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Revista de Enfermagem Referência

versão impressa ISSN 0874-0283versão On-line ISSN 2182-2883

Rev. Enf. Ref. vol.serV no.3 Coimbra jul. 2020

https://doi.org/10.12707/RV20035 

ARTIGO DE INVESTIGAÇÃO (ORIGINAL)

RESEARCH PAPER (ORIGINAL)

 

Vivências dos adolescentes acerca das substâncias psicoativas e sua interface com género, políticas e media

Adolescents’ experiences of psychoactive substances and their interface with gender, politics, and the media

Experiencias de los adolescentes con las sustancias psicoactivas y su relación con el género, la política y los medios de comunicación

 

Camila Souza de Almeida* 1
https://orcid.org/0000-0002-7032-0945

Francisco Carlos Félix Lana 2
https://orcid.org/0000-0001-9043-3181

 

1 Universidade do Estado de Minas Gerais, Divinópolis, Minas Gerais, Brasil

2 Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

 

RESUMO

Enquadramento: O consumo de substâncias psicoativas por adolescentes pode acarretar danos, sendo esses relacionados com as condições socioculturais.

Objetivo: Compreender as vivências dos adolescentes sobre os determinantes socioculturais do uso de substâncias psicoativas.

Metodologia: Pesquisa de método misto, conduzida com adolescentes de Divinópolis, Minas Gerais. No eixo quantitativo (n = 303) aplicaram-se os módulos de uso de bebidas e drogas ilícitas da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. O eixo qualitativo (n = 18) foi preponderante e seguiu-se ao quantitativo. Realizou-se análise descritiva dos fatores associados para as variáveis quantitativas. No qualitativo analisaram-se os discursos com base na determinação social.

Resultados: Os adolescentes que fazem uso de bebidas alcoólicas pretendem após o ciclo escolar continuar a trabalhar e estudar e tendem a fazer amizade com quem também faz uso. Quanto ao sexo, o consumo por mulheres não é socialmente aceite. As políticas públicas e os media não alcançam os adolescentes quando o assunto é substâncias psicoativas.

Conclusão: Os adolescentes reproduziram o discurso do seu grupo social, demonstrando os preceitos éticos e morais da sua comunidade.

Palavras-chave: comportamento do adolescente; drogas ilícitas; política pública; comportamento social; economia; identidade de género

 

ABSTRACT

Background: Psychoactive substance use among adolescents can result in harm linked to sociocultural conditions.

Objective: To understand adolescents’ experiences of the sociocultural determinants of psychoactive substance use.

Methodology: Mixed-methods study conducted with adolescents from Divinópolis, Minas Gerais. In the quantitative axis (n = 303), the modules on the use of alcohol and illicit drugs from the National School Health Survey were applied. The qualitative axis (n = 18) was predominant and followed the quantitative axis. A descriptive analysis of the associated factors was performed for the quantitative variables. In the qualitative axis, the participants’ narratives were analyzed based on social determination.

Results: Adolescents who drink alcohol intend to continue working and studying after finishing school and to have friends who also drink alcohol. As for gender, consumption among women is not socially accepted. Public policies and the media do not reach adolescents when it comes to psychoactive substances.

Conclusion: Adolescents reproduced the discourse of their social group, demonstrating the ethical and moral precepts of their community.

Keywords: adolescent behavior; illicit drugs; public policy; social behavior; economics; gender identity

 

Resumen

Marco contextual: El consumo de sustancias psicoactivas por parte de los adolescentes puede causar daños, que están relacionados con las condiciones socioculturales.

Objetivo: Comprender las experiencias de los adolescentes en cuanto a los determinantes socioculturales del uso de sustancias psicoactivas.

Metodología: Investigación de método mixto, realizada con adolescentes de Divinópolis, Minas Gerais. En el eje cuantitativo (n = 303) se aplicaron los módulos de uso de bebidas y drogas ilícitas de la Encuesta Nacional de Salud Escolar. El eje cualitativo (n = 18) fue predominante y siguió al cuantitativo. Se llevó a cabo un análisis descriptivo de los factores asociados para las variables cuantitativas. En el cualitativo se analizaron los discursos basados en la determinación social.

Resultados: Los adolescentes que consumen bebidas alcohólicas tienen la intención de seguir trabajando y estudiando después de la escuela y tienden a hacer amistad con los que también las consumen. En cuanto al sexo, el consumo por parte de las mujeres no está aceptado socialmente. Las políticas públicas y los medios de comunicación no llegan a los adolescentes cuando se trata de una sustancia psicoactiva.

Conclusión: Los adolescentes reprodujeron el discurso de su grupo social, demostrando así los preceptos éticos y morales de su comunidad.

Palabras clave: conducta del adolescente; drogas ilícitas; política pública; conducta social; economía; identidad de género

 

Introdução

A adolescência é uma fase de intensas mudanças físicas e psicossociais, em que o adolescente deseja novas sensações e aprendizagens (Faria-Filho, 2014). O uso de substâncias psicoativas (SPA) pode despontar como uma dessas novas sensações. O seu uso encontra-se entre as principais causas de incapacidade e morte prematura no mundo, principalmente o consumo de álcool (Jones, 2016).

O que determina o uso de SPA por adolescentes é uma das principais questões que devem ser analisadas quando se investiga sobre o consumo de bebidas alcoólicas e drogas nesta faixa etária. Para tal, deve ter-se em conta que os fenómenos de saúde e doença, e consequentemente do uso de SPA, fazem parte de um só processo, em que os fatores biológicos são influenciados pelas condições socioeconómicas e culturais nas quais os indivíduos estão situados de acordo com a sua inserção nos processos de produção e reprodução social (Almeida & Gomes, 2014). Assim, o fenómeno do uso de SPA deve ser analisado com base nas dimensões geral, particular e singular (Breilh, 2006).

Tendo por base o que foi exposto é relevante que se compreendam as determinações do consumo de SPA na visão dos adolescentes, para que os programas governamentais e os meios de comunicação social consigam dialogar com a realidade destes.

O presente artigo foi extraído de uma tese de doutoramento que contou com quatro capítulos, na qual se discutiram as determinações sociais do uso de SPA no quotidiano dos adolescentes. O capítulo que originou este artigo teve como objetivo compreender as vivências dos adolescentes sobre os determinantes socioculturais do uso de SPA.

 

Enquadramento

O consumo de SPA ocorre em todas as culturas, sendo o álcool uma das principais substâncias utilizadas, causando graves danos à saúde a curto e a longo prazo (Liu et al., 2018). O seu uso por adolescentes é considerado elevado em países em desenvolvimento, como Brasil e China, sendo que na China, o consumo entre adolescentes de 12 a 17 anos, num período de análise de 30 dias foi de 42,2% (Liu et al., 2018). No Brasil, um estudo conduzido em Belo Horizonte, Minas Gerais, revelou um aumento do consumo de bebidas em binge drinking (consumo excessivo episódico) no período de 2010 a 2012, de 35,6% para 39,9% (Jorge et al., 2017).

Ao analisar-se o uso das SPA a nível social, verifica-se que o álcool é permitido pela sociedade, mas o seu uso abusivo não. Já o consumo de drogas ilícitas é condenado e o consumidor estigmatizado socialmente. Tem-se, assim, que o uso abusivo de SPA pode ser tratado tanto como uma doença ou como um desvio moral, a depender da posição social do consumidor (Huang, Soto, Fujimoto, & Valente, 2014). Este facto, transforma o consumo passível de tratamento clínico e cria-se a necessidade da melhoria da saúde, mas culpabiliza apenas o indivíduo pelo seu mal.

Especificamente em relação aos adolescentes, a superexposição dos meios de comunicação social e as exigências da pós-modernidade fizeram com que se tornassem consumidores marcados por conflitos e necessidade de experimentação, ansiando serem aceites socialmente e responder às exigências do mercado consumidor (Souza & Silva, 2006).

Assim, o consumo de SPA é um fenómeno multidimensional com vertentes económicas, sociais e culturais, e para analisá-lo é necessário englobar tanto as dimensões macrossociais quanto as singulares da determinação social. Compreende-se a dimensão macrossocial como o processo de saúde-doença a nível coletivo enquanto que a dimensão particular se desenrola nos grupos sociais e os processos singulares ocorrem no quotidiano dos indivíduos, com influência do seu genótipo e fenótipo (Lu et al., 2016).

Assim, ao discutir-se o fenómeno do uso de SPA por adolescentes, dados meramente descritivos não conseguem abranger a complexidade do problema. A descrição estatística deve fazer-se acompanhar da compreensão em profundidade da problemática, uma sustentando a outra, considerando os fatores de uso, mas ao mesmo tempo discutindo as suas interfaces com os determinantes socioculturais e económicos em que se desenrola o fenómeno (Abeldaño, Fernández, Ventura, & Estario, 2013).

 

Questão de investigação

Quais as vivências dos adolescentes sobre os determinantes socioculturais do uso de SPA?

 

Metodologia

O presente estudo seguiu o método de investigação misto. Este tipo de investigação analisa tanto dados qualitativos como dados quantitativos. A estratégia adotada foi a exploratória sequencial, em que se priorizou o eixo qualitativo da investigação e os resultados de ambos os eixos foram integrados na interpretação dos dados com base no referencial teórico (Breilh, 2006).

Uma forma de minimizar vieses e aumentar a validade do estudo foi através da realização da fase quantitativa primeiro, pois por se se tratar de uma temática sensível e envolta em tabus, muitos alunos poderiam sentir-se desconfortáveis em participar na parte qualitativa, expondo as suas vivências. Com a aplicação do eixo quantitativo primeiramente, criou-se confiança mútua, o que facilitou a realização das entrevistas semiestruturadas. Além disso, esperava-se com a análise dos dados quantitativos reconhecer lacunas e possíveis questões importantes para a fase qualitativa.

O estudo foi conduzido com adolescentes que frequentavam o 9º ano do ensino fundamental na cidade de Divinópolis, Minas Gerais, Brasil. Justifica-se a escolha desta amostra por ter sido a mesma faixa etária utilizada pela Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2015, cujos questionários relacionados com as informações gerais e com o uso de álcool e outras drogas foram utilizados no eixo quantitativo do presente estudo (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2016). Quanto ao período de colheita de dados, este decorreu de maio de 2017 a março de 2018.

Em relação às questões sobre a experimentação e uso de álcool, a PenSE de 2015 contém oito questões, que se referem ao adolescente já ter experimentado bebidas alcoólicas, se sim, qual foi a idade de experimentação, quantos dias de uso no mês, número de doses consumidas nos últimos 30 dias, forma de aquisição da bebida, problemas relacionados com o uso de álcool e sobre ter amigos que fazem uso de bebidas alcoólicas (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2016).

O eixo quantitativo seguiu os mesmos critérios de amostragem da investigação original. O tamanho da amostra foi calculado para fornecer estimativas da prevalência do consumo de álcool nos últimos 30 dias por adolescentes do 9º ano, estimado em cerca de 23% para o Brasil (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2016). Considerando uma população de 3.000 alunos do 9º ano, com um erro amostral máximo de 5%, em valores absolutos, nível de confiança de 95% e efeito do plano amostral (efeito do desenho amostral de conglomerados) de 1,5, estimou-se uma amostra de aproximadamente 375 alunos do 9º ano, já considerando possíveis perdas.

Considerando o número médio de 30 alunos por turma, estimou-se uma amostra de aproximadamente 13 escolas (= 375/30), distribuídas proporcionalmente entre os estratos de alocação de escolas públicas e privadas, sendo que aproximadamente 15% das turmas de 9º ano da cidade estavam em escolas privadas, contra 85% em escolas públicas. Desta forma, seguindo a distribuição proporcional, a amostra foi composta por duas escolas privadas e 11 escolas públicas. A escolha deu-se por sorteio simples aleatório. Considerando as recusas e perdas previstas, obteve-se um total de 303 respondentes nas 13 escolas selecionadas.

A aplicação dos módulos ocorreu nas próprias instituições, sendo aplicado pela própria investigadora. Como critério de inclusão considerou-se: estar regularmente matriculado no 9º ano do ensino fundamental das escolas sorteadas e encontrar-se presente em sala de aula no dia marcado para a explicação do projeto, assim como no dia da aplicação dos questionários. Os critérios de exclusão foram: não estar presente no momento da explicação do projeto, assim como no dia da aplicação não estar em sala de aula. Para os adolescentes que possuíam alguma limitação para o autopreenchimento do questionário, solicitou-se aos monitores que os auxiliassem em local reservado a este fim, sem interferência de professores.

Na análise dos dados quantitativos, primeiramente fez-se uma descrição geral das variáveis dos módulos aplicados, com distribuição de frequência, medidas de tendência central (média), variabilidade (desvio-padrão) e posição (mediana, mínimo e máximo). Num segundo momento associaram-se os fatores de uso de álcool por adolescentes, tendo como base o referencial teórico da determinação social (Breilh, 2006). A variável resposta utilizada foi “Alguma vez na vida você tomou uma dose de bebida alcoólica?”, categorizada em sim ou não. Já as variáveis explicativas foram agrupadas em categorias de co-variáveis. Como o presente artigo é um recorte de uma tese, as covariáveis aqui analisadas serão: sexo; quando terminar o ciclo escolar o que pretende fazer (somente continuar a estudar/ somente trabalhar/ continuar a estudar e a trabalhar/ seguir outro plano/ não sabe) e possui amigos que bebem? (sim/não).

Os dados colhidos foram armazenados e organizados numa folha de cálculo eletrónica e analisados com auxílio do programa estatístico STATA, versão 12.0. Logo depois, realizou-se análise descritiva de todas as variáveis estudadas e foi estimada a prevalência do consumo de álcool na vida com o respetivo intervalo de confiança de 95% (IC95%).

Para avaliar possíveis fatores associados ao consumo, na análise univariada, usou-se o teste do qui-quadrado de Pearson. Em seguida, foi utilizado o modelo de Poisson com variâncias robustas, tanto simples como múltiplo. Para a análise das variáveis univariadas utilizou-se como referência um valor-p menor que 0,20. No modelo final permaneceram somente as variáveis com nível de significância igual ou menor do que 5%. Foram estimados os valores de razão de prevalência (RP), com IC95%.

Após a análise dos dados quantitativos, seguiu-se a aplicação do eixo qualitativo, que foi o preponderante. Com base no referencial teórico e com as análises do eixo quantitativo já realizadas, elaborou-se um guião semiestruturado. Este, foi dividido em três partes: a primeira abordou a dimensão macrossocial, com questões sobre género, violência, meios de comunicação social e visões gerais sobre o uso de SPA; a segunda parte contou com questões singulares referentes à escola em que estuda, família, amigos, perceção sobre vizinhança e demais contactos sociais, e por último, a terceira parte incluiu questões sobre o próprio adolescente, em que se procurou entender o seu consumo de SPA, os seus sentimentos e vivências.

Selecionaram-se as seis escolas com maior número de alunos que participaram na primeira etapa. As escolas que compuseram a seleção foram uma escola pública municipal, quatro escolas públicas estaduais e uma escola particular e logo depois sortearam-se três estudantes por instituição. Esta escolha teve como objetivo aumentar a diversidade dos olhares acerca do fenómeno, e se com os 18 alunos entrevistados não se alcançasse a saturação teórica e de dados, novas entrevistas seriam realizadas, no entanto obteve-se a saturação com o número inicial de entrevistas (Saunders et al., 2018). O critério de seleção dos participantes do eixo qualitativo foi ter participado no eixo quantitativo e encontrar-se na escola no dia marcado para a entrevista semiestruturada, no caso de o estudante sorteado não estar presente, um novo sorteio foi realizado. Os critérios de exclusão foram não estar presente no dia da entrevista ou encontrar-se noutra atividade didática.

A colheita de dados ocorreu nas próprias escolas, em horário de aulas, em local privado. O tempo médio de entrevista foi de 25 minutos, utilizou-se gravador, com autorização dos participantes. Como forma de identificar os entrevistados utilizaram-se códigos alfanuméricos, sendo as letras M (masculino) ou F (feminino) seguido pelo número da entrevista. O diário de campo foi uma peça importante para a interpretação dos dados da investigação e para a sua discussão.

Os resultados qualitativos foram interpretados por meio da hermenêutica-dialética, por compreender-se que o estudo deveria abarcar os sentidos dos adolescentes quanto ao uso de SPA e por se relacionar com o referencial teórico (Alencar, Nascimento, & Alencar, 2012). A trajetória deu-se pela seguinte ordem: ordenação dos dados, classificação e análise final, com todas as etapas dinâmicas e complementares (Alencar et al., 2012).

A ordenação dos dados ocorreu com a leitura das entrevistas juntamente com a leitura do diário de campo. A classificação dos dados possibilitou a construção dos núcleos de sentido, em que se realizou a síntese horizontal e a vertical. A síntese horizontal permitiu observar as diferenças e igualdades nas falas dos entrevistados, já na vertical foi possível generalizar e ter uma ideia sobre a perceção de cada entrevistado.

Em seguida, realizou-se a leitura transversal de todo o material, confrontando-o com o referencial teórico e o diário de campo. Com base nesta leitura construiram-se as determinações fundamentais, que consistiram num resumo das observações de campo de cada escola juntamente com a análise transversal e horizontal dos núcleos de sentidos. Com estas etapas, construiu-se a determinação geral fundamental de todas as entrevistas. Na análise final utilizou-se a estratégia exploratória sequencial, e os eixos quantitativo e qualitativo foram integrados e interpretados à luz do referencial teórico (Creswell & Clark, 2013). Após estas etapas, estruturaram-se três categorias, que originaram quatro capítulos na tese. O presente artigo discute o segundo capítulo e está estruturado em três subcategorias.

O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (parecer nº 2.007.097). Os indivíduos selecionados assinaram o termo de assentimento livre e esclarecido e por se tratar de estudo envolvendo adolescentes, os responsáveis consentiram com a participação dos mesmos por meio do termo de consentimento livre e esclarecido. A pesquisa atende às determinações da Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde Brasileira.

 

Resultados

O eixo quantitativo teve uma amostra representativa de 303 adolescentes que frequentavam o 9º ano do ensino fundamental em 2017, dos quais 54,7% (n = 158) eram do sexo masculino, com idade média de 14 anos. Quanto aos respondentes do módulo de uso de bebidas alcoólicas, 298 adolescentes responderam se alguma vez na vida tinham consumido bebidas alcoólicas, sendo que destes, 50,3% (n = 150) experimentaram bebidas alcoólicas na vida, com média de início de uso de 13 anos (12,8 ± 1,9). A tabela abaixo (Tabela 1) apresenta a análise univariada para os determinantes associados ao consumo de álcool, pertinentes para a discussão.

Nesta análise verificaram-se associações entre consumir bebidas alcoólicas e pretensões pós conclusão do ciclo escolar, sendo que adolescentes que pretendem apenas trabalhar têm probabilidade 3,11 vezes maior de já ter consumido bebidas, assim como ter amigos que bebem eleva a probabilidade de consumir bebidas alcoólicas.

Na análise multivariada (Tabela 2), as variáveis pretensão após ciclo escolar e amigos que bebem continuaram associadas, sendo que a maior probabilidade de já terem feito o consumo de bebidas alcoólicas dos que pretendem trabalhar e estudar após o ciclo escolar (IC95% = 1,33;4,19). A associação entre beber e ter amigos que o fazem continuou substancial.

 

 

Na segunda etapa (qualitativa) foram entrevistados 18 participantes, em que 50,0% (n = 9) eram do sexo feminino, com média de idade de 14 anos, e destes, 33,4% (n = 6) nunca experimentaram bebidas alcoólicas na vida, e em relação à dependência administrativa dos seis alunos que nunca experimentaram álcool, 66,6% (n = 4) eram de escolas estaduais. Quanto ao consumo de bebidas alcoólicas e género, 77,0% (n = 7) das raparigas já tinham consumido na vida e 55,5% (n = 5) dos rapazes já o fizeram. Nenhum dos entrevistados deste eixo da pesquisa relatou o consumo de drogas ilícitas.

A primeira subcategoria denomina-se O imaginário social: género e o uso de SPA, em que se observou que o consumo de álcool pelas mulheres ainda é considerado um desvio em comparação ao consumo pelos homens. Percebeu-se o discurso padronizado de que não existem diferenças entre os sexos, mas encontraram-se contradições, quando estes mesmos adolescentes consideraram os episódios de uso de álcool pelas mulheres piores do que os mesmos episódios ocorridos com os homens.

“Acho que para as mulheres veem (a sociedade) diferente, infelizmente. Porque tem aquela coisa da mulher não poder beber, não poder fazer nada de errado. Aí quando a mulher bebe acham errado!” (F14, novembro de 2017). “As meninas são piores que os homens. Bebem mais, dão mais trabalho. Todo mundo olha e pensa! Mulher tem que dar mais o exemplo!” (M15, novembro de 2017).

O adolescente M15 estuda numa das escolas estaduais, num bairro próximo do centro, relata que a sua mãe faz uso ocasional de bebidas alcoólicas e apenas no domicílio, já o pai e o irmão fazem-no em maior quantidade. O adolescente possui uma família nuclear e no seu discurso reproduz a visão familiar quanto ao consumo de álcool pelas mulheres.

Outro ponto abordado pelos adolescentes refere-se ao machismo. As adolescentes F10 e F11 refletem sobre como o imaginário social permeia o fenómeno. Ambas advêm de uma classe social vulnerável, estudam na escola mais periférica incluída no presente estudo, consomem álcool e não possuem a presença da figura paterna. O pai de F10 estava preso na época da entrevista e o de F11 faleceu devido a um acidente ocorrido quando estava intoxicado por SPA.

Não vejo diferença! Mulher bebe normal. Para mim é a mesma coisa, mas pensando assim… É mais feio para mulher, né? Por que é o machismo! Aí a mulher cai e fica feia na rua, agora para o homem é bonito ficar lá deitado no chão. (F10, novembro de 2017)

“Eu acho que tem preconceito sim. Uma mulher que bebe muito é p***, né? Todo mundo fala, os homens é curtição” (F11, novembro de 2017).

As falas das adolescentes demonstram como as experiências vivenciadas influenciam a perceção do fenómeno e, apesar do discurso da maioria dos adolescentes refletir que o consumo de álcool deveria ser tratado igualmente entre os sexos, as próprias relatam contradições quanto ao facto.

“Para a menina é feio ficar tonta e cair no chão” (F7, novembro de 2017). “Ele (namorado) acha feio beber e cair. Aí eu evito” (F10, novembro de 2017).

A adolescente F10 expõe que evita o consumo de álcool devido à vigilância do seu namorado, mesmo tendo relatado, como citado anteriormente, sobre como o machismo inibe o consumo de álcool pelas mulheres, mostrando assim a sua sujeição aos paradigmas sociais.

A violência sofrida pelas mulheres devido ao consumo de SPA pelos companheiros também foi referida pelas adolescentes F10 e F11. A mãe de F10 trabalhava à noite e ao chegar a casa sofria agressões.

Por que ele (pai) era possesivo de ciúme, aí as vezes ele chegava a agredir ela (mãe). Eu ficava triste, ficava tentando separar, pedia ele para parar. Só que não adiantava. Eu não dou conta de bater no meu pai. (F10, novembro de 2017)

Já a adolescente F11 descreve que devido ao uso de SPA, o seu pai vendia os pertences da sua residência, levando mãe e filha a mudarem de cidade.

Toda hora ele queria usar droga e tinha que arrumar dinheiro e aí ele vendia as coisas lá de casa. […] chegou a separar [mãe separou do pai] só que ele roubava do mesmo jeito. Aí a gente mudou de cidade. (F11, novembro de 2017)

A segunda subcategoria abordou como os adolescentes percebiam as leis e políticas sobre o uso e a venda de SPA. Como resultado, verificou-se que os adolescentes conheciam as leis que proíbem o uso de álcool por menores de 18 anos e a proibição do uso de drogas ilícitas.

Eu sei que é proibido menor de 18 anos beber ou comprar bebida e coisa e tal. Agora de droga? Não! Sobre lei, nunca li um artigo, nunca li nada que proíbe o uso de droga e tal, mas eu sei da legislação que droga não é liberada, mas só também. (F10, novembro de 2017)

Os adolescentes relatam que as leis no país não são aplicadas, pois existe facilidade na aquisição de bebidas alcoólicas.

Eu acho que não é tão eficiente. Eu acho que deveria existir mais fiscalização, por que geralmente alguns jovens conseguem comprar, até mesmo com identidades falsas ou pedem adultos para comprar e depois pagar, então eu não acho tão eficiente. (M18, março de 2018)

“Não funciona! Lá no meu bairro, meus primos bebem e vendem (drogas ilícitas) e são tudo menor de idade” (F7, novembro de 2017).

As falas acima são de adolescentes tanto de escolas públicas como privadas, com realidades sociais diversas, sendo M18 de uma escola particular e com histórico de não uso de SPA, já F7 faz uso de álcool e mora num bairro periférico em que existe tráfico de droga. Em todos esses espaços os adolescentes percebem a facilidade da compra e consumo de SPA.

A terceira subcategoria denomina-se Meios de comunicação social e o (des)serviço em relação às SPA. Quanto ao papel dos meios de comunicação social, os adolescentes acreditavam que as veiculações de propagandas contra o uso de drogas são ineficazes.

Acho que não influencia não (ter propagandas), que não faz nada. Se quer fazer a pessoa parar (o uso) tem que explicar melhor, tem que entrar na cabeça dela. E só um comercial, sei lá! Teria que ser mesmo uma conversa para você entender a pessoa e a pessoa te entender, e o comercial não faz isso. (F14, novembro de 2017)

A veiculação de publicidades sobre drogas ilícitas foi percebida como ineficaz pelos adolescentes. Eles acreditam que o uso de drogas é um caminho sem volta. Quanto aos anúncios publicitários de bebidas alcoólicas, estes foram percebidos como mais eficazes.

Por exemplo, tem as empresas de álcool que são bem mais populares que as propagandas contra. Você vê muita propaganda de álcool e pelo fato da marca te acompanhar muito tempo, acaba influenciando a pessoa a beber. Por que na TV parece uma coisa maravilhosa, sempre aparece uma mulher bonita, o cara ganha o que quer, aparece coisa divertida, mas na vida real não é assim […]. Então as pessoas acabam acreditando naquela visão e acabam influenciadas. Por isso vão acabar entrando nesse mundo e não conseguem sair. (M6, novembro de 2017)

M16 é um adolescente da escola particular, não consome bebidas alcoólicas e a sua família possui uma empresa. Este adolescente introduz uma visão dos anúncios publicitários de bebidas alcoólicas relacionados com a necessidade de venda do produto, relatando que o álcool é apenas mais um bem de consumo, por isso necessita de publicidade.

É uma forma de divulgar. Acho que eles (indústria de bebidas) têm que divulgar. Eles não estão errados, tem que vender o produto. No comércio, eles precisam de vender, tanto que agora eles não estão mais tão apelativa igual antigamente. (M16, março de 2018)

 

Discussão

No presente estudo houve associação entre o consumo de bebidas alcoólicas e continuar os estudos após o ciclo escolar, mas ao mesmo tempo trabalhar. Essas ações e pretensões futuras dos adolescentes reproduzem o que a sociedade espera deles, estando este enredado pelo poder dos meios de comunicação social e das forças mercadológicas (Souza & Silva, 2006). O continuar a estudar é importante por conferir a perspetiva de sucesso por meio de uma profissão, mas o facto de quererem trabalhar mostra que a inserção no mercado consumidor é importante, pois é por meio de uma fonte de rendimento que o ser humano se insere socialmente na pós-modernidade (Bauman, 2006).

Outro ponto que merece destaque é a rede de amigos. Muitos adolescentes consumirão álcool por pressão dos pares (Huang et al., 2014). O significado social é o que torna um objeto útil a um certo grupo, tornando-se mais importante pelo seu valor simbólico do que pelas suas propriedades físicas (Jones, 2016). A necessidade de beber não está na qualidade do produto ou na necessidade do organismo, mas sim numa necessidade criada pelos meios de comunicação social e pela economia (Bauman, 2006).

Ao discutir-se o consumo de bebidas alcóolicas por mulheres, o presente estudo verificou maior consumo pelo sexo masculino, o que não se verifica na PeNSE de 2015 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2016). Já a investigação realizada na Hungria corrobora o presente estudo (Varga & Piko, 2015).

Apesar da elevada prevalência do uso no sexo masculino, não se verificou associação significativa entre o uso de álcool e a variável sexo. Uma possível explicação seria que o consumo de álcool pelos adolescentes possui outros fatores associados que são mais relevantes que o sexo, pois verificaram-se nas últimas décadas, mudanças comportamentais que aumentaram as oportunidades de consumo de álcool pelas mulheres (Faria-Filho, 2014).

Mas, mesmo com as mudanças ocorridas e com a liberdade conquistada tem-se em torno destas um ideal construído culturalmente que dita quais as atitudes e papéis esperados, tendo-se uma dualidade, pois ao mesmo tempo que se espera que as mulheres sejam obedientes, ao mesmo tempo devem ser competitivas no mercado de trabalho (Faria-Filho, 2014; Machado & Boarini, 2013).

Existem leis e políticas que garantem igualdade de género, mas que na prática não são legitimadas socialmente, e o mesmo ocorre com as do uso de SPA. Esta falta de legitimação ocorre devido à legalização ou proibição das drogas ou da perceção de igualdade de género depender das representações sociais e essas perpassarem pelo momento político e económico (Machado & Boarini, 2013).

Os adolescentes apresentaram conhecimentos básicos sobre a legislação acerca das SPA, mas mesmo assim, faziam uso de álcool e demonstraram dificuldades em perceber os riscos associados. Um estudo realizado em Espanha com adolescentes mostrou resultados semelhantes (Suárez-Relinque, Arroyo, Ferrer, & Ochoa, 2017).

A compra e uso de SPA por adolescentes é prática comum na cidade onde decorreu a investigação, o que pode ser analisado como uma falta de fiscalização. Em países como a Noruega, em que a venda de bebidas é controlada pelo governo, verificou-se uma redução do consumo nas últimas décadas (Hnilicová et al., 2017).

O mercado, além de regular a aplicação das leis, tem forte influência dos meios de comunicação social. As entrevistas mostraram que os adolescentes acham ineficazes as propagandas de prevenção do uso de SPA. Estas, acabam por reforçar os estereótipos do consumidor de drogas, não discutindo o fenómeno de forma crítica (Hnilicová et al., 2017).

Os anúncios publicitários de bebidas alcoólicas foram considerados mais atrativos. Esses anúncios vendem mais do que um produto, eles representam estilos, mostrando as bebidas como um produto democrático (Varga & Piko, 2015). Assim, os meios de comunicação social cumprem o seu papel de manter o imaginário social sobre o tema, através da micropolítica do poder.

O presente estudo demonstra como os adolescentes compreendem o uso de SPA e as suas nuances. Ao dar voz a estes, é possível perceber que para mudanças efetivas de comportamentos nos jovens é necessário criar espaços em que se possam expressar. O que se tem na atualidade são políticas e campanhas publicitárias idealizadas e discutidas por adultos, sem a real perceção do jovem, e assim não se alcançarão objetivos como a diminuição do uso de SPA com as campanhas publicitárias.

As limitações desta investigação estão relacionadas com ser um estudo baseado em autorrelatos sobre comportamentos de risco, o que pode levar à omissão ou subestimação dos relatos pelos participantes, seja por vergonha ou por medo da exposição. Como forma de amenizar possíveis omissões, os investigadores explicaram o projeto e garantiram o anonimato previamente nas escolas participantes. Outras limitações relacionam-se com o estudo ter ocorrido em escolas, apreendendo apenas a realidade dos adolescentes que frequentam estes locais, deixando de captar a realidade dos que se encontram fora da sala de aula e, por fim, o estudo ocorreu apenas numa cidade, mas os seus resultados podem refletir a realidade nacional, principalmente devido aos resultados do eixo quantitativo terem grande similaridade com os da PeNSE de 2015.

 

Conclusão

Os adolescentes reproduziram o discurso do seu grupo, assim, ao analisar estas falas, vislumbra-se a forma de pensar e agir de uma comunidade, assim como as suas estruturas e hierarquias, estando todas elas enredadas pelo fator económico e cultural que dita comportamentos por meio dos meios de comunicação social e demais instituições.

Uma mudança nos discursos e ações destes jovens é possível a partir do momento em que se entendem as suas determinações sociais. Para isso, a promoção de ações a nível comunitário é importante, envolvendo todos os seus indivíduos, seja na escola, unidade de saúde ou igreja.

Assim, ao reconhecerem-se os principais pontos de entrave social, a comunidade pode debater e propor ações que visem mudanças tanto do espaço físico como de empoderar os adolescentes acerca dos seus direitos e deveres.Com isso, podem requerer melhorias na comunidade e nas leis, fazendo valer o seu papel de cidadão. Essas mudanças macrossociais levam a uma ressignificação a nível singular, com transformações nos seus relacionamentos interpessoais e assumindo os seus deveres para uma melhoria social.

 

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Contribuição de autores

Conceptualização: Almeida, C. S., Lana, F. C. F.

Tratamento de dados: Almeida, C. S.

Metodologia: Almeida, C. S., Lana, F. C. F.

Redação - preparação do rascunho original: Almeida, C. S., Lana, F. C. F.

Redação - revisão e edição: Almeida, C. S., Lana, F. C. F.

 

*Autor de correspondência:

Camila Souza de Almeida

E-mail: csalmeida_1@hotmail.com

 

Como citar este artigo: Almeida, C. S. & Lana, F. C. (2020). Vivências dos adolescentes acerca das substâncias psicoativas e sua interface com género, políticas e media. Revista de Enfermagem Referência, 5(3), e20035. doi:10.12707/RV20035

 

Recebido: 16.03.20

Aceite: 15.06.20

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