupais podem revelar e instituir formas inéditas de acolher e empoderar pessoas, grupos e comunidades em situação de vulnerabilidade.

Finalmente, o que se quis foi apresentar essas potencialidades e reflexões com base na experiência e vivência no território vivo e histórico de Ouro Preto, que corresponde a tantos territórios, grupos e comunidades de outros lugares, que podem, por meio do processo grupal, produzir conhecimentos, saberes e práticas para a mudança social

Agradecimento a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG, pelo financiamento do programa de extensão e pesquisa “De mãos dadas com Antônio Pereira” (APQ-03101-22).

Referências

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1 Ouro Preto é uma das primeiras cidades tombadas pelo Instituto do Patrimônio brasileiro (IPHAN), em 1938, e a primeira cidade brasileira a receber o título de Patrimônio Mundial, conferido pela Unesco, em 1980. Mais informações, ver http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/373/ .

Recebido: 30 de Março de 2023; Aceito: 30 de Setembro de 2023

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