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Relações Internacionais (R:I)

versão impressa ISSN 1645-9199

Relações Internacionais  no.61 Lisboa mar. 2019

https://doi.org/10.23906/ri2019.61a07 

A «virada para o Leste» na política externa russa e a intensificação da cooperação energética sino-russa

The Russian’s foreign policy turn to the East and the intensification of the China-Russia energy cooperation

 

Diego Pautasso* e Bruno Mariotto Jubran**

* Colégio Militar de Porto Alegre | Av. José Bonifácio, 363 - Farroupilha, Porto Alegre - RS, 90040-130 | dgpautasso@gmail.com

** SEPLAG/RS | Av. Borges de Medeiros, 1501 – Praia de Belas, Porto Alegre - RS, 90020-020 | mariotto.bruno@gmail.com

 

RESUMO

Este artigo analisa a política externada Rússia para a China, com ênfase na cooperação energética. O propósito é compreender a «virada para o Leste» da atuação internacional de Moscou e quais seus fatores condicionantes. Sugere-se como hipótese que um dos efeitos do recrudescimento do recurso à força por parte dos Estados Unidos e do cerco ao espaço euroasiático tem sido o estreitamento das relações sino-russas. O resultado tem sido o avanço da integração regional (OCX, UEE e Nova Rota da Seda), dOTANdo a região de moderna infraestrutura de transporte, comunicação e energia. A orientalização dos dutos da Rússia se enquadra nesse contexto de «virada para o Leste» da diplomacia do Kremlin, menos por escolha do que por necessidades contextuais. Em suma, o unilateralismo estadunidense pode produzir efeitos diversos às expectativas, num contexto de emergência de novas configurações de poder no mundo.

Palavras-chaves: Rússia, China, cooperação energética.

 

ABSTRACT

This article analyzes Russia’s foreign policy towards China focusing on energy cooperation. The purpose is to understand the “turn to the East” of the international performance of Moscow and its factors. We propose the hypothesis that one of the effects of the resurgence of the use of force by the United States and the siege of the Eurasian space has been the approachment between China and Russia. The result has been the leverage of regional integration (OCX, UEE and New Silk Road) providing the region with modern transport, communication and energy infrastructure. The orientalization of Russian pipelines, which is then part of Kremlin’s turn to the East, may be not exactly a choice but an imposed circumstance. In short, us unilateralism may cause several effects on expectations in the context of emergence of a new power configuration in the world.

Keywords: Russia, China, energy cooperation.

 

INTRODUÇÃO

Embora manuais de estudos de segurança internacional sequer mencionem a questão energética1 e o tema seja debatido ainda embrionariamente no Brasil2, a segurança energética não é apenas crucial para a soberania e desenvolvimento de qualquer país, mas também o é para a distribuição de poder e as transformações em curso no sistema internacional. A segurança energética tem sido central às potências mundiais desde a consolidação do capitalismo, recrudescida no Pós-Guerra e após as crises petrolíferas dos anos 1970.

Desde o início da Segunda Revolução Industrial, o petróleo tem sido a base da economia moderna: é insumo básico da indústria, força motriz dos transportes, commodity geradora de recursos financeiros, indutor de grandes investimentos, base de amplas cadeias industriais, entre outras funções. No campo político, a segurança energética, ligada às disputas pelo petróleo, tem condicionado a soberania das nações, a capacidade operacional das forças armadas e, consequentemente, a governabilidade e a sustentação das elites no poder. A política internacional está entrelaçada com as disputas por esse recurso fóssil como, por exemplo, a condução de operações encobertas, golpes de Estado, intervenções militares, alianças diplomáticas, entre outras atividades comuns no cenário internacional3.

A segurança energética ganha ainda mais relevância, pois se relaciona diretamente à estratégia de duas grandes potências, China e Rússia, cujas inserções internacionais condicionam todo o quadro geopolítico regional e a balança de poder global. A primeira é desde 2009 o maior consumidor de energia do mundo, e consumiu em 2016 um volume cerca de 137 quadrilhões4 de BTU (British Thermal Unit), contra cerca de 98 quadrilhões de BTU dos Estados Unidos, e um dos líderes na importação de petróleo e gás5. A segunda tornou-se um dos maiores produtores e exportadores de hidrocarbonetos, além de ocupar posição chave nos corredores de escoamentos destes recursos. Sugere-se que a chamada «virada para o Leste» da política externa russa remonta inicialmente à ascensão de Primakov na chancelaria russa e, posteriormente, ao Governo Putin, no contexto do processo de integração na Organização para a Cooperação de Xangai (OCX). O objetivo é verificar em que medida essa reaproximação tem dependido não apenas das escolhas de Moscou e Beijing, mas, em grande medida, da conjuntura internacional adversa, marcada pela escalada unilateral dos Estados Unidos.

O presente trabalho busca lançar luz sobre as relações sino-russas, com o foco na questão energética, para compreender a dinâmica regional e global de poder. As novas configurações de poder, por sua vez, relacionam-se com a integração da Eurásia (heartland) e com as dinâmicas sistêmicas de acumulação capitalista, incluindo os ataques ao Estado de Bem-Estar Social6 e a consequente ampliação da polarização social7.

 

VISÃO PANORÂMICA DA POLÍTICA EXTERNA RUSSA: A VIRADA AUTONOMISTA DESDE O FINAL DOS ANOS 1990

Antes de se analisar a evolução recente da política exterior russa, faz-se necessário atentar para o fato de que a principal orientação estratégica do país desde o colapso da União Soviética em 1991 volta-se à gestão de questões securitárias e econômicas em relação aos países ocidentais, sobretudo àqueles agrupados em torno da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Essa relação tem balizado todos os nexos da Rússia com os demais países do mundo, inclusive nas relações com a China.

A literatura especializada em análise de política externa costuma a propor uma graduação para identificar a abrangência e a profundidade das mudanças em matéria de política externa, no sentido de diferenciar eventuais ajustes conjunturais de reordenamentos complexos, objeto desta seção. A categoria de «reorientação de política externa», como descrito por Hermann8, trata-se de «redirecionamento de toda a orientação de um ator em relação a questões mundiais»9, e que se diferencia das demais mudanças menores, pois «envolve uma mudança básica no papel e nas atividades internacionais do ator»10, e que «não apenas uma única política, mas muitas são mais ou menos alteradas»11. Esse conceito pode ser aplicado ao nosso caso para entender a dinâmica da política externa russa em meados da década de 1990.

A tentativa de aproximação incondicional com os estados é observável apenas nos anos imediatamente posteriores ao fim da União Soviética, em 1991. A nova Rússia emergiu com uma base de poder reduzida, tanto sob aspetos territoriais, como demográficos e econômicos. No cálculo dos estadistas russos, a aproximação com os Estados Unidos era estratégica, pois esses poderiam convalidar a transformação econômica e política em curso no país12. Essa fase é designada como o auge do internacionalismo liberal13, e correspondeu aos anos de Andrey V. Kôzyrev na titularidade do Ministério dos Negócios Estrangeiros, entre 1992 e 1996. Esse período, contudo, esteve em decadência já a partir de 1993, e teve seu fim em 1996, com a designação de Evguêniy Primakov em substituição a Kôzyrev. Com a virada nacionalista em 1996 – geralmente entendida como produto do aumento das críticas internas e dos parcos resultados do relacionamento com o Ocidente –, a diplomacia russa adotou uma postura crescentemente autônoma, sobretudo em diversos conflitos no «Exterior Próximo»14.

Primakov promoveu a aproximação com grandes países do mundo em desenvolvimento, quando a situação política e econômica no país parecia estabilizar-se. Naquele ano, lançou o Triângulo Estratégico, um mecanismo de diálogo informal com participação de Rússia, China e Índia, e ajudou a criar o Grupo dos Cinco de Xangai, mecanismo de cooperação informal entre Rússia, China, Cazaquistão, Tadjiquistão e Quirguistão, que levou à criação da OCX, em 2001.

Essa reorientação padeceu das dificuldades decorrentes da precariedade do quadro político e econômico vivenciado pela Rússia no final da década de 1990 e careceu de avanços concretos na cooperação econômica (e, por ora, energética) entre Pequim e Moscou. A deflagração da crise econômico-bancária em 1998, acompanhada do acirramento do conflito tchetcheno, repercutiu nas instituições políticas do país15. A turbulência interna comprometeu a consecução de imperativos na agenda da política externa. Por exemplo, a realização de uma viagem presidencial à América Latina, prometida desde 1996, foi reiteradamente postergada naquele momento, tanto pelas dificuldades institucionais, como pelo agravamento das condições de saúde de Yeltsin16.

O ano de 1999 – portanto, o último de Yeltsin no poder – habilitou a implementação da nova política externa, na qual o setor energético (sobretudo o de hidrocarbonetos) tem desempenhado função estratégica na projeção de poder externamente. Em primeiro lugar, já a partir daquele ano, os preços internacionais do petróleo começam a se recuperar, mantendo-se a tendência crescente durante quase toda a década seguinte. A recuperação econômica estava intimamente relacionada a esse aspeto, dado o contínuo ingresso de receitas obtidas com as exportações do insumo, permitindo um crescente influxo de dólares e de outras moedas fortes para o governo e para a economia17. Por outro lado, o diálogo com a OTAN deteriorou-se significativamente devido à incorporação de países do antigo bloco socialista à organização e ao bombardeio pela mesma à Iugoslávia.

A ascensão de Vladimir V. Putin à Presidência em 2000 beneficiou-se justamente dessa conjuntura mais favorável à inserção global da Rússia. Já em seu primeiro ano de governo, foram publicados vários documentos oficiais que exprimiam essa reorientação, tais como a nova versão da Concepção de Política Externa, além da Doutrina de Segurança da Informação, entre outros documentos. No entanto, esses documentos não se referiam ao Ocidente como fonte de ameaça à segurança russa, ao enfatizar a possibilidade de manter «relações vigorosas» com os Estados Unidos de forma a apoiar as reformas internas na Rússia18. Os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos propiciaram uma oportunidade de a Rússia demonstrar esse interesse. Durante a ação militar internacional no Afeganistão, a Rússia permitiu, inclusive, o sobrevoo de seu espaço aéreo por aeronaves da coalizão anti-Talibã, e concordou com o uso de bases militares da Ásia Central pela Casa Branca.

A disposição em viabilizar a cooperação com os Estados Unidos esvaeceu-se ao longo da década. Ainda em 2002, a saída unilateral de Washington do Acordo sobre Mísseis Antibalísticos (ABMT, na sigla em inglês) evidenciou os limites da cooperação entre Washington e Moscou. No ano seguinte, a invasão militar liderada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido contra o Iraque suscitou oposição entre diversos membros da comunidade internacional, inclusive da própria Rússia.

As chamadas revoluções coloridas em países do espaço pós-soviético, região crucial para os interesses estratégicos russos, têm sido percebidas em Moscou como ações comandadas por organizações de inteligência e think tanks ocidentais para estabelecer regimes contrários à Rússia, de forma a reduzir sua esfera de influência e dificultar sua atuação regional. Para Moscou esses eventos enquadram-se no escopo das táticas de regime change lideradas pelos Estados Unidos como forma de potencializar sua intervenção em outros países, direta e indiretamente, via embargos e sanções (punições coletivas), apoio a grupos insurgentes (incluindo terroristas-fundamentalistas), campanha de kill/capture, contratos com mercenários, atividades sistemáticas de inteligência (CIA, NSA), guerra por procuração (proxy war), bombardeio com drones e desestabilizações por meio de novidades táticas, como novas mídias, inclusive via redes sociais, e organizações não-governamentais (como por exemplo, National Endowment for Democracy, Freedom House, Open Society), entre outros meios19. Em 2003, a Revolução das Rosas na Geórgia possibilitou a ascensão de Mikhail Saakashvili, político claramente favorável à incorporação de seu país à OTAN; em 2004, a Revolução Laranja na Ucrânia alavancou Viktor Yushchenko, também explicitamente ocidentalista e crítico a Putin.

Em 2014, ocorreu na Ucrânia o caso mais expressivo de regime change, que resultou na ascensão de um governo pró-Ocidente e na eclosão de um conflito no Leste do país. A situação tem desafiado o Governo russo, o qual evita intervir diretamente e apoia os Acordos de Minsk I e II (2014 e 2015), enquanto os Estados Unidos inclinam-se a decretar sanções, autorizar o envio de armas letais para Kiev, apoiar grupos neonazistas ucranianos, realizar manobras da OTAN no mar Negro e manifestar oposição a qualquer forma de autonomia das regiões de Donetsk e Lugansk20. A esse quadro somam-se as crises do gás com a Ucrânia e Belarus, cujos efeitos sobre as relações com o Ocidente europeu são decisivos, pois afetam a segurança energética do continente, sobretudo de seu centro econômico, a Alemanha.

A guerra na Síria evidenciou o ressurgimento da Rússia em assuntos internacionais para além de suas fronteiras imediatas e influenciou seus alinhamentos diplomáticos. O chanceler russo, Serguêy Lavrôv, destacou a necessidade de «prevenir na Síria o roteiro líbio e outros acontecimentos dolorosos que tiveram lugar na região por causa da obsessão dos nossos parceiros ocidentais com as ideias de alterar os regimes indesejáveis»21. A atuação militar russa levou ao declínio do Estado Islâmico e fortaleceu sua relação com o eixo Síria-Irã como anteparo à tentativa dos Estados Unidos de consolidar um eixo do Afeganistão à Síria. Além da presença assertiva no Oriente Médio, a Rússia passou a influir mais sobre o «bastião estratégico sul», incluindo nos mares Negro e Cáspio, e no Cáucaso, cruciais na posição russa na segurança energética regional e possivelmente global22. Deve-se ressaltar que o espaço pós-soviético é a área de primazia, o epicentro das preocupações estratégicas internacionais de Moscou, de modo que as ameaças influenciam a tomada de decisão de seus formuladores de política externa e, por sua vez, as suas reorientações.

 

A «VIRADA PARA O LESTE» E AS RELAÇÕES COM A CHINA

Para desenvolver a hipótese de uma «virada para o Leste» da política externa russa, cabe periodizar as relações sino-russas23. Ainda nos anos derradeiros da URSS, os dois vizinhos iniciam movimentos no sentido de dirimir as rivalidades características da Guerra Fria. Uma espécie de reconciliação sino-russa (1985-1993) dependeu das novas lideranças destes países, Deng Xiaoping e Mikhail Gorbachev, e, posteriormente, das transformações sistêmicas na Rússia. Segundo Wilson, a reaproximação sino-soviética foi imediatamente ofuscada por uma série de acontecimentos nacionais e internacionais, como o colapso da URSS, os confrontos na Praça da Paz Celestial24, além da escalada unilateralista dos Estados Unidos, incluindo o uso da força contra o Iraque em 1990-1991 e a imposição de sanções à Líbia e à Sérvia em 199225.

A seguir, a parceria construtiva (1993-1996) marcou uma nova dinâmica nas relações sino-russas. Sob conjuntura de crise econômica e constitucional em 1993, firmou-se a Declaração Conjunta Sino-Russa, que lançou o conceito de parceria construtiva e incluiu: o fortalecimento da confiança mútua, a cooperação no Conselho de Segurança das Nações Unidas e o incremento da cooperação econômica e comercial, especialmente nas áreas de fronteira. De acordo com Wilson26, a China e a Rússia começaram a adotar princípios diplomáticos convergentes em âmbito internacional.

O início da parceria estratégica (1996-2001) ocorreu com a nomeação de Primakov à chefia da diplomacia russa em 1996 e dos movimentos de projeção de poder dos Estados Unidos nas imediações da Rússia e da China. A formulação do conceito de parceria estratégica pode ser dada pela virada «eurasianista» nesse período pela Rússia, centrado em quatro vetores principais: a criação de condições externas para fortalecer a integridade territorial do país; a reintegração do espaço da ex-URSS; a dissolução dos conflitos regionais e interétnicos na Comunidade de Estados Independentes (CEI) e na Iugoslávia; e a prevenção de novos focos de tensão e de proliferação de armas de destruição em massa27. Ademais, os movimentos de projeção de poder dos Estados Unidos estimularam a articulação diplomática sino-russa. Além do desconforto russo com a expansão da OTAN, a China incomodou-se com iniciativas estadunidenses, como o estacionamento de dois porta-aviões do país no estreito de Taiwan, o incremento da venda de armas à ilha, e a revisão das Orientações para a Cooperação em Defesa entre Estados Unidos e Japão (1996).

A institucionalização da integração regional (2001-2008) iniciou-se com a assinatura do Tratado Sino-Russo de Boa Vizinhança, Amizade e Cooperação e da OCX em 2001. Nesse momento, os Estados Unidos projetavam poder a partir da Guerra Global ao Terror e de uma nova rodada de expansão da OTAN em 2004, além da eclosão de outros focos de conflito no entorno territorial sino-russo, como no caso das revoluções coloridas (ver seção anterior).

O aprofundamento das relações sino-russas tem-se revelado desde a crise financeira de 2008; como exemplo, a criação do agrupamento BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) com a primeira de cúpula em 2009, do Novo Banco de Desenvolvimento e do Acordo Contingente de Reservas em 2011 nesse âmbito, colocando-se como espaço alternativo ao Sistema Bretton Woods28. Em um contexto mais amplo, a intensificação da contenção da Rússia pelos Estados Unidos via expansão da OTAN, revoluções coloridas, imposição de embargos, entre outros métodos tem gerado incentivos para o estreitamento das relações sino-russas e a conformação de estruturas de poder alternativas àquelas do Pós-Guerra.

Apesar de Moscou e Beijing terem relações eivadas de contradições, cujas origens remontam à época dos impérios Tzarista e do Meio, passando pelo cisma sino-soviético da década de 1960 e culminando nas atuais competições por protagonismo global, competição regional e seus mecanismos de desenvolvimento nacionais, a política de contenção ao eixo sino-russo desencadeada pelos Estados Unidos e por outros países ocidentais tem levado à intensificação das relações bilaterais e à articulação de um novo balanço de forças na Eurásia.

 

A COOPERAÇÃO ENERGÉTICA NA APROXIMAÇÃO SINO-RUSSA

A segurança energética afeta a economia mais dinâmica do mundo desde 1980, a China, e a maior potência em hidrocarbonetos (petróleo, carvão e gás somados) da Eurásia, a Rússia. Por um lado, a China apresentava até 1993 excedente em petróleo, mas, em 2017, tornou-se o maior importador mundial, com 8,4 milhões de barris por dia (mb/d), superando inclusive os 7,9 mb/d dos Estados Unidos29. Por outro, a Rússia tem visto sua economia oscilar em decorrência de choques e contrachoques petrolíferos30.

O fato de ter se tornado o maior importador mundial de petróleo tem sido utilizado no empenho do Governo chinês em internacionalizar o yuan (RMB). Esse movimento é parte de uma nova geografia financeira global alavancada pela China, com iniciativas combinadas de criação de bancos multilaterais, tais como o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB) e o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e de bancos nacionais de fomento – Banco da Agricultura da China (BAC), Banco da China (BC), Banco da Construção da China (BCC) e Banco Industrial e Comercial da China (BCIC) –, de acordos de swap cambial, da pressão para ampliar o peso do RMB nas instituições do Sistema Bretton Woods e da criação de uma zona monetária regional a partir da Nova Rota da Seda. É nítido o interesse da China em lastrear seu comércio de petróleo com sua moeda nacional, erodindo um dos pilares do poder financeiros dos Estados Unidos, o petrodólar. Na condição de maior importador de petróleo, o Governo chinês tem estabelecido acordos de compra de hidrocarbonetos transacionados em RMB, transformando sua vulnerabilidade inicial (demanda por petróleo) numa ferramenta para ancorar sua moeda.

Dito isso, é evidente que a estratégia diplomática da China para o setor energético passa, sobremaneira, pela Rússia, e vice-versa. Como nos outros setores, a reaproximação entre os dois países deu-se após a ascensão de Gorbachev na URSS. Em 1987, a Comissão Sino-Soviética de Economia, Comércio e Cooperação Científico-Tecnológica formou grupos de trabalho para discutir a questão energética e criou a Comissão Bilateral sobre Cooperação na Esfera Energética, em dezembro de 1996. Durante a visita a Pequim do primeiro-ministro russo Viktor Tchernomyrdin, em junho de 1997, os dois países assinaram o acordo de exploração do campo de gás de Kovytkinskoye, próximo a Irkutsk, e a construção de um gasoduto na China31. Entretanto, a aproximação foi dificultada pela crise econômica na Rússia durante os anos 1990: entre 1988 e 1998, a produção petrolífera no país recuou de 11 mb/d para 6 mb/d em média, em função do colapso nos investimentos32. Apesar da existência de equipamentos obsoletos, de carência de investimentos, da má gestão e corrupção, a debilidade na indústria petrolífera russa começou a ser revertida a partir do final dos anos 1990, diante de melhorias conjunturais, como a crescente demanda chinesa, o aumento dos preços internacionais dos hidrocarbonetos, a desvalorização do rublo e, sobretudo, a aproximação diplomática bilateral33.

Na Rússia, condicionava-se a retomada do crescimento econômico à recuperação do setor de hidrocarbonetos; para tanto, via-se como necessário retomar controle decisório pelo Estado e neutralizar o poder das oligarquias originadas das privatizações da década de 1990. O caso mais característico foi o da Gazprom, antigo Ministério da Indústria do Petróleo e do Gás da União Soviética, que passou para o controle privado em 1992 de grupos ligados a Boris Yeltsin; em 2005, por meio de compra de ativos, expropriação sem indenizações e multas, o Estado reassumiu o controle decisório da empresa. De forma análoga, o país reestruturou outras grandes empresas energéticas, como a Rosneft, a Lukoil, a Surgutneftgaz, a TNK-BP e a Yukos. O setor energético pode ser caracterizado como o núcleo dinâmico da economia russa: seu desempenho repercute decisivamente nas variáveis econômicas centrais, como PIB, balança de pagamentos e reservas internacionais.

Os recursos energéticos transformaram-se também num importante instrumento de poder diplomático34, inclusive como forma de compensar a fragilidade econômica do país. Como o setor de petróleo e gás contribuiu decisivamente para a recuperação econômica russa após a ascensão de Putin, é notável a preocupação em fortalecer e diversificar novos mercados devido à forte dependência da demanda europeia. A China e o mercado asiático constituem-se em importante alternativa para o mercado de petróleo e gás russo. Em setembro de 2004, os primeiros-ministros Wen Jiabao (China) e Mikhail Fradkov (Rússia) declararam que seus países reforçariam a cooperação no âmbito energético35. Essa manifestação enquadra-se no objetivo russo de conectar sua rede de oleodutos ao porto marítimo de Kôzmino, na costa do Pacífico, voltados a todos os países da região, evitando eventual excessiva dependência do mercado chinês36 (ver mapa 1, p. 88). Diante das pressões chinesas, em 2008 foi assinado um memorando prevendo a construção de um ramal de 67 quilómetros do oleoduto Sibéria Oriental-Oceano Pacífico para abastecer a economia durante vinte anos, desde 201037.

A Rússia ainda direciona a maior parte de suas exportações de hidrocarbonetos para a Europa. Em 2016, quase 60% de suas exportações de petróleo bruto e mais de 75% de suas exportações de gás natural dirigiram-se a membros europeus da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Ressalte-se, porém, que a China já é o maior importador individual de petróleo russo, representando sozinha quase um terço de todas as importações da OCDE (figura 1).

 

 

A orientalização dos dutos russos a partir do início do século XXI reflete uma preocupação russa em reduzir sua excessiva dependência das vendas para a Europa. A construção de uma rede de infraestrutura de extração, refino e distribuição de hidrocarbonetos no Extremo Oriente russo é um indício da implementação dessa política. Em 2009, inaugurou-se o porto marítimo petrolífero de Kôzmino (integrante do complexo portuário de Vostochnyy), para o qual se direciona o oleoduto Sibéria Oriental-Oceano Pacífico (ESPO, na sigla em inglês), o principal da porção asiática da Rússia.

O gasoduto «Força da Sibéria» poderá alterar substancialmente a distribuição do mercado de gás natural da Rússia, ao promover sua diversificação e ao estreitar laços com a China e com demais países asiáticos. Como pode ser visto na figura 1, as exportações russas de petróleo e, particularmente, de gás natural ainda permanecem direcionadas majoritariamente a países ocidentais, embora importantes reservas desses recursos se encontrem na porção asiática de seu território. Em maio de 2014, as estatais Gazprom (Rússia) e CNPC (China) assinaram acordos com duração de trinta anos que preveem fornecimento de cerca de 38 bilhões de metros cúbicos anuais de gás natural à China38.

A China, embora demonstre interesse nos recursos russos, também atua para diversificar sua rede de suprimento. Para diminuir a elevada dependência dos insumos transportados via estreito de Malaca, região com importante base militar norte-americana e alvo de pirataria, Pequim está construindo o Corredor Econômico China-Paquistão e uma ampla rede de dutos na Ásia Central. Cabe destacar o gasoduto China-Turcomenistão, com 6,8 mil quilómetros, inaugurado no final de 2009, cruzando Uzbequistão e Cazaquistão, até a província do Xinjiang, além do oleoduto Cazaquistão-China, em operação desde 200639.

Ao se analisarem as tabelas 1 e 2, conclui-se que a política russa de ampliação dos vínculos econômicos com o Oriente, ao mesmo tempo em que se reduz a dependência aos mercados ocidentais, antecede a deterioração nas relações entre Moscou e as capitais ocidentais por conta dos desentendimentos acerca da crise ucraniana de 2014, pois diversos importantes projetos no Extremo Oriente russo foram concluídos anteriormente às primeiras manifestações na capital ucraniana. A aplicação de sanções por parte dos Estados Unidos e por governos europeus desde então apenas acelerou a diversificação de parcerias na política externa russa, iniciada no final da década de 1990.

Diante da centralidade da indústria de hidrocarbonetos para a economia russa, a efetivação da cooperação energética com outros países apresenta viés não apenas econômico, como também político e estratégico. A cooperação com a China não é meramente resultado do desejo do Governo russo em incrementar suas receitas de exportação, mas também de reduzir a condição de dependência aos mercados europeus, vista como fator de vulnerabilidade para o país, seja pela dependência, seja pela maior aproximação diplomática da União Europeia com os Estados Unidos. Aliás, diversas políticas emanadas de Washington tiveram apoio predominante de Bruxelas, incluindo expansão da OTAN, embargos à economia russa, apoio a regimes antirrussos no seu entorno estratégico, alinhamento na tentativa de depor Assad na Síria, entre outros.

 

 

 

 

 

 

A cooperação energética permanece como um dos principais vetores das relações entre a China e a Rússia. A segurança energética torna-se ainda mais crucial em um cenário de transição sistêmica permeado de incertezas. Assim como a Rússia busca evitar a dependência dos mercados ocidentais para suas exportações de hidrocarbonetos, também pretende evitar uma nova dependência frente à China. Do outro lado, ao mesmo tempo que a China faz esforços para ter acesso aos recursos energéticos fósseis russos, também atua para diversificar e ampliar a segurança de seu suprimento.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É possível considerar que um dos efeitos do recrudescimento do recurso à força pelos Estados Unidos e seu cerco ao espaço euroasiático tem sido o estreitamento das relações sino-russas, dirimindo-se, inclusive, algumas contradições bilaterais. A integração regional entre essas potências eurasiáticas avança tanto pela dimensão bilateral, quanto pela articulação de iniciativas multilaterais, como são os casos da OCX e da União Econômica Eurasiática (UEE). Na mesma linha, a Nova Rota da Seda tende a impulsionar o processo integrativo sinocêntrico, dotando a região de moderna infraestrutura de transporte, comunicação e energia. Sugere-se, portanto, que a orientalização dos dutos da Rússia se enquadra nesse contexto de «virada para o Leste» da diplomacia de Moscou e da progressiva integração regional.

Contudo, a «virada para o Leste» não se caracteriza por um desinteresse de Moscou em relação ao Ocidente, dado que a Europa permanece como seu principal mercado e o principal vetor das questões securitárias; e os Estados Unidos continuam sendo superpotência e elevam os custos de quaisquer rivalidades, o que explica as recorrentes tentativas do Kremlin de estabelecer relações menos conflitivas com Washington. Em suma, não se trata de uma escolha deliberada de Moscou, mas uma reação desse país frente às crescentes dificuldades observadas no relacionamento com países ocidentais. Cabe adicionar que a diplomacia chinesa, ao enfrentar problemas semelhantes no trato com o Ocidente, tem convertido a virada russa numa notável oportunidade diplomática.

Ou seja, não é possível compreender a evolução das relações sino-russas, inclusive no campo energético, senão como desdobramento das relações incertas e tensas com os Estados Unidos e seus aliados. É interessante notar que o histórico temor anglo-saxão em relação à conformação do heartland parece mais crível do que no passado napoleônico, nazifascista ou mesmo soviético. A situação se torna mais complexa pois a Ásia Oriental consolida-se como epicentro da economia mundial, enquanto o capitalismo cêntrico não consegue superar sua natureza neoliberal-rentista cujos efeitos têm sido estreitar suas próprias bases de acumulação com nítidas consequências de erosão da legitimidade das instituições políticas. Enquanto isso, os Estados Unidos e seus aliados oscilam entre interromperem as novas dinâmicas de integração euroasiáticas e se agregarem à nova realidade do sistema internacional em formação.

Enfim, a assertividade e o poder nacional tanto da China quanto da Rússia parecem elementos irrefreáveis de uma nova ordem mundial em formação. De todo modo, as dificuldades em implementá-la ainda reservam grandes incertezas quanto ao tempo e ao grau de violência para que surjam acomodações para as novas bases produtivas da chamada Quarta Revolução Industrial e para as consequentes novas configurações de poder no mundo.

 

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Data de receção: 26 de abril de 2018 | Data de aprovação: 2 de junho de 2018

 

NOTAS

1 BUZAN, Barry; HANSEN, Lene – Estudos de Segurança Internacional. São Paulo: Ed. UNESP, 2012.

2 FUSER, Igor – Energia e Relações Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2013.

3 Ver detalhes em PAUTASSO, Diego; OLIVEIRA, Lucas – «A segurança energética da China e as reações dos EUA». In Contexto Internacional. Vol. 30, 2008, pp. 361-398.

4 Termo referente a 1015, usado em escala curta. Em escala longa, mil bilhões (mil biliões, em Portugal).

5 «TOTAL petroleum and other liquids production – 2018». In Energy Information Administration. (Consultado em: 2 de abril de 2018). Disponível em: https://www.eia.gov/beta/international.

6 LOSURDO, Domenico – A Esquerda Ausente. São Paulo: Anita Garibaldi, 2016.

7 PIKETTY, Thomas – O Capital no Século XXI. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.

8 HERMANN, Charles F. – «Changing course: when governments choose to redirect foreign policy». In International Studies Quarterly. Vol. 34, N.º 1, 1990, pp. 3-21.

9 HERMANN, Charles F. – «Changing course: when governments choose to redirect foreign policy», p. 5.

10 Ibidem, p. 5.

11 Ibidem, pp. 5-6.

12 «KONTSEPTSIYA vneshnyey politikoy Rossiyskoy Federatsii» (Conceito de política externa da Federação Russa). In Vneshnyaya politika i bezopasnost’ sovremennoy Rossii: 1991-2002 (A política externa e a segurança da Rússia atual: 1991-2002). Moscovo: MGIMO, RAMI, ANO «INO-Tsentr», 2002, pp. 19-50.

13 TSYGANKOV, Andrei. P. – «From international institutionalism to revolutionary expansionism: the foreign policy discourse of contemporary Russia». In Mershon International Studies Review. Vol. 41, N.º 2, 1997, pp. 247-268.

14 LYNCH, Allen C. – «The realism of Russia’s foreign policy». In Europe-Asia Studies. Vol. 53, N.º 1, janeiro de 2001, pp. 7-31.

15 Isso pode ser evidenciado pela elevada rotatividade em cargos-chave do governo entre 1998 e 1999. Cinco indivíduos ocuparam nesses anos o cargo de primeiro-ministro.

16 JUBRAN, Bruno M. – Brasil e Rússia: Política, Comércio, Ciência e Tecnologia entre 1992 e 2010. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2012. Dissertação de mestrado em Relações Internacionais. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/56075/000856969.pdf?sequence=1.

17 OLDBERG, Ingmar – «Foreign policy priorities under Putin: a tour d’horizont». In HEDENSKOG, Jakob; NYGREN, Bertil; OLDBERG, Ingmar; KONNANDER, Vilhelm; PURSIAINEN, Christer – Russia as a Great Power: Dimensions of Security under Putin. Nova York: Routledge, 2005, pp. 29-57.

18 «KONTSEPTSIYA vneshnyey politikoy Rossiyskoy Federatsii», p. 34.

19 BANDEIRA, Luiz – A Segunda Guerra Fria. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013; Losurdo, Domenico – A Esquerda Ausente.

20 BANDEIRA, Luiz – A Segunda Guerra Fria.

21 «LAVROV explicou por que militares russos estão na Síria». In Sputnik Brasil. 10 de setembro de 2015. (Consultado em: 10 de março de 2018). Disponível em: http://br.sputniknews.com/mundo/20150910/2086961.html.

22 PAUTASSO, Diego; ROCHA, Douglas – «O conflito na Síria e o retorno da Rússia ao Oriente Médio». In Boletim de Conjuntura NERINT. Vol. 2, 2017, pp. 30-41.

23 PAUTASSO, Diego – China e Rússia no Pós-Guerra Fria. Curitiba: Ed. Juruá, 2011.

24 WILSON, Jeanne – Strategic Partners: Russian-Chinese Relations in the Post-Soviet Era. Nova York: M.E. Sharpe, 2004.

25 ABI-SAD, Sérgio – A Potência do Dragão. Brasília: UnB, 1996.

26 WILSON, Jeanne – Strategic Partners..., p. 147.

27 DONALDSON, Robert; NOGEE, Joseph – The Foreign Policy of Russia: Changing Systems, Enduring Interests. Nova York: M. E. Sharpe, 2005.

28 Sugerimos o papel desta iniciativa num quadro mais amplo de reestruturação do sistema financeiro global. Ver PAUTASSO, Diego – «A China na nova arquitetura geoeconômica global e o caso do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura». In Meridiano 47. Vol. 16, 2015, pp. 12-19.

29 LARANJEIRO, Ana – «China tornou-se na maior importadora de petróleo do mundo». In Jornal de Negócios. 12 de janeiro de 2018. (Consultado em: 12 de abril de 2018). Disponível em: https://www.jornaldenegocios.pt/mercados/materias-primas/detalhe/china-tornou-se-na-maior-importadora-de-petroleo-do-mundo.

30 SÉBILLE-LOPEZ, Philippe – Geopolíticas do Petróleo. Lisboa: Instituto Piaget, 2007.

31 WILSON, Jeanne – Strategic Partners..., p. 83

32 SÉBILLE-LOPEZ, Philippe – Geopolíticas do Petróleo, p. 216

33 WILSON, Jeanne – Strategic Partners..., p. 84.

34 BARROS, Sebastião – «A Rússia e a conjuntura petrolífera». In Panorama da Conjuntura Internacional. N.º 24, 2004, p. 12.

35 «?. FRAD’KOV: Rossiya obyespetchit v 2004g. postavki nyefti v Kitay» (M. Fradkov: a Rússia garantirá no ano de 2004 o envio de petróleo à China). In RBC. 24 de setembro de 2004. (Consultado em: 10 de fevereiro de 2018). Disponível em: https://www.rbc.ru/politics/24/09/2004/5703b6669a7947783a5a5b5b.

36 LO, Bobo – «The long sunset of strategic partnership: Russia’s evolving China policy». In International Affairs. Vol. 80, N.º 2, 2004, pp. 295-309.

37 BIN, Yu – «China-Russia relations: embracing a storm and each other?». In Comparative Connections. Vol. 10, N.º 4, 2009.

38 «POWER of Siberia, 2018». In GAZPROM. (Consultado em: 27 de março de 2018). Disponível em: http://www.gazprom.com/projects/power-of-siberia.

39 «KAZAKHSTAN-China oil pipeline opens to commercial operation». In China Daily. 12 de julho de 2006. (Consultado em: 17 de abril de 2018). Disponível em: http://www.chinadaily.com.cn/china/2006-07/12/content_639147.htm.

40 Tabela elaborada pelos autores (2018), com base em «POWER of Siberia, 2018». In GAZPROM. (Consultado em: 27 de março de 2018). Disponível em: http://www.gazprom.com/projects/power-of-siberia; «TOTAL petroleum and other liquids production – 2018»; «GAS for the Celestial: Projects “Power of Siberia” and “Altai”». In Ria Novosti. Disponível em https://ria.ru/20140521/1008659818.html?inj=1; e «FONTE: um avanço nas negociações com a RPC sobre o “Poder da Sibéria – 2” não é esperado até a primavera de 2018». In TASS. 22 de dezembro de 2017. Disponível em https://tass.ru/ekonomika/4834015.

41 Tabela elaborada pelos autores (2018), com base em «POWER of Siberia, 2018»; «TOTAL petroleum and other liquids production – 2018»; «GAS for the Celestial...»; e «FONTE: um avanço nas negociações com a RPC sobre o “Poder da Sibéria – 2”…».

42 «POWER of Siberia, 2018».

43 «COUNTRY analysis brief: Russia». In Energy Information Administration. 2017. (Consultado em: 29 de março de 2018). Disponível em: https://www.eia.gov/beta/international/analysis_includes/countries_long/Russia/russia.pdf Russia/russia.pdf.

44 «EASTERN Siberia-Pacific Ocean Pipeline system. Skovorodino – Kozmino section (ESPO-2)». In Transneft. (Consultado em: 29 de março de 2018). Disponível em: https://web.archive.org/web/20170514070819/http://en.transneft.ru/about/projects/realized/10709.

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