Em meados de dezembro de 2019, foi identificada uma nova síndrome respiratória aguda e com potencial altamente infeccioso, provocada por um novo Coronavírus (SARS-CoV-2), surgindo na província de Wuhan, China. Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia, em decorrência da disseminação do vírus, disparando o alerta mundial sobre a necessidade de rápida expansão da capacidade de vigilância, prevenção e implementação das estruturas de assistência dos sistemas de saúde dos países (Pereira et al., 2020)
Dados do painel mundial de COVID-19 trazem que em junho de 2021 o mundo já contava com mais de 172 milhões de casos notificados e 3 milhões de mortes. Desses, mais de 16 milhões de casos e mais de 467 mil mortes ocorreram no Brasil desde o início da pandemia (Coronavirus Resource Center, 2021).
Nesse cenário de intenso desafio no contexto de saúde pública, muito tem sido debatido sobre o estresse e situações que geram sofrimento emocional em profissionais da área de saúde. Ser profissional de saúde durante a maior pandemia do último século e estar atuando ativamente nesse período através do cuidado as pessoas coloca o trabalhador de saúde em uma situação de exposição onde está mais sujeito a ter sua saúde mental afetada (Lima et al., 2020; Fiocruz, 2020).
É importante destacar que desde o início da pandemia COVID-19, houve um aumento dos relatos de distúrbios mentais entre os profissionais de saúde, relacionados a vários fatores, como por exemplo: a falta de recursos materiais e humanos adequados para atender as altas demandas de pacientes infectados, condições de trabalho inadequadas, carga de trabalho excessiva, baixos salários, quantidade reduzida de equipamentos de proteção individual (EPI), falta de qualificações para atuar diante da pandemia, sentimentos de medo, angústia e impotência, entre outros (Fernandes et al., 2020).
Abordando essa temática, os problemas de saúde mental embora ainda invisíveis para uma parcela da sociedade civil, são bastante comuns nos serviços de saúde em seu âmbito trabalhista (Castillo et al., 2000). Visando as questões abordadas até aqui, este estudo busca responder a seguinte questão norteadora: Qual a produção existente na literatura científica acerca da saúde mental dos profissionais de saúde durante a pandemia pelo novo coronavírus?
Método
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura. Segundo Whittemore e Knaff (2005), a revisão de literatura deve ser realizada com rigor metodológico seguindo cinco etapas: identificação do problema, busca na literatura, avaliação dos dados, análise dos dados e apresentação da revisão.
Após a identificação do problema de pesquisa, foi realizada a busca dos artigos que poderiam tratar da temática em cinco bases de dados eletrônicas, sendo elas: PubMed/Medline, Lilacs, Embase, Web of Science e PsychInfo. Para o levantamento dos estudos foi utilizada a estratégia PICO (Problema, Intervenção, Controle e Desfecho) e após definição da estratégia, foram utilizados os descritores do Quadro 1 abaixo cruzados com o operador booleano AND e OR.
Estratégia | Definição | Mesh Terms (Pubmed) | Decs (Lilacs) | Enter Terms (Embase) | Enter Terms (Psychinfo) |
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P | Profissionais de saúde | “health personnel” "health worker" | “health personnel” “healthcare worker” | “health care personnel” 'health practitioner' 'health workforce' | “health care professionals” “health personnel” |
I | COVID-19 | “coronavirus” “coronavirus infection” “covid-19” | “coronavirus” “Coronavirus Infections” “covid-19” | “coronavirus disease 2019” “coronavirinae” 'Coronavirus infection' | “coronavirus” “coronavirus infections” |
C | Não Aplicado | - | - | - | |
O | Saúde mental/ Saúde do trabalhador | “mental health” “occupational health” | “mental health” “occupational health” | “mental health” “mental health care” “occupational health” | “mental health” “mental health care” “occupational health” |
Para selecionar a amostra, foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: publicações de estudos originais, relacionados a saúde mental dos profissionais de saúde no enfrentamento a COVID-19, nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados em 2019 ou 2020, considerando a data de início da disseminação do novo coronavírus pelo mundo.
Foram excluídos artigos fora da temática proposta que não respondessem à pergunta norteadora, artigos de revisão, editoriais, protocolos, relatos de experiência, bem como recomendações e notas técnicas. A busca foi realizada no mês de julho de 2020 nas cinco bases de dados supracitadas, onde seus respectivos quantitativos estão expostos no Quadro 2 abaixo.
Para a busca nas bases e seleção dos artigos foi utilizada a metodologia de revisão por pares, onde todo o processo foi realizado por duas pesquisadoras utilizando a mesma estratégia de busca com a finalidade de chegarem ao mesmo resultado. Para seleção dos artigos foram elaboradas tabelas onde seus respectivos dados eram inseridos e, após leitura, cada uma das pesquisadoras respondia com “SIM” ou “NÃO” para a próxima fase. Em momentos onde as respostas das duas pesquisadoras divergiam sobre o artigo ir para a próxima fase ou não, uma terceira pesquisadora, que é doutora, foi consultada para definir.
Resultados
Inicialmente foram identificados 607 artigos. Foram excluídos 68 que se encontravam duplicados, restando 539 artigos para leitura de título e resumo. Destes, foram retirados 500 artigos que não estavam nos critérios e selecionando aqueles que tinham relação com a questão norteadora do estudo para serem lidos na íntegra, totalizando 39 artigos. Por fim, os artigos que chegaram na fase final passaram por leitura de texto completo e somente aqueles que atendiam ao proposto foram incluídos nesta revisão integrativa. Ao final restaram 24 artigos para comporem a amostra desta revisão. Figura 1.
Conforme resultados apresentados no Quadro 3 no que se refere aos dados de identificação, objetivos, tipos de estudos e amostra, dos 24 artigos incluídos nesta revisão, todos (100%) foram publicados no ano de 2020, 22 (91,92%) por autores asiáticos, sendo que 20 (83,33%) foram realizados na China e os demais tiveram como país de publicação a Espanha, a Jordânia, Israel e os Estados Unidos, com um (4,16%) artigo em cada país.
No que diz respeitos aos objetivos observou-se que 9 (37%) dos estudos se propuseram a investigar as condições e mudanças psicológicas dos participantes, 6 (25%) a analisar a prevalência e níveis de depressão, ansiedade, estresse, estresse pós-traumático, distúrbio do sono e burnout, 5 (20,83%) avaliaram a carga de saúde mental, 2 (8,33%) avaliaram nível e o papel da resiliência, 1 (4,16%) caracterizou o sofrimento, 1 (4,16%) identificou as condições de saúde e satisfação no trabalho e 1 (4,16%) identificou grupos de riscos de saúde mental.
Quanto ao tipo de estudo, 23 (95,84%) artigos foram de pesquisas oriundas de métodos transversais enquanto apenas um (4,16%) artigo foi de caso-controle. Acerca do público-alvo pesquisado, 17 (70,83%) estudos abordaram a classe médica, seguido de 15 (62,5%) que avaliaram a classe da enfermagem, oito (33,3%) que citavam profissionais da saúde sem definir a classe específica a qual esses profissionais pertenciam, sete (29,1%) trataram sobre a equipe administrativa, dois (8,33%) citaram os técnicos, um (4,16%) tratou sobre dentistas, um (4,16%) sobre radiologistas e um (4,16%) sobre farmacêuticos.
AUTORES, ANO | PAÍS | OBJETIVOS | DESIGN DO ESTUDO | AMOSTRA |
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Wu et al., 2020 | China | Comparar a frequência de burnout entre médicos e enfermeiras nas enfermarias da linha de frente e aqueles que trabalham nas enfermarias habituais. | Transversal | 103 trabalhadores na oncologia médica, 41 na radiação oncológica, 39 na cirurgia e 07 em outros setores. |
Caia et al., 2020 | China | Investigar a anormalidade psicológica em profissionais de saúde que lutam contra a epidemia de COVID-19 e explorar as associações entre apoio social, resiliência e saúde mental | Transversal | 1521 profissionais de saúde que participaram no combate à epidemia COVID-19 na província de Jiangsu. |
Sun et al., 2020 | China | Explorar a psicologia de enfermeiras que cuidam de pacientes com COVID-19. | Transversal | Entrevistas face a face ou por telefone com 20 enfermeiras. |
Wu & Wei, 2020 | China | Compreender as mudanças nos fatores psicológicos e no estado de sono da equipe médica da linha de frente na luta contra a COVID-19 e fornecer evidências de intervenções de exercícios para aliviar o estresse psicológico e melhorar o estado de sono da equipe médica. | Caso-Controle | 160 profissionais, divididos em 2 grupos. O grupo experimental consistiu em 60 casos de equipe médica da linha de frente de um hospital designado para infecção por COVID-19. O grupo controle consistiu em 60 casos de profissionais médicos da linha de frente de um hospital não designado. |
Stephen et al., 2020 | China | Identificar as condições da saúde e satisfação no trabalho da equipe de saúde durante o pico epidêmico da COVID-19 | Transversal | 304 médicos, enfermeiras, radiologistas, técnicos, entre outros profissionais de saúde. |
Huang & Zhao, 2020 | China | Avaliar a carga de saúde mental do público chinês durante o surto e explorar os possíveis fatores de influência. | Transversal | 7.236 médicos, enfermeiros e administradores de saúde |
Shacham et al., 2020 | Israel | Explorar o sofrimento psicológico entre dentistas e higienistas dentais em Israel durante o surto de pandemia COVID-19. Além disso, explorar vários fatores relacionados ao COVID-19 e fatores psicológicos que podem estar associados ao sofrimento psicológico | Transversal | 338 dentistas e higienistas dentais Israelitas |
Lai et al., 2020 | China | Fornecer uma avaliação da carga de saúde mental de trabalhadores de saúde chineses. | Transversal | 1.257 profissionais de saúde. 493 (39,2%) eram médicos, e 764 (60,8%) eram enfermeiras. |
Huang et al., 2020 | China | Avaliar o nível de resiliência da equipe médica nos departamentos de radiologia durante o surto do COVID-19 e explorar fatores relacionados a ele para fornecer uma base para uma avaliação de risco mais eficaz e intervenção psicológica. | Transversal | 119 enfermeiras, 245 técnicos e 223 médicos |
Huang & Zhao, 2020 | China | Avaliar a carga de saúde mental do público chinês durante o surto de COVID-19 e explorar os fatores de influência potenciais. | Transversal | 2250 trabalhadores da saúde; 1809 Trabalhadores corporativos ou instituição; 1404 Professores ou alunos; 1773 de outras categorias. (1) Profissionais de saúde, que incluíam médicos, enfermeiros e administradores relacionados à saúde; (2) Trabalhadores da empresa ou instituição, constituídos por funcionários da empresa, trabalhadores de instituições nacionais/provinciais/municipais e outros funcionários relevantes. |
Kang et al., 2020 | China | Explorar o estado de saúde mental da equipe médica e de enfermagem em Wuhan, a eficácia do atendimento psicológico acessado e suas necessidades de cuidados psicológicos. | Transversal | 183 (18.4%) médicos e 811 (81.6%) Enfermeiras que trabalhavam em Wuhan |
Huang & Zhao, 2020 | China | Identificar grupos de alto risco cujas condições de saúde mental eram vulneráveis ao surto COVID-19. Avaliar a carga de saúde mental do público durante o surto COVID-19 e identificar os grupos de alto risco. | Transversal | 7.236 participantes com profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiras e administradores relacionados à saúde; (b) Trabalhadores da empresa ou instituição, incluindo funcionários da empresa, trabalhadores de instituições nacionais / provinciais / municipais e outros funcionários relevantes, entre outros. |
Naser et al., 2020 | Jordânia | Explorar a prevalência de depressão e ansiedade entre os GP, HCPs e USs durante o surto de COVID-19, e identificar a (s) população (ões) chave que podem precisar de intervenção psicológica. | Transversal | 378 farmacêuticos, 151 enfermeiros, 74 “profissão de saúde aliada”, e 560 médicos. |
Jin, et al., 2020 | China | Explorar rotas de infecção percebidas, fatores que influenciam, mudanças psicossociais e procedimentos de gestão para profissionais de saúde infectados com COVID-19. | Transversal | 41 médicos (39,8%), 55 enfermeiras (53,4%) e 7 técnicos médicos (6,8%) |
Yin et al., 2020 | China | Examinar os sintomas de estresse pós-traumático (PTSSs) de profissionais de saúde que lutam pelo COVID ‐ 19 e avaliar a qualidade do sono após 1 mês de sofrimento estressante. | Transversal | 337 profissionais. Cerca de 18,1% dos profissionais de saúde eram médicos, 71,2% eram enfermeiras e 10,2% tinham outras funções como técnicos de medicina. |
Shechter et al., 2020 | EUA | Caracterizar sofrimento, enfrentamento e preferências por apoio entre os profissionais de saúde de Nova York durante a pandemia de COVID-19. | Transversal | 657 Médicos, prestadores de práticas avançadas, residentes/bolsistas e enfermeiras. |
Sun et al., 2020 | China | Avaliar o impacto do surto de 2019-nCoV sobre o estado psicológico dos trabalhadores chineses de saúde e explorar os fatores influenciadores. | Transversal | 53 médicos, 348 enfermeiros, 18 funcionários administrativos e logísticos e 23 outros tipos de profissionais de saúde |
Santamaría et al., 2020 | Espanha | Avaliar os níveis de estresse, ansiedade, depressão e distúrbios do sono entre os profissionais de saúde que tratam pacientes expostos ao vírus COVID-19 na comunidade autônoma do País Basco (CAPV) e Navarra. | Transversal | 421 profissionais de saúde da Secretaria de Saúde de CAPV e Navarra. |
Que et al., 2020 | China | Investigar a prevalência de problemas psicológicos em diferentes profissionais de saúde (ou seja, médicos, residentes médicos, enfermeiros, técnicos e profissionais de saúde pública) durante a pandemia COVID-19 na China e explorar fatores associados ao surgimento de problemas psicológicos nessa população durante essa crise de saúde pública. | Transversal | 2285 profissionais de saúde |
Hou et al., 2020 | China | Os objetivos desta pesquisa foram duplos: (a) examinar se o papel mediador da resiliência no apoio social e na saúde mental poderia ser duplicado para os profissionais de saúde de uma área menos afetada durante a epidemia COVID-19, e (b) para testar se a relação entre apoio social e saúde mental via resiliência é moderada por faixa etária. | Transversal | 1472 profissionais de saúde de hospitais locais, centros comunitários de saúde e departamento governamental na província de Jiangsu que participaram da luta contra o COVID-19 |
Xing et al., 2020 | China | Analisar o estado psicológico do pessoal médico que lida com o COVID-19 e seus fatores influenciadores, a fim de fornecer uma base objetiva para a prevenção de novas transmissões, intervenções e contramedidas para o COVID-19. | Transversal | 560 médicos de 12 hospitais de oito províncias e cidades de todo o país. |
Zhang et al., 2020 | China | Investigar a prevalência de sintomas de insônia e confirmar os fatores psicológicos sociais relacionados entre a equipe médica em hospitais durante o surto de COVID-19. | Transversal | Foram divididos em 2 grupos: um grupo com insônia e outro sem. No grupo com insônia foram 124 médicos, 395 enfermeiros, 11 administrativos e 34 de outras categorias. No grupo sem insônia foram 330 médicos, 589 enfermeiros, 19 administrativos e 61 de outras categorias. |
Qi et al., 2020 | China | Avaliar distúrbios do sono de trabalhadores médicos chineses de linha de frente (FMW) sob o surto da doença coronavírus 2019 (COVID 19), e fazer uma comparação com os não-FMW. | Transversal | 1396 médicos. |
Liu et al., 2020 | China | Examinar os níveis de ansiedade dos profissionais de saúde de linha de frente e identificar os fatores de risco para a ansiedade na China durante a epidemia COVID-19 | Transversal | 512 indivíduos. A equipe de saúde participante incluiu médicos, enfermeiros e funcionários administrativos em hospitais equipados com uma clínica de febre ou uma ala COVID-19 em diferentes regiões da China. |
Discussão
Ao observar os estudos elencados para esta revisão, algumas temáticas emergem para serem apresentadas, como dados sobre sono, sofrimento psicológico, ser profissional da linha de frente, influência da idade/sexo e do apoio social nas condições de saúde, bem como dados sobre sentimentos negativos como ansiedade, depressão, resiliência, relatos de experiências anteriores em agravos de saúde pública, Burnout e Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
Nesta revisão integrativa, estudo de Dosil Santamaría et al. (2020) afirmam que estar na linha de frente contribui para o desenvolvimento sintomatológico psicológico e se apresenta como fator de risco importante, como também foi evidenciado por Naser et al. (2020). Para Que et al. (2020), os problemas psicológicos são generalizados entre os profissionais de saúde durante a pandemia COVID-19 e Xing et al. (2020), relata que a saúde mental geral da equipe médica é geralmente pobre ao lidar com a COVID-19.
Quando falamos sobre os sentimentos dos profissionais, um estudo apontou que as emoções positivas e negativas coexistiam (Sun et al., 2020) e quando foram observados aqueles profissionais que estavam acometidos e diagnosticados com COVID-19, Jin et al. (2020) relatam que maioria experimentou estresse psicológico ou alterações emocionais durante o período de isolamento após o diagnóstico.
A experiência anterior em agravos de saúde pública influenciou na saúde mental dos profissionais investigados no estudo de Cai et al. (2020) pois estes autores apontam que um alto nível de treinamento e experiência profissional, resiliência e apoio social eram necessários para os profissionais de saúde que estão participando pela primeira vez na emergência da saúde pública, pois os profissionais sem experiência apresentaram pior desempenho em saúde mental, resiliência e suporte social.
Cinco estudos trouxeram informações acerca do sono desses profissionais e apontaram que com a pandemia por COVID-19 a qualidade do sono se apresentou de forma negativa, chegando a apresentar insônia (Lai et al., 2020) de forma moderada ou grave (Wu; Wei, 2020), aparecendo em mais de um terço da equipe médica (Zhang et al., 2020), podendo estar associado ao desenvolvimento de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) (Yin et al., 2020), estando mais presente nos profissionais da linha de frente quando comparados aos não-linha de frente, além de apontar que a linha de frente feminina relata mais distúrbios de sono do que a linha de frente masculina (Qi et al., 2020).
Abordando o desenvolvimento de distúrbios psicológicos por causa da COVID-19, Yin et al. (2020) apontam que profissionais de saúde apresentaram TEPT após 1 mês do surto COVID ‐ 19 e 3,8% deles podem estar em alto risco de TEPT.
Acerca dos dados abordados de forma positiva, curiosamente, um estudo realizado por Wu et al. (2020) afirmam que em comparação com a equipe médica que trabalha com pacientes não infectados, a equipe médica que trabalha na enfermaria do COVID-19 teve uma frequência menor de Burnout e no estudo de Stephen X, et al. (2020), os profissionais de saúde das instituições privadas tinham melhor saúde mental. O acesso ao EPI previu melhor saúde física e satisfação no trabalho, e menor angústia.
Para Sun et al. (2020), o impacto global do surto de 2019-nCoV nos trabalhadores da saúde está em um nível leve, bem como Hou et al. (2020), trazem que a resiliência pode ser um dos caminhos pelos quais o apoio social contribui para a saúde mental. Convergindo com o estudo de Shechter et al. (2020), realizado nos Estados Unidos, onde apontam que os participantes relataram o uso de comportamentos de enfrentamento com suporte empírico, e também relataram interesse em recursos adicionais de bem-estar. Menor sofrimento psicológico foi associado a estar em um relacionamento sério no estudo de Shacham, et al. (2020).
Com a intensa disseminação da COVID-19, estudos que avaliam a saúde mental dos profissionais de saúde que estão atuando no cuidado a esses pacientes tem sido realizados no mundo todo. Nesta revisão integrativa, dados sobre a saúde mental foram investigados em profissionais da linha de frente, sendo as classes mais investigadas a classe médica, seguida da classe da enfermagem e dos profissionais que se situam na parte administrativa, bem como a maior parte dos estudos trazem dados sobre o sono, o sofrimento psicológico e quais medidas interferem nas condições de saúde desses trabalhadores.
Estes estudos refletem como a pandemia tem influenciado na saúde física e mental dos profissionais de saúde trazendo dados sobre piores condições de sono, desenvolvimento de sofrimento psicológico e emoções negativas e de distúrbios psicológicos como ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático. Por outro lado, o acesso ao EPI previu melhor saúde física e satisfação no trabalho, levando a um menor nível de angústia; o apoio social e estar em um relacionamento sério podem ser tidos como fatores de proteção para o desenvolvimento de sofrimento mental.
Ressalta-se a necessidade de se pensar em estratégias de enfrentamento as condições que contribuem para um menor nível de saúde mental e aponta-se como limitação o baixo número de publicações no momento em que a busca de dados foi realizada. Ressalta-se que dos 24 estudos utilizados nesta revisão integrativa, nenhum estudo foi realizado no Brasil.
Contribuição dos autores
Mariana Pacheco: Elaboração do projeto, Execução da pesquisa, Redação do Manuscrito
Cicera Albuquerque: Elaboração do projeto, Execução da pesquisa, Redação do Manuscrito
Christine Costa: Coleta de dados, Redação e Revisão do Manuscrito
Marcela Barros: Coleta de dados, Redação e Revisão do Manuscrito
Esiane Freitas: Redação e Revisão do Manuscrito