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Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental
versão impressa ISSN 1647-2160
Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental no.5 Porto jun. 2011
Determinismos em Saúde Mental Comunitária
Célia Machado*; Paulo Correia**; Paulo Passos***
*Médica de Medicina Geral e Familiar - Centro de Saúde de Braga I
**Psicólogo Clínico, ACES BARCELOS
***Psicólogo Clínico, Assessor de Psicologia Clínica da Carreira Técnica Superior de Saúde no Centro de Saúde de Braga I
O artigo revê-se no registo das críticas às práticas em Saúde Mental Comunitária, no que se refere à vulnerabilidade nas execuções, em comparação com a adesão às regras relativas à planificação e à avaliação.
A imponderação sobre as modalidades que intentam fazer cumprir os objectivos, são regências que protegem o fornecedor, mantendo o consumidor na expectativa ou no desconhecimento e/ou na insatisfação pelo produto.
A planificação e a avaliação deverão estar no contexto adaptativo dos executores, no sentido de ser viabilizada a flexibilização do plano, ao longo das necessidades de ajuste de toda a aplicabilidade das intenções aos alvos direccionados.
Serve de suporte crítico, a frequência com que evidenciam as práticas, descentradas da eventual força interventiva dos executantes, tão só pelo desinvestimento, surgido na sequência da sua não implicação em todas as fases de criação e reestruturação dos planos, sempre que estes são elaborados à margem do real conhecimento dos sistemas sociais e comunitários.
Neste sentido, sugerem-se alguns levantamentos dos determinantes em toda a esfera de intervenção em Saúde Mental Comunitária, no intento de reforçar posicionamentos críticos, bem como elevar níveis de satisfação profissionais e contribuir para a promoção da efectividade da eficácia do acto de laborar em Saúde Mental Comunitária, em todas as suas dimensões, mas com enfoque acrescido aos cenários promotores de saúde.
Toda a esfera de intervenção comunitária deve estar subordinada ao lema da programação (planificação), avaliação e execução, no contexto da insistência técnica e científica da promoção da mudança social e dos efeitos psicológicos dos sistemas comunitários.
Dando centralidade para as práticas de programação e de avaliação, acresce-se ênfase a esta centralidade às práticas e formalidades de execução, uma vez que, programar e avaliar são tarefas impróprias quando, inestética e impunemente, se divorciam, por vezes intencionalmente, das execuções, elaborando-se, contudo, relatos de operatividade.
A prática, para a promoção do sentido psicológico das comunidades, exige a integração dos intervenientes nos espaços comunitários, de modo a que estes se transformem em núcleos facilitadores de mudanças nas funcionalidades sociais.
A prática deve fomentar que estas modificações sejam canalizadas no sentido da actuação das convicções de posicionamentos motivacionais, com reflexos claros de ajustada ambição, dirigida ao serviço gregário.
A execução contempla, obrigatoriamente, a investigação pura, mas de utilidade prática, exigindo a continuidade e as parcerias, de forma a que sejam devolvidas ao indivíduo, as suas dimensões sociais/comunitárias, sendo que actos pontuais não permitem a responsabilização para a referência e para a pertença.
A prática suporta-se pelos levantamentos dos recursos comunitários e a sua utilização, pela via da integração.
Executar, nos registos ajustados, promove a absoluta e necessária activação social, facilitando assim, a modificação atitudinal, em detrimento das falsas e inúteis intenções de mudança de comportamentos.
Executar, exige uma remodelação no desenho do papel profissional, renascendo um novo modelo de prestação de serviços.
Assim, e necessário é reforçar esta questão, salienta-se que laborar em qualquer das variantes de saúde comunitária, não pode ser um acto prisioneiro de idiossincrasias individuais ou institucionais, mas sim uma matriz de actos continuados e centrados na fomentação da acessibilidade à integração e relação.
A Saúde Mental Comunitária, deverá ser praticada, como excelência interventiva, no registo da constante necessidade evolucionista, fruto de experiências que ultrapassarão as ameaças clássicas incluídas nas escalas de protecção social experiências essas enriquecidas pela promoção de direito existencial, no eixo do estar actuante na colorida sucessão temporal, em vez de celebrar a lenta gratidão de expectante, na sombria, mas frequentemente conveniente, passividade.
Submetido para publicação em: 24.05.2011
Aceite para publicação em: 31.05.2011