]]>
A hipótese de que a influência da vertente nutricional no processo de envelhecimento pudesse ser relevante como forma de fomentar a qualidade de vida e aumentar a saúde e longevidade da população captou o nosso interesse. Considerando o crescimento exponencial da nutrição anti-envelhecimento e as evidências científicas que suportam o conceito, achamos pertinente a revisão deste tema. Sintetizamos as linhas condutoras do anti-envelhecimento, particularmente da área nutricional, assim como as noções implícitas ao processo de envelhecimento. Tem-se verificado um crescente interesse na nutrição anti-envelhecimento e, consequentemente, um aumento de evidências científicas. Dessa forma, uma abordagem anti-envelhecimento deve ser integrada nos cuidados de saúde preventivos, nomeadamente a nível da educação nutricional.
The hypothesis that the influence of the nutritional component in the aging process could be relevant as a way to enhance the quality of life and increase health and longevity of the population caught our interest. Considering the exponential growth of anti-aging nutrition and scientific evidence supporting this concept, we review the relevant bibliography. We synthesized the guidelines of the anti-aging, particularly the nutritional points, as well as the notions implicit on aging process. There has been a growing interest in anti-aging nutrition and consequently an increase in scientific evidences. Thus, anti-aging approach should be integrated in preventive health care, including the nutritional education.
O envelhecimento é um dos processos biológicos mais complexos, sendo definido como inevitável e irreversível, dependente da idade e do aumento da vulnerabilidade e declínio progressivo funcional (1). A saúde e bem-estar são actualmente considerados cruciais na vida de cada indíviduo (2). O aparecimento da medicina anti-envelhecimento ao longo dos últimos 20 anos tem colocado enormes desafios para a compreensão do envelhecimento e das responsabilidades concomitantes da biomedicina (3). Diversos ]]>
Vitaminas, fitoquímicos e minerais, têm propriedades benéficas para a saúde. O interesse em compostos derivados de alimentos tem crescido exponencialmente, sendo que até à data se têm registado efeitos benéficos sobre os sistemas digestivo e imunitário, e na modulação de processos inflamatórios e degenerativos no organismo humano (6). É objectivo deste artigo evidenciar o crescente interesse pela área do ]]>
Processo Fisiológico do Envelhecimento Ao contrário da doença, o processo de envelhecimento é um fenómeno normal e universal. As alterações causadas pelo envelhecimento desenvolvem-se a um ritmo diferente para cada pessoa e dependem de factores externos e internos (7). A genética do indivíduo poderá influenciar o processo de envelhecimento, na ]]>
Diversas teorias procuram explicar a origem do envelhecimento, tais como a teoria das mutações somáticas, teoria genética ou a teoria da ligação cruzada. Uma das teorias do envelhecimento, que estabelece que a sua origem está na ação dos radicais livres, está actualmente demonstrada através de um grande número de publicações científicas (9). ]]>
Fisiologicamente, o envelhecimento é de forma genérica caracterizado por alterações na composição corporal. A perda de massa magra corporal (2 a 3% por década) é frequentemente acompanhada pelo aumento da gordura corporal (10). Perante estas alterações corporais é inevitável a diminuição da capacidade funcional (cardíaca, respitória e para o exercício físico) e da performance cognitiva (11). A sarcopenia1 contribui ainda para a diminuição na força muscular, alterações da marcha e equilíbrio, e risco aumentado de doenças crónicas (12). Restrição Energética no Processo de Envelhecimento ]]>
Uma alimentação controlada, como factor externo fundamental, tem um impacto acentuado em diversos aspectos fisiológicos, nomeadamente no envelhecimento. A restrição energética é considerada o aspecto ambiental cuja manipulação é mais eficaz, conseguindo prolongar a longevidade dos seres vivos de diferentes espécies (14). Um estudo de Vallejo testou o efeito da restrição energética, sem situações de malnutrição, em humanos não obesos. Foram estudados dois grupos de 60 homens, sendo que um dos grupos foi submetido a restrição energética, cumprindo um ]]>
Em situações de restrição energética verificam-se alterações fisiológicas com impacto no processo de envelhecimento, nomeadamente a metilação do DNA, a macroautofagia e a activação das sirtuínas. A metilação do DNA, uma modificação química que se observa pela ligação de um ]]>
A macroautofagia, fusão de lisossomas com vacúolos originários do complexo de Golgi e do retículo endoplasmático liso, é proposta como o melhor mediador dos efeitos anti-envelhecimento na restrição energética, uma vez que é fortemente dependente da nutrição e é inibida por elevados níveis de insulina (17,18,19, 20). ]]>
As sirtuínas são enzimas consideradas cruciais na regulação do processo de envelhecimento em situação de restrição energética. Este processo activa a sirtuína em mamíferos (SirtM) (21). A enzima está intimamente relacionada com importantes alterações metabólicas e regulação de proteínas na resposta à restrição calórica (ver Figura 1).
Componentes Nutricionais Anti-Envelhecimento Apesar da complexidade do envelhecimento enquanto processo multifactorial, englobando ]]>
Antioxidantes A definição geral de um antioxidante é baseada na actividade do mesmo, e não na ]]>
De seguida são descritas algumas substâncias com acção antioxidante e importantes pela acção anti-envelhecimento, nomeadamente, carotenoídes, ácidos-gordos e a coenzima Q10. Carotenóides Os carotenóides são pigmentos lipossolúveis abundantes em muitas plantas, frutos e flores. Possuem poderosas propriedades antioxidantes, caracterizadas por ligações duplas conjugadas de polieno, tais como o β-caroteno, o licopeno e a luteína. A sua potente actividade antioxidante pode desenvolver o mecanismo ]]>
O β-caroteno é um dos inúmeros carotenóides provenientes da alimentação e um dos poucos que tem sido estudado no que diz respeito ao seu impacto na fisiologia humana. Este carotenóide é a forma mais abundante de pró-vitamina A nas frutas e vegetais. As capacidades químicas do β-caroteno para eliminar ]]>
O licopeno, apesar de não ser considerado um nutriente essencial, acarreta diversos benefícios para a saúde humana. Sendo, como referido, dos principais ]]>
Tabela 1 apresentam-se alguns dos géneros alimentícios ricos em licopeno e respectivos teores deste carotenóide.
2. Schweda, M., Marckmann, G. 2012. How do we want to grow old Anti-ageing-medicine and the scope of public healthcare in liberal democracies. Bioethics 3. Everts, M. C. 2010. A history of the future: the emergence of contemporary anti-ageing medicine. Sociol Health Illn. 32: 181-196 4. Cucinotta, D. 2007. Prevention of pathological aging by comprehensive clinical, functional and biological assessment. Arch Gerontol Geriatr. 44: 125-132 ]]>
5. Balvant, P. A. 2008. Anti-aging medicine. Indian J Plast Surg. 41: 130-133 6. Vranesic-Bender, D. 2010. The role of nutraceuticals in anti-aging medicine. Acta Clin Croat 49: 537-544 7. Berger, L.; Mailloux-Poirier, D. 1995. Pessoas idosas - Uma abordagem global. Lusodidacta, Lisboa, pp. 124 8. Gallo, J.J. et al. 1999. Reichel’s Care of the Elderly, 5ª ed. Lippincot ]]>
9. Harman, D. 1957. Aging: a theory based on the free radical and radiation chemistry. J.Geront. 2: 298 10. Harris, N. G. 2005. Nutrição no Envelhecimento. In: Krause - Alimentos, Nutrição & Dietoterapia. 11ª Ed, Roca, São Paulo, pp. 307 11. Barzilai, N. 2012. "Healthy Aging Physiology Core." Disponível: http://www.einstein.yu.edu/centers/aging/core-facilities/healthy-aging-physiology.aspx ]]>
12. Dutta, C. 1997. Significance of sarcopenia in the elderly. J Nutr 127: 992 13. Lutz, C.T., Quinn L.S. Sarcopenia, obesity, and natural killer cell immune senescence in aging: altered cytokine levels as a common mechanism. Agimg (Albany NY). 2012 Aug; 4(8):535-46 14. Li, Y. et al. 2011. Epigenetic regulation of caloric restriction in aging. Biomed central medicine ]]>
15. Vallejo, E.A. 1957. Hunger diet on alternate days in the nutrition of the aged. Prensa Med Argent; 44 (2):119–120 16. Bergamini, E. et al. 2003. The anti-ageing effects of caloric restriction may involve stimulation of macroautophagy and lysosomal degradation, and can be intensified pharmacologically. Biomedicine & Pharmacotherapy 57: 203–208 17. Galban, V. D., Kettelhut, I. C. 2012. "Mecanismos de proteólise e seus ]]>
http://www.rbi.fmrp.usp.br/proteol/proteol.htm [data da consulta: 18/06/2012] 18. Yorimitsu, T., Klionsky, D. J. 2005
Autophagy: molecular machinery for self-eating. Cell Death Differ 12: 1542-1552 19. Kilonsky, D. J. 2005. The molecular machinery of autophagy: unanswered questions. J Cell Sci. 118: 7-18 20. Camici, G. G. et al. 2010. Anti-Aging Medicine: Molecular Basis for Endothelial ]]>
21. Pan, M. H. et al. 2012. Molecular mechanisms for anti-aging by natural dietary compounds. Mol. Nutr. Food 56: 88-115 22. Ribaric, S. 2012. Diet and Aging. Oxidative Medicine and Cellular Longevity. 2012 23. Halliwell B., Gutteridge J. 1995. The definition and measurement of antioxidants in b iological systems. Free Rad. Biol. Med. 18: 125-128 ]]>
24. Halliwell, B. 2007. Oxidative stress and cancer: have we moved forward. Biochem. J. 401: 1-11 25. Khlebnikov, A. I. et al. 2007. Improved quantitative structure-activity relationship models to predict antioxidant activity of flavonoids in chemical, enzymatic, and cellular systems. Biorg. Med. Chem. 15: 1749–1770 26. Berger, R. G. et al. 2011. Antioxidants in food: Mere myth or magic medicine Critical reviews in food science and nutrition: 162-171 ]]>
27. Pan, M. H. et al. 2012. Molecular mechanisms for anti-aging by natural dietary compounds. Mol. Nutr. Food 56: 88-115 28. Fontana, J. D. et al. 1997. Carotenóides. Biotecnologia, Ciência & Desenvolvimento: 40 29. Campos, F. M. et al.2003. Teores de beta-caroteno em vegetais folhosos preparados em restaurantes comerciais de Viçosa, Brasil ]]>
30. Levy, J.; Sharoni, Y. 2004. As funções do licopeno do tomate e seu papel na saúde humana. Disponível: http://pt.scribd.com/doc/3673637/As-funcoes-do-licopeno-do-tomate-e-seu-papel-na-saude-humana [data da consulta: 15/06/2012] 31. Rao, A. V. et al. 1998. Lycopene content of tomatoes and tomato products and their contribution to dietary lycopene. Food Research International 32. Gebauer, S. K. et al. 2006. n-3 Fatty acid dietary recommendations and food sources to achieve essentiality and cardiovascular benefits. Am J Clin Nutr 83 ]]>
33. Deckelbaum, R. J., Torrejon, C. 2011. The Omega-3 Fatty Acid Nutricional Landscape: Health Benefits and Sources. American Society for Nutrition 34. Mostofsky, D. I. et al. 2004. The use of fatty acid supplementation for seizure managment. Neurobiology of lipids 35. Swanson, D. et al. 2012. Omega-3 fatty acids, EPA and DHA: health benefits troughout life. Adv Nutr. 3: 1-7 36. ]]>
37. Tan, Z. S. et al. 2012. Red blood cell omega-3 fatty acid levels and markers of accelerated brain aging. Neurology 78: 658-664 38. European Food Safety Autgority. 2010. Scientific Opinion on Dietary Reference Values for fats, including saturated fatty acids, polyunsaturated fatty acids, monounsaturated fatty acids, trans fatty acids, and cholesterol. European Food ]]>
39. Gebauer, S. K. et al. 2006. n-3 Fatty acid dietary recommendations and food sources to achieve essentiality and cardiovascular benefits. Am J Clin Nutr 83 40. Simopoulos A.P. et al. 2012. Common purslane: a source of omega-3 fatty acids and antioxidants. Disponível: http://www.jacn.org/content/11/4/374.short [data da consulta: 11/06/2012] 41. Tur, J. A. et al. 2012. Dietary sources of omega 3 fatty acids: public health ]]>
42. Morisco, C. et al. 1993. Effect of coenzyme Q10 therapy in patients with congestive heart faillure: a long-term multicenter randomized study. Clin Investig. 71: 134-136 43. Munkholm, H. et al.1999. Coenzyme Q10 treatment in serious heart failure. Biofactors 9: 285-289 44. Schults, C. W. et al. 2002. Effects of coenzyme Q10 in early Parkinson disease: ]]>
45. Janson, M. 2006. Orthomolecular medicine: the terapeutic use of dietary supplements for anti-aging. Clin Interv Aging 1: 261-265 46. Economic and Social Affairs. 2001. World Population Prospects. United Nations Population Division 165
Recebido a 27 de Dezembro de 2012 Aceite a 30 de Abril de 2013 ]]>
A201156615-621M201032181-196D200744125-132P200841130-133D201049537-544LMailloux-Poirier.D199519572298NKrause - Alimentos.Nutrição & Dietoterapia2005