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New Trends in Qualitative Research

versão On-line ISSN 2184-7770

NTQR vol.18  Oliveira de Azeméis out. 2023  Epub 30-Nov-2023

https://doi.org/10.36367/ntqr.18.1023.e857 

Artigo Original

A Investigação Qualitativa e o Desenho de Intervenções em Saúde

Qualitative Research and the Design of Health Interventions

1 Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, Portugal

2 Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, Centro de Investigação, Inovação e Desenvolvimento em Enfermagem de Lisboa (CIDNUR), Portugal

3 Escola Superior de Saúde. Universidade Atlântica, Portugal

4 Escola Superior de Saúde. Instituto Politécnico de Beja, Portugal

5 Escola de Enfermagem Anna Nery - Brasil, Centro de Investigação, Inovação e Desenvolvimento em Enfermagem de Lisboa (CIDNUR), Portugal


RESUMO

O desenho de intervenções em saúde é complexo, quando se pretende garantir a evidência, mais recente, e simultaneamente responder às necessidades da pessoa, suas expectativas e preferências, permitindo centrar e integrar o cuidado no indivíduo. Objetivos: Debater o contributo da investigação qualitativa no desenho de intervenções em saúde. Métodos Este artigo pretende responder à questão: ‘Quais os contributos da pesquisa qualitativa para o desenho de intervenções na saúde? A partir da revisão da literatura os autores refletem a importância dos estudos qualitativos para permitir a integração das necessidades, experiências e dificuldades das pessoas em áreas tão complexas como o autocuidado, a mudança comportamental ou adesão ao regime terapêutico. Resultados A investigação qualitativa é um contributo para o desenho de intervenções na saúde, suportando não só o seu desenvolvimento como também a avaliação e a implementação, pelo entendimento das questões relativas à transferência de conhecimento, à teorização de mecanismos de ação e à compreensão de como o contexto influencia e a aceitabilidade das intervenções. Esta afirmação é um repto para o uso de métodos para entender aspetos relativos à tomada de decisão das pessoas (quem recebe e quem implementa a intervenção), do contexto, modos de implementação e mecanismos da intervenção e outros elementos das intervenções que não sendo tão observáveis e prontamente mensuráveis, influenciam os resultados sensíveis aos cuidados de saúde. A abordagem dos cuidados centrados na pessoa implica que os métodos usados no design de intervenções sejam centrados na pessoa através da investigação qualitativa. Conclusões. A investigação qualitativa tem um papel fundamental na compreensão das expectativas, experiências e comportamentos das pessoas alvo das intervenções, contribuindo desta forma para uma prática baseada na evidência.

Palavras-Chave: Investigação Qualitativa; Saúde; Intervenção

ABSTRACT

The design of health interventions is complex, to ensure that it is based on the most recent evidence, and simultaneously responds to the needs of the person, their expectations and preferences, allowing centering and integrating care in the individual. Goals To debate the contribution of qualitative research in the design of health interventions. Methods This article aims to answer the question: ‘What are the contributions of qualitative research to the design of health interventions? From the literature review, the authors reflect on the importance of qualitative studies to allow the integration of people's needs, experiences and difficulties in areas as complex as self-care, behavioral change or adherence to the therapeutic regime. Results Qualitative research is a contribution to the design of health interventions, supporting not only their development but also their evaluation and implementation, by understanding issues related to knowledge transfer, theorizing mechanisms of action and understanding how the context influences and acceptability of interventions. This statement is a challenge for the use of methods to understand aspects related to people's decision-making (who receives and who implements the intervention), the context, modes of implementation and mechanisms of the intervention and other elements of the interventions that are not so observable and readily measurable, influence health care-sensitive outcomes. The person-centered care approach implies that methods used in the design of interventions are person-centered through qualitative research. Conclusions. Qualitative research plays a key role in understanding the expectations, experiences and behaviors of people targeted by interventions, thus contributing to evidence-based practice.

Keywords: Qualitative Research; Health; Intervention.

1. Introdução

A discussão em torno das intervenções em saúde e do seu desenho, não é nova, esta ganha novo protagonismo na era da saúde 4.0 e dos debates sobre a necessidade de centrar o cuidado no cidadão, integrando os cuidados e responsabilizando as pessoas pelos seus processos de saúde-doença, integrados nos projetos de vida de cada um.

Partindo do pressuposto que intervenção em saúde pode ser definida como o conjunto de ações planeadas para prevenir ou reduzir um problema de saúde específico, ou os determinantes do problema, numa determinada população, percebe-se que a intervenção tende a ser orientada de forma a promover uma mudança social-psicológica e individual na população-alvo (Wight et al., 2016).

Face ao exposto o desenho de uma intervenção em saúde é mais do que o passo que ocorre entre a ideia e a conceção de uma intervenção até que esta mesma esteja pronta para a viabilidade formal, teste piloto ou teste de efetividade antes de uma avaliação global (Hoddinott, 2015). Ela deve responder às necessidades da pessoa, suas expectativas e preferências individuais, como defendem as diferentes correntes de Prática Baseada na Evidência (Apóstolo 2017, Canadian Institutes of Health Research, 2014) e os cuidados centrados na pessoa.

O guia do Medical Research Council (MRC), revisto por Skivington et al. (2021) propõe quatro fases no desenvolvimento e avaliação de intervenções complexas: desenvolvimento e identificação, viabilidade e teste piloto, avaliação, e implementação na prática (Skivington et al., 2021). O primeiro passo neste processo é o ‘desenho’ que é quando a «intervenção tem de ser desenvolvida ao ponto em que é razoável esperar que o seu efeito seja efetivo (Hoddinott, 2015). Com alguns autores a advogarem que no desenho da intervenção sejam envolvidas as pessoas, famílias e comunidades (Jesson, & McNaughton, 2020).

Os estudos desta fase podem envolver a avaliação de bases de dados em relação a evidência publicada e pesquisa primária ou atividades prévias com a população alvo. Na prática, o desenho da intervenção é contínuo ao longo de todo o processo, visto que mudanças estão sempre a ocorrer quando uma intervenção está a ser testada, avaliada e implementada (Craig et al., 2008; O'Cathain et al., 2019; Hoddinott, 2015; Skivington et al., 2021).

Os resultados de algumas revisões sistemáticas referem que as intervenções que são desenvolvidas através de um processo sistemático e estruturado como o desenho são mais efetivas na resposta contra problemas de saúde (Garba & Gadanya, 2017; Lamort‐Bouché et al., 2018), pois são fundamentadas na compreensão do problema e projetadas para responder a como esse mesmo problema é vivenciado pela população-alvo no contexto de interesse (van Meijel et al., 2004).

Os estudos sobre a orientação prática para os profissionais de saúde e investigadores que expliquem os estágios essenciais do desenho da intervenção são escassos (Wight et al., 2016). E apesar de haver um acordo generalizado sobre a importância da estrutura conceptual, os investigadores frequentemente preocupam-se mais com a validade interna da experiência do que a construção de intervenções válidas, com envolvimento dos destinatários dos cuidados, até para a compreensão de como a intervenção pode ser adaptada/adequada ao ambiente da prática clínica e ao contexto específico, com os seus determinantes sociais, culturais, económicos e de políticas de saúde (Wight et al., 2016; O'Cathain et al., 2019).

A preocupação crescente em relação ao desenho de intervenções, implica um bom planeamento para aumentar a probabilidade, de essas mesmas intervenções, serem efetivas quando avaliadas e de, eventualmente, serem adotadas na prática (O'Cathain et al., 2019). É impossível falar da integridade das intervenções sem considerar um bom desenho conceptual que sustente a mesma (Muller et al., 2019; Thirsk & Clark, 2017; Renjith et al., 2021).

Tem havido uma procura crescente por novas intervenções, visto que profissionais de saúde lidam cada vez mais com problemas complexos, como a integração da saúde e ajuda social, risco associado ao estilo de vida e o uso da tecnologia e-health (O'Cathain et al., 2019), entre outros desafios. Como tal, antes de implementar as intervenções é necessário garantir a sua qualidade e segurança, visto que um desenho de intervenção precário pode gastar recursos públicos através de avaliações cara e, ou pior, a implementação de intervenções que são ineficazes (Wight et al., 2016; O'Cathain et al., 2019).

Assim, intervenções em saúde devem ser cuidadosamente desenhadas e desenvolvidas de maneira a potenciar a resposta a problemas de saúde (Moore et al., 2019), para que estas sejam ajustadas e eficazes no seu propósito de forma a serem implementadas como planeadas com fim de evitar danos ao doente e comunidade (O'Cathain et al., 2019).

A natureza e força das intervenções de enfermagem são frequentemente questionadas, nomeadamente pelos revisores científicos (Coon et al., 2001). Previamente, a estrutura e os guias para a pesquisa do desenho da intervenção eram baseadas em paradigmas em que a questão de pesquisa era para identificar se a intervenção era efetiva ou não. No entanto, intervenções impulsionadas principalmente por esta questão frequentemente falhavam em serem implementáveis, custo-efetivas, transferíveis e fazíveis na prática (Conn et al., 2001). Por sua vez, a nova estruturação adota uma abordagem pluralista, identificando quatro perspetivas que podem ser usadas para orientar o projeto e condução da pesquisa da intervenção: eficácia, efetividade, base teórica e sistemas. Embora cada perspetiva de pesquisa sugira diferentes tipos de questões de pesquisa, elas devem ser consideradas como sobrepostas em vez de mutuamente exclusivas (Conn et al., 2001). Mudar o foco da “questão binária da eficácia” para se e como a intervenção será aceitável, implementável, custo-eficiente, escalável e transferível por vários contextos ajudou a promover soluções para a prática (Raine, Fitzpatrik & de Pury, 2016).

O desenho da pesquisa para a construção das intervenções em saúde determina, entre outras, a natureza das informações obtidas sobre a mesma (Conn et al., 2001; Moore et al., 2015), por isso a conceitualização cuidadosa de uma intervenção é essencial para uma interpretação confiável do sucesso ou fracasso da mesma (Moore et al., 2021; Muller et al., 2019). A validade inadequada de uma intervenção leva à má interpretação dos seus resultados (Moore et al., 2021; Renjith et al., 2021; Thirsk & Clark, 2017). A ausência de uma estrutura conceitual frequentemente está associada a fracos efeitos da intervenção e à falta de explicações dos processos causais entre a intervenção e os resultados (Moore et al., 2015).

Por exemplo, teorias que descrevem fenómenos em linguagem de enfermagem sem previsões específicas têm uma utilidade limitada na preparação de intervenções e na produção de diferenças mensuráveis nos resultados (Moore et al., 2021; Renjith et al., 2021), mas teorias que fazem previsões específicas têm se provado úteis na construção de intervenções eficazes.

Assim, testar as intervenções com base em vínculos conceituais claros entre a intervenção e o fenômeno levará a um desenvolvimento mais rápido do conhecimento do que os testes de outras intervenções. A falta de relevância conceitual pode atrasar a identificação de intervenções efetivas e, por sua vez, resultar em falta de eficiência no processo interativo de pesquisa e revisão teórica (Thirsk & Clark, 2017).

Face ao exposto é objetivo deste artigo debater o contributo da investigação qualitativa no desenho de intervenções em saúde.

2. Método

Este artigo pretende responder à questão: ‘Quais os contributos da pesquisa qualitativa para o desenho de intervenções na saúde?

A partir da revisão da literatura os autores refletem a importância dos estudos qualitativos para permitir a integração das necessidades, experiências e dificuldades das pessoas em áreas tão complexas como o autocuidado, a mudança comportamental ou adesão ao regime terapêutico. Como advogam Renjith et al, (2021) os métodos qualitativos possibilitam entender o comportamento e as experiências do ser humano. As questões de investigação ‘quali’ são amplamente formuladas sobre as experiências e realidade das pessoas e estudadas em constante interação com o indivíduo, no seu ambiente natural, o que permite a produção de dados ricos e descritivos que nos ajudarão a entender as experiências.

O MRC, nas suas orientações sobre o desenho de intervenções complexas, espelha esta necessidade ao advogarem que novas e melhores metodologias são necessárias no desenho das intervenções para abordar questões importantes, a saber: como funcionam as intervenções? A quem se destinam? Em que circunstâncias são implementadas? E em que contextos? (Moore et al., 2015; Thirsk & Clark, 2017). Esta afirmação é um repto para o uso de métodos para entender aspetos relativos à tomada de decisão das pessoas (quem recebe e quem implementa a intervenção), do contexto, modos de implementação e mecanismos da intervenção e outros elementos das intervenções que não sendo tão observáveis e prontamente mensuráveis, influenciam os resultados sensíveis aos cuidados de saúde.

3. Resultados e Discussão

Internacionalmente há um crescente reconhecimento que os métodos e técnicas qualitativos permitem a compreensão aprofundada das transições de saúde/doença e ajudam na explicitação da implementação e aceitação, ou não, pela população-alvo (Thirsk & Clark, 2017).

O MRC (Moore et al., 2015) nas recomendações para o desenho de intervenções complexas na saúde, encoraja o uso da investigação, tanto quantitativa, como qualitativa, reconhecendo que a metodologia atual, alicerçada sobretudo em métodos de natureza quantitativa fica aquém de explicar de forma abrangente as intervenções (natureza, processos e resultados).

Como observam Thirsk e Clark (2017) as intervenções de saúde precisam ser compreendidas de forma a responder à complexidade dos programas, das pessoas e dos lugares. Para tal, a investigação qualitativa e os esforços de métodos mistos tentam superar os limites da pesquisa baseada em medições. Ao contrário dos métodos quantitativos, o objetivo da investigação qualitativa é explorar, narrar e explicar os fenómenos e dar sentido à complexa realidade (Renjith et al., 2021; Yardley, Bradbury, & Morrison, 2021). As quatro fases no desenvolvimento e avaliação de intervenções complexas, do guia do MRC, revisto por Skivington et al., (2021) podem ser observadas na tabela 1 (Skivington et al., 2021).

Tabela 1 Fases no desenvolvimento e avaliação de intervenções complexas 

Cada uma destas fases tem um conjunto de elementos básicos (Tabela 2) que devem ser considerados desde o início e continuamente ao longo de todo o processo de pesquisa: o contexto, a teoria do projeto, a população-alvo, as principais incertezas, e considerações econômicas. Dentro de cada fase da pesquisa de intervenção e na transição de uma fase para outra, a intervenção pode precisar ser revista com base nos dados colhidos ou no desenvolvimento da teoria do programa (O’Cathain, 2019).

Tabela 2 Elementos básicos no desenvolvimento e avaliação de intervenções complexas 

Face às fases e os elementos básicos compreende-se que a investigação qualitativa é útil para o desenho da intervenção e desde o início envolver, ativamente, as pessoas na procura de soluções para as questões de saúde que a preocupam e para a avaliação do processo. Acresce ainda a importância da mesma para o entendimento das questões relativas à implementação, à teorização de mecanismos de ação, à compreensão de como o contexto influencia e a aceitabilidade das intervenções.

Thirsk e Clark (2017) advogam que uma metodologia interpretativa é apropriada para as intervenções complexas, porque as intervenções dos serviços de saúde são representadas como consistentes, objetivas e estáticas, mas na verdade envolvem interpretação na forma como são desenhadas, validadas, implementadas e, adotadas pelas pessoas. Em outras palavras, as intervenções complexas são realmente interpretativas do início ao fim (Thirsk & Clark, 2017).

A abordagem dos cuidados centrados na pessoa implica que os métodos usados no design de intervenções sejam centrados na pessoa através da investigação qualitativa (Muller et al., 2019; Yardley, Bradbury, & Morrison, 2021), que pode ser usada nas diferentes fases do estudo para garantir que a intervenção é aceitável, viável, significativa e envolvente para a(s) pessoa(s) (Muller et al., 2019; Skivington et al., 2021). O próprio movimento de Public and Patient Involvement (PPI) na investigação prevê que o envolvimento daqueles, para quem a intervenção é significativa, possibilita uma compreensão aprofundada das opiniões e experiências de uma ampla gama de consumidores de recursos de saúde e dos contextos (Muller et al., 2019; Thirsk & Clark, 2017), nos quais eles se envolvem com a mudança comportamental, ao autocuidado ou à gestão do regime terapêutico.

O PPI tem implícito que as pessoas participam em todos os estágios do projeto, desde o desenho à interpretação dos resultados. O PPI fornece informações para o desenho das intervenções tal como os outros membros da equipa (Muller et al., 2019). Esta participação ativa e co-construção melhora a priorização dos fenómenos a serem estudados, aumenta a aceitabilidade da intervenção para os participantes e maximiza a qualidade e a disseminação dos resultados (Bonell et al., 2015; Muller et al., 2019; Skivington et al., 2021).

Muller e colaboradores (2019) alertam que o PPI não substitui a investigação qualitativa, ele deve ser envolvido com metodologias de pesquisa participativas, garantindo rigor no processo e a validade dos resultados, dado que a utilização criteriosa dos métodos ditos ‘quali’ permitem examinar o “como” e o “porquê” da tomada de decisão (Renjith et al., 2021).

4. Considerações Finais

Com este estudo pretendeu-se debater sobre os contributos da investigação qualitativa no desenho de intervenções em saúde. Foi possível verificar que a investigação qualitativa tem um papel fundamental na compreensão das expectativas, experiências e comportamentos das pessoas alvo das intervenções, contribuindo desta forma para uma prática baseada na evidência e cuidados centrados na pessoa. Além disso, esta abordagem investigativa vai estar presente em todas fases e nos elementos básicos no desenvolvimento e avaliação de intervenções complexas, garantindo que estas intervenções, quando transferidas para a práticas/implementadas, sejam mais efetivas, seguras, viáveis e aceites.

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Recebido: 30 de Março de 2023; Aceito: 30 de Setembro de 2023

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