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Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental

versão impressa ISSN 1647-2160

Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental  no.32 Porto dez. 2024  Epub 31-Dez-2024

https://doi.org/10.19131/rpesm.385 

Artigo de investigação

A influência da orientação laissez-faire na saúde mental dos estudantes de mestrado e doutorado

The influence of laissez-faire guidance on the mental health of master's and doctoral students

La influencia de la orientación laissez-faire en la salud mental de los estudiantes de maestría y doctorado

Carolina Cassiano1 
http://orcid.org/0000-0003-3549-2538

Laura Andrian Leal1 
http://orcid.org/0000-0002-8563-8980

José Carlos Marques de Carvalho2 
http://orcid.org/0000-0002-8391-8647

Silvia Helena Henriques1 
http://orcid.org/0000-0003-2089-3304

1 Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP), Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil

2 Escola Superior de Enfermagem do Porto, Porto, Portugal


Resumo

Introdução:

O estilo de liderança laissez-faire caracteriza-se pela ausência de intervenções, podendo impactar positiva ou negativamente o trabalho nas organizações. No contexto acadêmico, orientadores de pós-graduação frequentemente adotam esse estilo, podendo conferir maior autonomia, mas afetar negativamente a saúde mental dos estudantes.

Objetivo:

Descrever a influência da orientação do tipo laissez-faire na saúde mental, segundo a percepção de estudantes de mestrado e doutorado.

Método:

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada em uma universidade pública brasileira, em cinco programas de pós-graduação. Os dados foram coletados por meio de 13 grupos focais, entre outubro e dezembro de 2023, analisados por meio da análise temática indutiva.

Resultados:

Participaram 72 pós-graduandos. Os resultados indicaram que o estilo laissez-faire pode beneficiar estudantes autônomos e disciplinados, fortalecer suas capacidades, autonomia e prepará-los para o mercado acadêmico. Feedbacks pontuais e reforços positivos também se mostraram relevantes para o engajamento, pertencimento e satisfação, o que beneficia a saúde mental. Contudo, a falta de direção e clareza, vinculados a esse estilo de orientação, podem gerar sentimentos de abandono, improdutividade, estresse e atrasos, especialmente em estudantes com menor experiência em pesquisa.

Conclusões:

A eficácia do estilo laissez-faire depende do perfil dos estudantes e das demandas do sistema acadêmico. Pertine, portanto, equilibrar a autonomia conferida aos estudantes com feedbacks estruturados e suporte adequado, de modo a propiciar um ambiente que favoreça o processo formativo e, sobretudo, a saúde mental.

Palavras-Chave: Educação de Pós-Graduação; Saúde Mental; Mentores; Estudantes

Abstract

Introduction:

The laissez-faire leadership style is characterized by the absence of interventions and can have a positive or negative impact on work. In the academic context, postgraduate supervisors often adopt this style, which can give greater autonomy but have a negative impact on students' mental health.

Objective:

To describe the influence of laissez-faire orientation on mental health, according to the perception of master's and doctoral students.

Method:

This is a qualitative study carried out at a Brazilian public university, in five postgraduate programs. Data was collected through 13 focus groups between October and December 2023, and analyzed using inductive thematic analysis.

Results:

72 postgraduate students took part. The results indicated that the laissez-faire style can benefit autonomous and disciplined students, strengthening their abilities, autonomy and preparation for the academic market. Punctualfeedback and positive reinforcement were also relevant to engagement, belonging and academic satisfaction, improving mental health. However, the lack of direction and clarity associated with this style of guidance can generate feelings of abandonment, unproductivity, stress and delays, especially in students with less experience in research.

Conclusions:

The effectiveness of the laissez-faire style depends on the profile of the students and the demands of the academic system. It is therefore important to balance the autonomy given to students with structured feedback and adequate support, in order to provide an environment that favors the learning process and, above all, mental health.

Keywords: Postgraduate Education; Mental Health; Mentors; Students

Resumen

Introducción:

El estilo de liderazgo laissez-faire se caracteriza por la ausencia de intervenciones y puede tener un impacto positivo o negativo en el trabajo. En el contexto académico, los supervisores de posgrado adoptan a menudo este estilo, que puede dar mayor autonomía pero tener un impacto negativo en la salud mental de los estudiantes.

Objetivo:

Describir la influencia de la orientación laissez-faire en la salud mental, según la percepción de los estudiantes de máster y doctorado.

Método:

Se trata de un estudio cualitativo realizado en una universidad pública brasileña, en cinco programas de posgrado. Los datos se recogieron mediante 13

grupos focales entre octubre y diciembre de 2023 y se analizaron mediante análisis temático inductivo.

Resultados:

Participaron 72 estudiantes de posgrado. Los resultados indicaron que el estilo laissez-faire puede beneficiar a los estudiantes autónomos y disciplinados, reforzando sus capacidades, autonomía y preparación para el mercado académico. Laretroalimentación puntual y el refuerzo positivo también resultaron relevantes para el compromiso, la pertenencia y la satisfacción académica, mejorando la salud mental. Sin embargo, la falta de dirección y claridad asociada a este estilo de orientación puede generar sentimientos de abandono, improductividad, estrés y retrasos, especialmente en los estudiantes con menos experiencia investigadora.

Conclusiones:

La eficacia del estilo laissez-faire depende del perfil de los estudiantes y de las exigencias del sistema académico. Por lo tanto, es importante equilibrar la autonomía concedida a los estudiantes con una retroalimentación estructurada y un apoyo adecuado, con el fin de proporcionar un entorno que favorezca el proceso de aprendizaje y, sobre todo, la salud mental.

Palabras clave: Educación de posgrado; Salud mental; Mentores; Estudiantes

Introdução

A terminologia laissez-faire é um conceito de liderança, oriundo do francês que corresponde a “deixar fazer”. Esta prática é caracterizada pela ausência de intervenções diretas e pelo distanciamento em relação à supervisão ativa (Norris, Ghahremani, & Lemoine, 2021; Zhang, Wang, & Gao, 2023). Este modelo de liderança é tradicionalmente utilizado no contexto das organizações de trabalho, e tem implicações que podem ser tanto positivas quanto negativas no desempenho e na satisfação dos indivíduos subordinados (Zhang, Wang, & Gao, 2023; Kamal, Ridwan, & Kesuma, 2024).

A despeito desse estilo ser articulado ao ambiente organizacional, ele também se manifesta em outros contextos, como no meio acadêmico, uma vez que orientadores de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) assumem função de liderança no processo de formação de novos pesquisadores (Pine, 2020; Urquiola, 2023). No âmbito da pós-graduação, os orientadores têm a responsabilidade de direcionar os estudantes ao longo de sua trajetória acadêmica, oferecendo suporte na condução de projetos de pesquisa, desenvolvimento de competências e superação de desafios (Cassiano, Guimarães, & Gonçalves, 2023; Frisby, 2022).

Nessa perspectiva, ao adotar o estilo de orientação laissez-faire, esses orientadores podem propiciar maior autonomia ao aluno, conferindo-lhe liberdade para

a tomada decisões, gerir o tempo e estruturar o trabalho de acordo com suas próprias estratégias (Jamali, Bhutto, Khaskhely, & Sethar, 2022; Oliinyk, 2024). Essa independência e protagonismo pelo próprio trabalho (dissertação ou tese), enquanto essencial para o desenvolvimento de habilidades como responsabilidade, resolutividade e tomada de decisões (Macleod et al., 2020) e criatividade (Kamal, Ridwan, & Kesuma, 2024), também pode gerar efeitos adversos ao estudante, caso não possua as condições, conhecimentos ou recursos necessários para lidar com a ausência de supervisão ativa (Corcelles-Seuba, Suñé-Soler, Sala-Bubaré, & Castelló, 2023; Tuấn, Lan, & Tuấn, 2022). Destarte, embora possa haver potencialidades, essa orientação está diretamente relacionada à saúde mental dos estudantes, pois a falta de suporte ativo, feedback e direção por parte do orientador pode intensificar sentimentos de isolamento, insegurança e ansiedade. Em um ambiente acadêmico já caracterizado por alta pressão e demandas intelectuais intensas, como os cursos de mestrado e doutorado, a ausência de uma liderança estruturada aumenta os níveis de estresse, comprometendo a saúde mental e podendo deflagrar o surgimento de problemas como estresse, ansiedade, depressão (Urquiola, 2023) e esgotamento (Klasmeier, Schleu, Millhoff, Poethke, & Bormann, 2021). A incerteza em relação às expectativas e a ausência de uma rede de apoio podem agravar o quadro, já que, a orientação negligente pode reverberar na saúde mental negativamente e no percurso acadêmico.

Outrossim, faz-se relevante descrever as influências desse modelo de orientação sobre a saúde mental dos estudantes de pós-graduação. Nesse sentido, o emocional dos estudantes podem estar fragilizados pelas pressões do ambiente acadêmico, e podem ainda ser influenciados tanto pelo excesso de autonomia quanto pela ausência de orientação.

Mas ainda há lacuna na literatura científica de modo a esclarecer esse estilo laissez-faire de orientação e as suas implicações na saúde mental dos orientandos, tanto de forma positiva, quanto negativa. Desta forma, este estudo apresenta a seguinte questão de norteadora: “Como a orientação acadêmica do tipo laissez-faire afeta a saúde mental, segundo a percepção de estudantes de pós-graduação stricto sensu?”.

Ao explorar este estilo de liderança laissez-faire, também incorporado ao ambiente acadêmico, busca-se compreender mais profundamente seus efeitos, e os fatores que podem favorecer ou prejudicar o desenvolvimento pessoal, acadêmico e emocional dos estudantes.

Logo, este estudo objetiva descrever a influência da orientação do tipo laissez-faire na saúde mental, segundo a percepção de estudantes de mestrado e doutorado.

Método

Trata-se de uma investigação qualitativa, realizada em uma universidade pública brasileira da região sudeste. A população-alvo incluiu estudantes matriculados em cinco programas de mestrado ou doutorado da instituição selecionada, no escopo da saúde. Os dados foram coletados entre outubro e dezembro de 2023. A coleta incluiu um roteiro semiestruturado de questões por meio de Grupos Focais (GFs) (Gatti, 2012), selecionados por conveniência e pela técnica snowball (ou bola de neve). Trata-se de um método de amostragem não probabilística em que os participantes indicam novos sujeitos para a pesquisa, formando uma rede de contatos sucessiva. É especialmente útil para populações de difícil acesso (Silva et al., 2022).

Os convites foram enviados presencialmente, por e-mail institucional, além de divulgação em redes sociais como Instagram e WhatsApp. Moderadora e observadora conduziram os GFs, ambas com formação acadêmica e profissional em Enfermagem, além de experiência com a técnica de GFs.

A coleta de dados aconteceu de em salas reservadas, com duração máxima de 60 minutos, foram audiogravadas com gravador, e perguntas como: "Como é cursar mestrado/doutorado?" e "Quais dificuldades você enfrenta?" nortearam as interações. Para este estudo, utilizou-se temas relacionados ao processo de condução da orientação (orientador-aluno). Além disso, utilizou-se notas de campo Hess (2006) para registrar percepções da moderadora e da observadora, reforçando a análise dos dados.

As notas de campo foram utilizadas para a triangulação da informação ao oferecer uma fonte complementar de dados que possibilitou a comparação e a validação dos temas identificados na análise temática indutiva. Durante o processo, as informações obtidas por meio das notas de campo foram cotejadas com os dados dos grupos.

Essa triangulação ajudou a identificar possíveis discrepâncias, reforçar a credibilidade dos resultados e fornecer uma compreensão mais ampla e contextualizada do fenômeno estudado.

A coleta foi encerrada com base no conceito de suficiência teórica, ou seja, quando o volume de poder de informações foi suficiente para atender aos objetivos do estudo (Malterud, Siersma, & Guassora, 2016). As falas gravadas foram transcritas e analisadas com base na análise temática indutiva, um método flexível que permite uma interpretação detalhada e ampla dos dados (Braun & Clarke, 2021).

A técnica de análise temática indutiva proposta por Braun e Clarke (2021) consiste em identificar, analisar e relatar padrões (temas) presentes nos dados. O processo envolve seis etapas: familiarização com os dados, geração de códigos iniciais, busca por temas, revisão dos temas, definição e nomeação dos temas, e produção do relatório. A abordagem indutiva permite que os temas surjam diretamente dos dados coletados, garantindo flexibilidade e profundidade na análise (Braun & Clarke, 2021). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, parecer 6.424.493. Os depoimentos apresentados na pesquisa foram codificados de acordo com o número do grupo focal (GF1, GF2 etc.), nível de formação do participante [(Mestrado (M) ou Doutorado (D)], por exemplo (GF1-M; GF2-D).

Resultados

Dos 145 estudantes convidados, participaram 72, divididos em 13 grupos focais.

Em relação ao perfil dos participantes, observou-se uma predominância de mulheres, representando 76% (n=55) do total. A maioria com formação em Enfermagem, correspondendo a 83,3% (n=60), seguida por graduados em Psicologia, com 6,9% (n=5). Quanto à pós-graduação, 54,2% (n=39) estavam cursando Doutorado e 45,8% (n=33) Mestrado. A faixa etária mais frequente foi de 30 a 39 anos, com 44,4% (n=32) dos participantes. Em relação à área de atuação, 56,9% (n=41) trabalhavam na assistência à saúde, 36% (n=26) na gestão e 29,2% (n=21) na docência; todos os participantes estavam realizando a pós-graduação concomitante a um vínculo profissional remunerado.

A partir da análise qualitativa, percebeu-se que orientadores que possuem estilo de orientação laissez-faire podem influenciar positivamente ou negativamente na saúde

mental do estudante de pós-graduação, sendo formadas duas categorias: (1) Influências Positivas da Orientação Laissez-Faire; e (2) Influências Negativas da Orientação Laissez-Faire, representadas esquematicamente na Figura 1.

Figura 1 Representação das Categorias do Estudo. Fonte: Elaborado pelos autores, 2025. 

Categoria 1: Influências Positivas da Orientação Laissez Faire para a Saúde Mental

Em relação às influências positivas desse estilo de orientação, com ênfase na saúde mental, possibilitam ao aluno o desenvolvimento de autonomia, incentivo à criatividade, à flexibilidade, à responsabilidade, ao domínio e à condução do projeto, o que possibilita a preparação para o mercado de trabalho acadêmico. Aqueles que possuem motivação intrínseca, disciplina e têm clara visão de suas metas de pesquisa e de carreira podem prosperar sob esse estilo de orientação, o que beneficia a saúde mental pelo fortalecimento de suas capacidades e sua autonomia:

Os orientadores são bem ocupados, então você acaba tendo que ir fazendo as coisas, usando criatividade, e se virando como pós-graduando mesmo, buscando conhecimento, buscando, fazendo. Quando a gente é pós-graduando, a gente tem que tomar esses conhecimentos, ninguém vai pegar na sua mão aqui na escola. Desde que eu entrei na faculdade, sempre fui meio autodidata, desde a Iniciação Científica, então eu sempre busquei sozinha, as questões de conhecimento e tal [GF9-D].

Eu fico assim: ‘Não vou incomodar ela [orientadora] com isso aqui, não, vamos virar...’ aí eu vou me virando, vou me virando. Não existe cobrança da parte dela, às vezes eu envio alguma coisa pra ela olhar e ela fica de olhar e ela esquece, eu dou aquela cobradinha ali: ‘ah, a professora você olhou?’ então assim, acaba que eu que corro mais atrás dela [GF1-M].

Eu tento ser bem autônoma na pós-graduação e não dar trabalho mesmo. Tudo o que eu consigo ir fazendo sozinha eu vou fazendo, de forma que eu só aciono a minha orientadora para as revisões finais. Claro que já ter um domínio me ajuda bastante e quando eu tenho dúvida, vou me guiando por artigos, outras teses... trabalho mais sozinha mesmo. Mas isso é bom, porque tenho uma certa flexibilidade e vou me sentindo mais capaz também [GF3-D].

A despeito disso, há de se considerar, que mesmo estudantes que são autossuficientes, também precisam de comunicação, feedbacks e reforço positivo dos orientadores em alguns momentos, já que os estudantes estão em processo de formação. Isso pode corroborar com o engajamento, afetividade, o sentimento de pertencimento e satisfação no âmbito acadêmico, beneficiando, consequentemente, a saúde mental:

Eu gosto muito de conversar e debater pra ver se eu estou indo pelo caminho certo. Então esse distanciamento do orientador, esse problema se resume em comunicação mesmo, algumas falhas de comunicação [GF6-D].

Faz falta às vezes um elogio, reconhecimento pelo o que a gente consegue fazer sozinho, até pra motivar mais a gente. É só isso que eu sinto falta mesmo, reconhecimento, me sentir mais valorizada por ser uma aluna autossuficiente e que não dou tanto trabalho para o meu orientador [GF8-M].

Desse modo, a orientação laissez-faire pode ter efeitos positivos quando aplicada a estudantes que possuem maior autonomia e autossuficiência. Assim, permite que os alunos desenvolvam independência, pensamento crítico e habilidades de autogerenciamento. A liberdade para explorar caminhos próprios pode aumentar a confiança e a satisfação, sobretudo quando combinada com momentos de comunicação, feedback e reforço positivo com o orientador. Tais elementos podem favorecer o engajamento, a afetividade, bem como a saúde mental e o êxito na formação acadêmica.

Categoria 2: Influências Negativas da Orientação Laissez-Faire para a Saúde Mental

As influências negativas podem interferir substancialmente na saúde mental, devido à falta de direcionamento, clareza, sentimento de abandono, improdutividade, desmotivação e atrasos nas pesquisas. Assim os estudantes que podem não ter tido tanto conhecimento e experiência prévia em pesquisa, precisam de mais estrutura, isto é, suporte, feedback constante, direcionamento e presença do orientador:

Sinto um abandono por parte da orientadora, mas entendo que ela tem os compromissos e como eu estou no doutorado, vou tentando me virar mais autônoma, mas é muito difícil [GF-6-D].

O que eu sinto um pouco de falta é que eu sinto ela um pouco distante, às vezes eu fico meio largada. Eu imaginava que na pós-graduação o professor estivesse mais lado a lado ali com você, então não sei se isso é de uma forma geral, mas eu percebo que não, que você fica meio solta [GF1-M].

A gente se sente no mestrado meio abandonado, sabe? Porque como você não tem essa rotina e não conhece, porque eu não sou da escola, essa rotina dos professores, de encontrá-los, você

se sente um pouco abandonado, e às vezes tem dificuldade do que fazer, como fazer, se está certo... [GF13-M].

Apesar de não haver uma supervisão constante, ratificando o perfil laissez-faire, a cobrança por resultados existe, por parte do orientador, deixando o aluno com a sensação de estar desamparado:

Ela [orientadora] não consegue sentar comigo pra me ajudar, pra me orientar, então eu me sinto pressionada disso, que é a minha responsabilidade fazer, então de vez em quando ela manda pra mim: ‘e aí como é que tá? Manda pra mim algum produto.’ E assim, eu mando, mas eu que estou fazendo sozinha, né? Sem ajuda nenhuma dela, nem mesmo uma orientação adequada. Eu estou muito atrasada, muito mesmo... e vou ter que pedir prorrogação de prazo [GF5-M].

Consequentemente, os alunos que possuem dificuldades podem se beneficiar de um estilo de orientação mais aproximada, sendo que quando há esse estilo de orientação laissez-faire para esse perfil de estudantes, pode-se ter implicações negativas na saúde mental:

Eu me sinto ansiosa, depressiva, estou com muita dificuldade agora. Não tenho o apoio da minha orientadora como eu gostaria... Acho que por ser doutorado, a gente tem que ser mais independente, autônomo, mas está me afetando muito [GF5-D].

Esse abandono me deixa bem desmotivada até com o curso, porque eles não se importam, só querem o trabalho pronto, mas a orientação mesmo não é feita. Então eu fico muito ansiosa, estressada, porque eu não tenho um direcionamento e eu acabo recorrendo a outras pessoas pra me ajudar [GF7-M].

Frente ao exposto, a orientação de estilo laissez-faire, caracterizada pela falta de apoio direto e contínuo, pode gerar influências adversas na saúde mental dos estudantes, especialmente aqueles que enfrentam dificuldades acadêmicas.

Discussão

Os resultados deste estudo aludem que o estilo de orientação laissez-faire pode ser benéfico ou maléfico na trajetória dos estudantes de pós-graduação, a depender do perfil, assim como também reverberar na saúde mental dos mesmos.

A autonomia deflagrada por esse estilo, destacada por estudantes autossuficientes, é uma influência positiva. A partir da análise qualitativa, ficou evidente que, para indivíduos com maior conhecimento, experiência e autodisciplina, esse estilo pode ser um catalisador de habilidades para o mercado acadêmico, como responsabilidade, iniciativa, flexibilidade, tomada de decisão, liderança e independência. Esse grupo destacou a oportunidade de crescimento proporcionada pela necessidade de buscar soluções e conhecimentos, fatores que interferem positivamente na saúde mental.

A autonomia intelectual, conforme destacado por Martínez e Mireles (2020), pode ser fortalecida por meio de práticas como leituras e produções acadêmicas, formando um habitus investigativo. A liberdade proporcionada pela abordagem laissez-faire também permite que o estudante explore ideias e métodos sem restrições excessivas, favorecendo a criatividade e a formulação de soluções em suas pesquisas. Destarte, a falta de controle rígido sobre prazos e métodos pode permitir ao estudante adaptar seu ritmo de trabalho às suas preferências pessoais, equilibrando a vida pessoal e acadêmica, desde que haja organização (Kamal, Ridwan, & Kesuma, 2024). Contudo, Wang, Xin, Zhang, Du e Wang (2022) apontam que a relação entre supervisor e aluno previne a procrastinação acadêmica, sendo esta problemática uma das razões para a prorrogação de prazo, também evidenciada neste estudo, ocorrida devido à falta de suporte na orientação e que culmina no atraso nas pesquisas e, de certa forma, na procrastinação.

Assim, a orientação laissez-faire, apesar de benéfica pela independência do aluno, ao negligenciar essa relação, pode dificultar o desenvolvimento acadêmico. Sem um suporte e reforço positivo consistente, o estudante pode se sentir desamparado e desmotivado.

Nessa direção, a ausência de feedbacks e interação regular pode ser uma lacuna mesmo para estudantes autônomos. A necessidade de retornos, comunicação e elogios

também denotam que a ausência de reconhecimento ou suporte emocional por parte dos orientadores pode comprometer o engajamento e a satisfação acadêmica. Isso evidencia que, mesmo em um ambiente que valorize a autonomia, a parcimônia entre liberdade e o apoio é relevante para a manutenção da saúde mental, da motivação e da disciplina, com potencial de afetar também a produtividade e qualidade das produções científicas.

Nessa linha de pensamento, vale ressaltar que os pós-graduandos se sentem mais seguros em sua identidade acadêmica quando apoiados por supervisores e validados pela comunidade acadêmica (Phan, 2022). Embora esses benefícios possam ser observados, é relevante que a autonomia incentivada por esse modelo de orientação seja acompanhada, para evitar os riscos à saúde mental e ao desempenho acadêmico. O êxito do estilo laissez-faire depende, portanto, do equilíbrio entre liberdade e acesso a recursos de apoio (Kamal, Ridwan, & Kesuma, 2024), sobretudo por parte do orientador.

Por outro lado, as experiências negativas relatadas pelos participantes que se sentiram abandonados indicam que o estilo laissez-faire pode ser prejudicial para aqueles que carecem de experiência prévia em pesquisa ou que enfrentam dificuldades no percurso acadêmico

Assim, alguns estudantes de pós-graduação enfrentam dificuldades na redação de pesquisas, principalmente nos aspectos de introdução, método e processamento de dados (Sitompul & Anditasari, 2022), cabendo ao orientador avaliar o perfil dos seus orientandos e conceder uma supervisão mais direcionada e atenciosa, e evitar o estilo laissez-faire nesses casos, para também mitigar prejuízos na saúde mental dos alunos. Estudantes que esperam um acompanhamento mais próximo relatam desmotivação, estresse e sentimentos de isolamento. A falta de clareza e direcionamento, acrescida à pressão por produtividade (Tommasi et al., 2022), tem potencial de agravar ansiedade e depressão em alguns casos, sobretudo quando há dificuldade de ajustar expectativas ou a necessidade de buscar ajuda de terceiros.

Assim, monitorar o envolvimento, o progresso e a frequência dos pós-graduandos pode garantir que eles estejam presentes no programa e entreguem os trabalhos no prazo (Brooks, 2023).

Esses resultados apontam para a importância de adaptar o estilo de orientação às necessidades individuais dos discentes. Estimular a autoeficácia em pesquisa e relacionamentos de orientação podem ajudar a reduzir a depressão e a ansiedade em estudantes de pós-graduação stricto sensu (Liu et al., 2019). Como o contexto acadêmico frequentemente sobrecarrega os orientadores, intervenções multiníveis, incluindo na gestão acadêmica (Tommasi et al., 2022) a implementação de treinamentos de orientação, estratégias que conciliem produtividade e cuidado com o aluno e o processo de supervisão são prementes. Um sistema de orientação híbrido, que combine autonomia com momentos estruturados de suporte e feedback, pode atender a uma diversidade de perfis.

Considerando os impactos identificados, recomenda-se que futuros modelos de orientação adotem um direcionamento híbrido, que combine a autonomia proporcionada pelo estilo laissez-faire com suporte estruturado e pontual. Os orientadores devem estar atentos às necessidades dos estudantes, possuir comunicação clara, feedback construtivo e reforço positivo.

Além disso, programas de capacitação para orientadores poderiam ser implementados, visando sensibilizá-los para os efeitos negativos da falta de suporte e para a importância de práticas inclusivas e adaptativas.

A combinação de suporte estruturado e liberdade criativa é relevante para o sucesso da relação de orientação e para a formação de profissionais capacitados e resilientes (Kamal, Ridwan, & Kesuma, 2024; Urquiola, 2023). Mas também com saúde mental, a qual é tão relevante e desafiadora de se conquistar no âmbito acadêmico e que pode ser estimulada, sobretudo, a partir do orientador com seu aluno. Este estudo apresenta a limitação de ter sido desenvolvido em uma única instituição de ensino superior e pública localizada no Brasil. Desta forma, sugere-se ampliar o escopo para outras instituições, e profissionais que estão inseridos na pós-graduação, já que a maioria dos participantes são enfermeiros. Ademais também sugere-se a realização de outros estudos em instituições privadas, para ampliar e comparar os resultados.

Conclusões

O estilo de orientação laissez-faire pode apresentar influências positivas ou negativas na saúde mental dos estudantes de pós-graduação, dependendo de suas características e necessidades. Quando aplicado a estudantes autossuficientes e com alta capacidade de autogerenciamento, esse estilo pode favorecer a autonomia, a confiança e a satisfação acadêmica. No entanto, para estudantes que enfrentam maiores dificuldades ou precisam de suporte contínuo, a falta de proximidade e de orientação estruturada pode gerar repercussões na saúde mental deletérias, especialmente ansiedade, estresse, humor deprimido e desmotivação.

Logo, além de considerar o perfil dos estudantes, deve-se avaliar o tipo de pesquisa e o contexto acadêmico. A sobrecarga dos docentes no sistema produtivista pode interferir na proximidade da orientação, mas modelos híbridos, que combinam autonomia com suporte pontual, podem corroborar com trajetórias acadêmicas mais profícuas, evitando a deterioração da saúde mental dos pós-graduandos.

Implicações para a Prática

Os resultados deste estudo oferecem importantes implicações para a prática da enfermagem em saúde mental, com destaque para a promoção do bem-estar psicológico dos pós-graduandos. Os enfermeiros de saúde mental podem colaborar com instituições acadêmicas no desenvolvimento de programas de apoio emocional e psicológico para estudantes que enfrentam dificuldades decorrentes da falta de suporte na orientação. Acresça-se a isso que as intervenções psicoeducativas podem contribuir

com os estudantes para desenvolverem estratégias de enfrentamento, resiliência e habilidades de autogerenciamento.

Outra implicação relevante é a necessidade de capacitar docentes e orientadores para identificar sinais precoces de sofrimento mental nos alunos, o que facilita encaminhamentos adequados para o suporte profissional. A enfermagem em saúde mental pode atuar na elaboração de políticas institucionais com vistas a uma orientação equilibrada e adaptativa, visando reduzir o risco de adoecimento psíquico e melhorar a qualidade de vida acadêmica.

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Recebido: 30 de Novembro de 2024; Aceito: 13 de Dezembro de 2024

Autor de Correspondência: Carolina Cassiano carolinacassiano03@gmail.com

Carolina Cassiano: Doutora em Ciências (2022-2025) pelo Programa Interunidades de Doutoramento em Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP), com período Sanduíche na Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP), Portugal. Pedagoga pela Faculdade Ibra (2025); Graduada em Enfermagem (2021) e Mestra em Psicologia (2022) pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

Laura Andrian Leal: Pós-doutora pela EERP-USP (2024), Doutora (2022), Mestra (2017) e Graduada em Enfermagem (2015) pela mesma instituição. Professora Doutora da EERP-USP no Departamento de Enfermagem Geral e Especializada. Participou de parcerias internacionais, incluindo visita técnica em Lisboa. Lidera o Laboratório de Pesquisas em Gestão de Pessoas e Competências Profissionais, com foco em gestão de enfermagem, competências profissionais e organização dos serviços de saúde.

José Carlos Marques de Carvalho: Doutor em Ciências de Enfermagem (2012) pela Universidade do Porto e Mestre em Psiquiatria e Saúde Mental (2002). Professor Coordenador da Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP) e Presidente do Conselho Pedagógico. Atua em enfermagem, com ênfase em saúde mental e psiquiatria, contribuindo com pesquisadores nacionais e internacionais.

Silvia Helena Henriques: Doutora (2006), Mestra (2002) e Graduada em Enfermagem (1993) pela EERP-USP. Professora Associada 2 do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada e Presidente do Programa de Pós-Graduação Interunidades de Doutoramento (2023-2025). Lidera o Laboratório de Pesquisas em Gestão de Pessoas e Competências Profissionais, com produção científica voltada para competências profissionais, saúde do trabalhador e gerenciamento de serviços de saúde e enfermagem.

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