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Medicina Interna

versão impressa ISSN 0872-671X

Medicina Interna vol.24 no.1 Lisboa mar. 2017

 

IMAGENS EM MEDICINA / IMAGES IN MEDICINE

Leishmaniose Visceral Crónica em Paciente com Infeção Avançada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana

Chronic Visceral Leishmaniasis in a Patient with Advanced Human Immunodeficiency Virus Infection

Renata Violante Silva, Vanessa Pires, Ana Paula Castro, Fernando Guimarães

Serviço de Medicina, Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro - Hospital de Vila Real, Vila Real, Portugal

Correspondência

 

 

Palavras-chave: Co-infecção; Infecções por VIH; Leishmaniose Visceral.

 


Keywords:Coinfection; HIV Infections; Leishmaniasis, Visceral

 


 

Em 2002, um homem rural de 33 anos, dependente de substâncias ilícitas foi reconhecido infetado pelo VIH 1. Revelou-se pouco aderente à consulta. Em janeiro 2005 a contagem de linfócitos CD4 era 56/mm3. Iniciou terapêutica antirretrovírica. Semanas depois foi admitido por quadro febril agudo, baço palpável e leucopenia e trombocitopenia ligeiras. Teve alta melhorado após investigação inconclusiva. Resultado serológico positivo para leishmaniose recebido posteriormente foi negativo na repetição.

Em abril 2008 foi internado por febre, emagrecimento, esplenomegalia e pancitopenia, com CD4 21/mm3. O aspirado medular evidenciou presença de leishmanias. Fez tratamento com anfotericina B lipossómica (ABL) intravenosa (IV), mas abandonou a profilaxia secundária. Em janeiro 2009, recaída de leishmaniose visceral (LV). Tentada ABL sem sucesso. Respondeu a antimoniato de meglumina e alopurinol, passando à consulta com manutenção ad hoc do antimoniato IV quinzenal. Quatro meses depois, candidose esofágica e nova exacerbação de LV, tratada com pentamidina IV. Iniciou miltefosina, sem melhoria objetiva, mas com estabilidade clínica.

Em novembro 2013 o paciente foi internado por anemia com necessidade transfusional e esplenomegalia, com grande infestação medular de amastigotas de Leishmania (Fig. 1 e Fig. 2). Novamente tentada ABL, com tolerância e melhoria, mas a profilaxia foi interrompida por recorrente toracalgia e mal-estar durante as perfusões. Dez anos após o início da LV, apresenta debilitação, emagrecimento, hepatoesplenomegalia, pancitopenia, necessidade de transfusão 3/3 semanas, CD4 50-100/mm3, apesar de supressão da carga viral.

 

 

A LV é uma infeção arrastada, frequentemente fatal se não tratada, mas curável com tratamento. A apresentação da LV nos pacientes infetados pelo VIH é semelhante aos indivíduos VIH negativos, com febre e esplenomegalia associados a pancitopenia, adenopatias generalizadas, fraqueza e síndrome de wasting.1 Contudo, nos pacientes com LV infetados pelo VIH com imunodepressão avançada as taxas de falência terapêutica, recidivas e mortalidade são bastante significativas,1 mesmo com ABL,2 tratamento de primeira escolha. Na Europa esta co-infeção ocorre sobretudo nos países da bacia mediterrânica.3 A miltefosina (oral), menos eficaz neste contexto, tem sido usada compassivamente para controlo da doença em casos seleccionados4 e poderá ser útil em combinação.5

 

Referências

1. Jarvis JN, Lockwood DN. Clinical aspects of visceral leishmaniasis in HIV-infection. Curr Opin Infect Dis. 2013; 26: 1-9.         [ Links ]

2. Ritmeijer K, ter Horst R, Cane S, Aderie EM et al. Limited effectiveness of high-dose liposomal amphotericin B (AmBisome) for treatment of visceral leishmaniasis in an Ethiopian population with high HIV prevalence. Clin Infect Dis.2011; 53: e152-8.         [ Links ]

3. Desjeux P, Alvar J. Leishmania / HIV co-infections: Epidemiology in Europe. Ann Trop Med Parasitol. 2003; 97: S3-15.         [ Links ]

4. Sindermann H, Engel KR, Fisher C, Bommer D et al. Oral miltefosine for leishmaniasis in immunocompromised patients: compassionate use in 39 patients with HIV infection. Clin Infect Dis. 2004; 39:1520-3.         [ Links ]

5. McQuarrie S, Kasper K, Moffatt D, Marko D. Relapse of visceral leishmaniasis in an HIV-infected patient successfully treated with a combination of miltefosine and amphotericin B. Can J Infect Dis Med Microbiol. 2015; 26: 325-9.         [ Links ]

 

Correspondência: Renata Violante Silva renata.vpa@gmail.com
Serviço de Medicina, Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro - Hospital de Vila Real, Vila Real, Portugal
Av. Noruega, Lordelo, 5000-508 Vila Real

 

Protecção de Seres Humanos e Animais: Os autores declaram que não foram realizadas experiências em seres humanos ou animais

Direito à Privacidade e Consentimento Informado: Os autores declaram que nenhum dado que permita a identificação do doente aparece neste artigo.

Conflitos de Interesse: Os autores declaram a inexistência de conflitos de interesse na realização do presente trabalho

Fontes de Financiamento: Não existiram fontes externas de financiamento para a realização deste artigo

 

Recebido: 28/07/2016

Aceite: 16/09/2016

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