28 3 
Home Page  

  • SciELO

  • SciELO


Revista Diacrítica

 ISSN 0807-8967

MATA, Inocência. As estórias de Luuanda como 'fábulas angolanas': entre disjunções e confluências. []. , 28, 3, pp.31-50. ISSN 0807-8967.

^lpt^aNeste artigo reflecte-se sobre a confluência entre as fábulas angolanas e a escrita das estórias de Luuanda, de Luandino Vieira, sublinhando a semelhante natureza retórica dos dois registos narrativos, que partilham objectivos pedagógicos e induzem à reflexão filosófica e moral, preservando uma sabedoria ancestral passada entre gerações. Para além da sua reconhecida dimensão literária, estas histórias constituem um repositório de elementos da cultura angolana oral (misoso e maka), uma memória do quotidiano de Luanda e da cultura dos musseques enquanto afirmam este micro-cosmos como metáfora identitária da nação. No contexto colonial dos anos 50-60 e 70, a escrita de Luuanda demonstra também o poder da palavra e do escritor no desenvolvimento das consciências, bem como a importância estratégica de recuperar as formas de uma reprimida cultura local. Por fim, a escrita de uma ‘oralidade fingida’, que se evidencia nestes contos, reconhece-se como particularidade da ficção angolana desde o século XIX.^len^aThis article discusses the confluence among Angolan fables, and the writing of Luuanda, a collection of short stories by Luandino Vieira. The proposed argument highlights the elfish nature of all these narrative forms, which share pedagogic aims and induce moral and philosophical reflections, perpetuating ancestor wisdom passed on from generation to generation. Beyond their established literary quality, these short stories amount to a repository of elements from oral Angolan culture (misoso e maka) and they capture a memory of everyday life in the musseque neighbourhoods of Luanda as metaphors of Angolan national identity. In the colonial context of the 1950s-1960s and 1970s, Luuanda also stands as an example of the power of words and of the writer in the process of promoting form of awareness while recovering, strategically, elements of the repressed local culture. Finally, the writing of a ‘oralité feinté’, noticeable in these tales, is a defining feature of Angolan fiction since the 19th century.

: .

        · | |     · |     · ( pdf )