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Cadernos do Arquivo Municipal

versão On-line ISSN 2183-3176

Cadernos do Arquivo Municipal vol.ser2 no.9 Lisboa jun. 2018

 

ARTIGO

Memórias de ausência, testemunhos de persistência: a talha barroca das igrejas de Nossa Senhora do Socorro, de Santo Estêvão e de São Miguel, em Lisboa

Memories of absence, testimonies of persistence: the baroque woodcarving at the churches of Nossa Senhora do Socorro, Santo Estêvão and São Miguel, in Lisbon

Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva Ferreira*

* Bolseira de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, com projeto intitulado "Presença, Memória e Diáspora: Destinos da arte da talha em Portugal entre o Liberalismo e a atualidade" (SFRH/BPD/101835/2014), apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia com financiamento comparticipado pelo Fundo Social Europeu e por fundos nacionais do Ministério da Educação e da Ciência.

IHA – Instituto de História de Arte, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa, 1069-061 Lisboa, Portugal. silvia.a.s.ferreira@gmail.com

 

RESUMO

O conhecimento sobre a feição dos interiores das igrejas barrocas de Lisboa, muitos deles desaparecidos ou radicalmente alterados, tem sido enriquecido nos últimos anos, graças à investigação sistemática em arquivos e bibliotecas. O recurso às fontes primárias, em amplo confronto com informações recolhidas em crónicas, demais bibliografia e registos visuais permite hoje alargada compreensão sobre os mecanismos económicos e socioculturais subjacentes às encomendas de obras de talha, das quais nos ocupamos neste texto. No âmbito dos registos de encomenda e pagamento de obras de arte destacam-se os Livros de Receita e Despesa das irmandades, nos quais se arrolavam os gastos anuais daquelas instituições. Ao assinalar, tanto a natureza das obras, quanto os custos, prazos e nomes dos artistas, constituem-se também como ferramentas indispensáveis para a compreensão de fenómenos díspares, mas interconectados, tais como relações entre encomendadores e artistas, entre artistas e intermediários e mesmo entre todos os intervenientes e a justiça do reino. Neste estudo abordaremos três casos paradigmáticos: as igrejas de N.ª S.ª do Socorro, de Santo Estêvão e de S. Miguel de Alfama, que se apresentam como testemunhos cabais do percurso histórico das obras de talha da época barroca.

 

PALAVRAS-CHAVE

Lisboa / Mouraria / Alfama / Talha / Igrejas

 

ABSTRACT

The knowledge about the interior features of the Lisbon baroque churches, many of them missing or radically altered, has been enriched in recent years thanks to systematic research into archives and libraries. The use of primary sources in confrontation with complementary information collected in Chronicles, other literature and visual records allows a broad understanding of the economic and sociocultural mechanisms underlying the commissions and execution of woodcarved work, which we deal with in this text. Among diverse documentation, registering the payments to artists and other costs with works of art, stand out the Accounting Books of the brotherhoods. By checking both the nature of the work, its cost, time and names of artists, they constitute an indispensable tool for the progressive understanding of related phenomena, such as relations between commissioners and artists, between artists and intermediaries and even among all those involved, and the justice of the kingdom. In this study we will discuss three paradigmatic cases of study: the churches of N.ª S.ª do Socorro, Santo Estêvão and S. Miguel de Alfama, which present themselves as full testimony of the historical background of woodcarving of the baroque period.

 

KEYWORDS

Lisbon / Mouraria / Alfama / Woodcarving / Churches

 

INTRODUÇÃO

A forte presença da arte da talha nas igrejas da Mouraria e de Alfama foi, à semelhança do ocorrido em todas as freguesias da Lisboa barroca, uma constante. As obras remanescentes e as notícias que chegaram até aos nossos dias são dessa prática testemunhos cabais. É, essencialmente, nos Registos Notariais, nos Livros de Termos das Irmandades e naqueles de Registo de Receita e Despesa das mesmas instituições, nos relatos e crónicas de época, estas últimas assiduamente em tom elogioso e laudatório, que essa memória perdura e se deixa resgatar. O nosso contributo neste texto assenta essencialmente na leitura, interpretação e correlação sistemáticas de documentação respeitante a obras de talha e douramento referentes à desaparecida Igreja do Socorro, na Mouraria e às igrejas de Santo Estêvão e de São Miguel, ambas em Alfama. Para este esforço de reconstrução são relevantes os testemunhos fotográficos à guarda do Arquivo Municipal de Lisboa. O caso da demolida Igreja do Socorro é paradigmático, fruto do desaparecimento total do edifício pela ação de demolição, levada a cabo em 1949. No entanto, também os registos fotográficos dos interiores das igrejas de Santo Estêvão e de S. Miguel de Alfama, em data tão recuada quanto o final do século XIX, apresentam-se como suportes valiosos na construção da história dos dois monumentos.

No âmbito da investigação em torno das obras de arte executadas para as igrejas em apreço, torna-se obrigatório referenciar investigadores pioneiros como Reynaldo dos Santos e Ayres de Carvalho e, mais recentemente, Vítor Serrão e Maria João Pereira Coutinho1. Assim, alicerçando o presente estudo nos contributos dos historiadores que nos precederam, pretendemos apresentar uma visão correlativa dos dados, dilatada por novos informes recolhidos nos livros de registos de atividade de diversas irmandades, que tutelavam o espaço nessas igrejas, e demonstrar o papel ativo que a arte da talha desempenhou nestes templos, na sua intrínseca relação com a arquitetura e as demais artes. Nestas igrejas, e através da documentação consultada, podemos afirmar terem trabalhado alguns dos mais conceituados mestres entalhadores de Lisboa, que laboraram entre os finais da centúria de Seiscentos e a primeira metade da de Setecentos, contando-se entre eles nomes como: Francisco Lopes, Manuel Rodrigues, Manuel João da Fonseca, Pedro Álvares Pereira, Manuel de Brito, Santos Pacheco, Félix Adaucto da Cunha, entre outros.

 

 

 

A IGREJA DE NOSSA SENHORA DO SOCORRO: ENTRE AS OBRAS SEISCENTISTAS E A DEMOLIÇÃO DE 1949

Edificada em meados do século XVII2, segundo os relatos produzidos após o grande abalo sísmico de 1755, a Igreja de Nossa Senhora do Socorro padeceu bastantes estragos. Não só ficou completamente destruída a sua capela-mor, como a ruína se estendeu aos altares que se situavam no transepto e a outros que se localizavam na nave. Tudo o que não ficou imediatamente destruído, sofreu estragos de tal dimensão, que a sua recuperação deverá ter sido impossível, ou pelo menos difícil de concretizar. Segundo o cronista: “(...) se arruinou, e ficou por terra a cappela-mór, e o cruzeiro da igreja, como tambem as capellas do Santo Christo, Nossa Senhora do Socorro a velha, e a de Santo Antonio, e o mais que permaneceu em pé ficou summamente estremecido e arruinado (...)”3.

A igreja foi demolida em 1949, e o seu recheio foi distribuído por várias igrejas de Lisboa, com destaque para a de S. João de Deus.

 

 

 

 

Sobre a obra de talha executada para este templo, a documentação constante em cartório notarial informa-nos que, a 14 de novembro de 1674, foi celebrado um contrato entre a Irmandade do Santíssimo Sacramento e o mestre entalhador Pedro Álvares Pereira, a fim de este executar o trono do retábulo-mor. O texto do contrato estipula as partes presentes e a feição da obra. Assim:

(...) pareserão prezentes partes da huma Diogo de Souza Ferreira juis da meza que o prezente anno serue do Santissimo Sacramento da Igreja de N.ª S.ª do Socorro (…) E da outra estaua outro sj prezente Pedro Aluares Pereira (…) estão contratados com elle dito mestre emtalhador para efeito de fazer hum Trono na tribuna da cappela mor da ditta Igreja para dentro nelle estar exposto o Santissimo Sacramento (...) que comresponda a mais obra de que /fl. 31/ he a tribuna, (…) E isto em presso e quantia de cento e des mil reis (...)4.

Pelo texto do supra referido assento notarial, destinado à execução do trono do altar, infere-se que a capela-mor deveria estar já concluída no que a obra de talha dizia respeito. O retábulo-mor será dourado, somente, em 1677, três anos depois da celebração de escritura de execução do trono com o mestre entalhador Pedro Álvares Pereira.

O mestre escolhido para o efeito foi o pintor de têmpera João da Mota5 que, para além da tarefa do douramento do altar, seria ainda obrigado a estofar e a encarnar os seus quatro anjos. Assim, os irmãos da irmandade

(...) estão contratados com elle dito João da Mota para efeito de auer de dourar a Tribuna retabolo sacrario E toda a obra de talha que esta na dita cappela mor de Nossa Senhora do Socorro E asj mais de por e retocar as faltas de ouro do resto da dita cappela mor E outro sj sara elle mestre pintor obrigado de estofar E encarnar os quatro Anjos que estão na dita Tribuna E isto em preso e quantia de setecentos E sincoenta mil reis (...)”6.

Esta é a informação disponível no fundo do Cartório Notarial de Lisboa à guarda da Torre do Tombo. A complementar as informações algo lacónicas dos contratos de obra, surgem os registos constantes dos Livros de Receita e Despesa da Irmandade do Santíssimo Sacramento, que se revelam auxiliares preciosos na perceção da natureza das intervenções de vários mestres entalhadores, pintores e douradores naquele templo.

É, efetivamente, entre finais dos anos 70 e toda a década dos 80 de 1600 que se dá a grande azáfama construtiva, num esforço contínuo de enriquecimento do interior da Igreja do Socorro. Meticulosamente anotado pelos sucessivos tesoureiros da irmandade, desenrola-se um contínuo registo de gastos com a obra de talha destinada à capela-mor, às capelas da nave e ao coro, passando pelo respetivo douramento, até à pintura de cavalete, da autoria de Bento Coelho da Silveira e de Miguel Mateus e à pintura decorativa da igreja.

Anotado no ano contabilístico de 1670 para 1671 surge um pagamento a Francisco Taveira “marsineiro que faz a obra da nossa tribuna e se lhe deu sua conta por ajustada e acabada (…)”7. No ano de 1673 para 1674 assinala-se a intervenção do arquiteto régio Mateus do Couto que, pelo desenho do trono, assistência à obra e madeira para a mesma, auferiu 26.000 réis8. Saliente-se que esta é a obra que Pedro Álvares Pereira foi contratado para executar, e que acima mencionámos como registada em cartório notarial. No mesmo ano paga-se 50.000 réis a um “marceneiro” pela obra do sacrário9. No ano seguinte remuneram João Dinis, escultor, pelo feitio “dos Anjos e mais obra da coroa e pianha”10. No mesmo ano, surge de novo o nome do marceneiro Francisco Taveira, que recebe 132.340 réis, pelo “resto de toda a obra que fez da tribuna"11. No ano de 1678 para 1679 registam-se pagamentos pelo dourado da capela-mor, 60.000 réis, ao entalhador para a continuação da sua obra, 100.000 réis12, e ainda a Manuel João [da Fonseca]13 do risco da obra da capela-mor, 4.400 réis14. Outro nome nosso conhecido, Francisco Marques15, destaca-se, em 1680, a auferir diversas quantias por trabalho de entalhe não especificado16.

Os anos 80 da centúria de Seiscentos serão profícuos em obras relacionadas com douramento e pintura da igreja, assinalando-se, contudo, igualmente intervenções em obra de talha complementar. Assim, no ano de 1683/1684 reconhece-se pagamento ao mestre dourador José de Matos17 “que fez o dourado nesta igreia seiscentos e sincoenta mil reis”, bem como ao pintor Miguel Mateus18 “que fes os coatro painéis de sima do coro”, 64.000 réis19. Durante todo o ano contabilístico referido, os mesmos mestres auferem diversos pagamentos pelas obras dos seus ofícios20.

Em 1686 surge o nome do mestre entalhador Vicente do Couto [Nobre]21 a receber 201.980 réis do total acordado de 300.000 pela “obra para a igreja” e, novamente, o pintor dourador José de Matos, a receber a parcela de 10.000 réis do total dos 30.000 prometidos para dourar o arco da capela-mor22. No ano seguinte registam-se mais despesas com o entalhador Vicente do Couto Nobre “que fez a obra do coro, e os pes direitos dos altares colatraes a saber 38.020 reis que a meza pasada lhe ficou deuendo e os 155.350 reis que esta mesa despendeu mais com o dito entalhador para acabar a obra (…) 253.37” e com o mestre dourador, Manuel Franco “que doirou os pes direitos”, 100.000 réis23. O ano de 1688/1689 será dominado pelos gastos com as obras necessárias para a execução dos púlpitos da igreja e pelo pagamento final a Bento Coelho da Silveira “do resto dos pajneis que fes para a igreja dezoito mil reis”24. Em 1690 acabam de pagar ao mestre entalhador dos púlpitos, Vicente da Silva, 30.500 réis25 e em 1691 entregam ao mestre pintor dourador Nicolau Antunes, que já tinha laborado no douramento da Igreja de Santo Estêvão, a quantia de 700.000 réis, dispêndio referente ao “dourado da igreja”26.

 

A IGREJA DE SANTO ESTÊVÃO: DO TEMPLO PRIMITIVO À REEDIFICAÇÃO DE 1733

 

 

 

 

Na abordagem à obra de talha da Igreja de Santo Estêvão de Alfama, duas realidades distintas terão de ser equacionadas: o tempo antes e o depois da reedificação de 1733. Ressalve-se que, grande parte das intervenções que iremos referir pertenceram a um espaço arquitetónico atualmente inexistente, pois, a reedificação de 173327 teve como consequência direta o desaparecimento de praticamente toda a talha executada antes dessa data. No entanto, observa-se no novo edificado a continuidade do gosto por esta expressão artística, embora, necessariamente, em moldes distintos e com funções doutrinárias e estéticas diferenciadas daquelas que orientaram as encomendas do período áureo da produção desta arte, em Lisboa (sensivelmente entre os anos de 1675 e 1730). É de salientar, também, no contexto da remodelação do edifício, que a Irmandade de Nossa Senhora da Conceição exigiu que o seu retábulo executado em pedra e embutidos da mesma matéria transitasse para a nova igreja28. Decisão, certamente, fundamentada no apreço e reverência pela obra e na tradição alicerçada na devoção à Imaculada, cultuada naquele altar específico.

A notícia mais recuada, que lográmos localizar, referente a obra de talha destinada à Igreja de Santo Estêvão data do ano contabilístico de 1663/1664 e reporta-se à intervenção do mestre entalhador Francisco Lopes. Os recibos que entregou à Irmandade do Santíssimo Sacramento dessa igreja atestam trabalho seu, do qual não conhecemos a totalidade da extensão, pois apenas se refere laconicamente que: “Despendeo ho tizoireiro João Carneiro com ho marsineiro Francisco Lopes trinta mil reis que se lhe deu mais por conta da hobra da trebuna do que lhe pacou recibo”29, reforçando, mais à frente no documento, a entrega de mais 15 mil réis para continuar a cobrir as despesas da obra de talha da capela-mor. Vítor Serrão avança com a hipótese, bem fundamentada, de esta intervenção ter-se cifrado apenas na construção de uma tribuna provisória, aberta no retábulo fino-quinhentista da igreja30. Francisco Lopes, pelos dados biográficos atualmente disponíveis, é reconhecido como um dos mais conceituados e requisitados mestres entalhadores do seu tempo, com relações profissionais e pessoais privilegiadas no círculo do seu mester31. Para além das obras já referenciadas, recentemente localizámos pagamentos a Francisco Lopes pela execução do retábulo-mor da Igreja de Santos-o-Velho, entre os anos de 1666-166832, altar que terá sido prontamente dourado em setembro de 166933.

Oito anos depois dos pagamentos efetuados a Francisco Lopes pela Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de Santo Estêvão, a mesma contrata com Pedro Álvares Pereira a feitura de um novo retábulo para a ousia do seu templo. Pedro Álvares era, já à data, um experiente entalhador, que contava no seu currículo com algumas importantes empreitadas de obra de talha34. Certamente, na sequência do seu já longo currículo, a 17 de janeiro de 1672 é requisitado para executar “a obra da trebuna e Retabolo da cappela mor da dita Igreja (…) todo de madeira de bordo, com seo painel que corra na frontaria (…) pela quantia de quatrosentos e oitenta mil reis”35, obra pela qual se dá por pago, através de recibo emitido a 6 de dezembro de 167436. Para além da execução do retábulo-mor, Pedro Álvares Pereira comprometeu-se a fazer na capela-mor dois painéis, ou molduras, um de cada lado “ por baixo da fresta, e o tecto tudo fechado de obra de talha (…) por preço e quantia de duzentos e quarenta mil reis (…)”37. A capela-mor da Igreja de Santo Estêvão, seguindo um figurino comum à época, foi integralmente entalhada entre os anos de 1672 e 1675, à semelhança de outras que ainda nos dias de hoje podemos observar, como a da capela-mor da Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, a de S. Miguel de Alfama ou a de S. Cristóvão, todas em Lisboa. O custo da obra ter-se-á cifrado em cerca de 720.000 réis. Para além do nome do mestre entalhador, reconhecem-se igualmente os dos mestres douradores: Nicolau Antunes e Amaro Pinheiro38, este último identificado, já em dezembro de 1674, a dar quitação da quantia recebida por dourar por dentro o sacrário39. Por tal desempenho foram pagos na quantia de 270.400 réis, a que se aduziu ainda o gasto com o ouro comprado ao bate-folha, Pedro Carvalho, resultando um dispêndio de 512.000, o que perfez o total de 950.000 réis, pagos em 167740. Somando aos 720.000 réis gastos com a obra de talha, a obra totalizou 1.232.000 réis, quantia assaz elevada para a época e que denota o avultado esforço financeiro a que a irmandade se submeteu.

Pedro Álvares Pereira trabalhará novamente para a paroquial de Santo Estêvão, desta feita contratado pela Irmandade de Santa Teresa, que detinha altar na capela colateral do lado da epístola, corria o ano de 168641. Neste ajuste notarial refere-se que o entalhador é o responsável pelo risco da obra, que esta custaria 100 mil réis, podendo constatar-se pela quantia envolvida, que seria de pequenas dimensões e de fatura simples.

A notícia seguinte transporta-nos a 8 de maio de 1706 e refere-se à encomenda do retábulo de Nossa Senhora da Atalaia. Este, contratado entre um particular, D. Pedro Gomes, e o mestre entalhador Gabriel Fernandes Aleixo, um nome quase desconhecido no circuito artístico de entalhadores de Lisboa, encerra as notícias de que dispomos sobre encomenda de obra retabular destinada à Igreja de Santo Estêvão, prévia à remodelação de 1733. Embora, atualmente, não se possa localizar com exatidão esta capela no edifício da antiga igreja, os testemunhos, quer da obra do padre Gustavo Couto42, quer dos interrogatórios enviados aos párocos, por ação de D. José, no período pós-terramoto e compilados nas Memórias Paroquiais da cidade em 175843, referem a existência desta irmandade com capela na igreja, já depois da reconstrução de 1733. A sua localização no edifício remodelado seria a última do lado da epístola. Certo é, que a Irmandade de Nossa Senhora da Atalaia se manteve ativa na igreja, com novo retábulo depois da edificação de 1733, tal como aconteceu com outras irmandades e suas capelas.

O texto do ajuste da obra de talha do altar da referida Senhora informa:

Gabriel Fernandes Aleixo fará a obra da trebuna da dita cappella com toda a perfeição de maneira que conrresponda com a outra que está feita na cappella da Senhora da Conceição da mesma Igreja e na do rescunho ou debucho que elle mestre tem em seo poder, asignadas por elle Dom Pedro Gomes, sendo a obra referida com os remates que no dito debucho estão e tambem com dois nichos para acomodar dois santos aos lados da mesma Senhora da Atalaya, porque não ha de leuar Trono porquanto no nicho principal do meio se ha de pór hum Christo Crucificado para o que leuará a dita obra hum resplandor que terá tres palmos de fundo (…)44.

Junto anexa-se o recibo do mestre entalhador:

Digo eu Gabriel Fernandes Aleixo mestre do officio de Entalhador que eu fis a obra (…) por ordem do Senhor Dom Pedro Gomes (…) como tenho acabado a dita obra que fis na dita cappela de Nossa Senhora da Atalaya se me estaua a deuer para inteira satisfação da importancia della oitenta mil reis, que com os sem referidos fazem cento e oitenta mil reis (…) e por esta quitação me dou por pago e satisfeito de toda a obra de madeira que na mesma cappela fis (…)45.

Depois de 1733 são poucas as informações de que dispomos sobre lavor de talha destinado à Igreja de Santo Estêvão. Lacónicas, referem-se apenas ao ano de 1740, data em que se investiu em obra de madeira entalhada, nomeadamente gastos com dois mestres de apelidos iguais, João e Francisco Ferreira, quiçá aparentados, referenciando-se remunerações por obras de painéis, molduras e pelo sacrário destinado à Capela do Santíssimo Sacramento, cuja talha que revestia o interior do altar foi encomendada ao arquiteto e entalhador Santos Pacheco de Lima46. Do mencionado sacrário, obra vultuosa, certamente, pelo montante gasto, 43.000 réis, não se conhece o paradeiro, já que não está colocado no altar para o qual foi elaborado, nem se reconhece em outro local da igreja47. Os variados registos fotográficos da Igreja de Santo Estêvão à guarda do Arquivo Municipal de Lisboa, nomeadamente os de 1899 e 196348, com destaque para aquele mais recuado de 1899, possivelmente, a mais antiga fotografia conhecida do interior do templo, apontam para uma configuração em tudo semelhante à atual. A opção pelo revestimento dos interiores e altares com obra de pedraria compaginava-se com o gosto emergente por esta matéria, ao qual o projeto do Convento e Palácio de Mafra não era alheio, e reflete cabalmente a planta do arquiteto Manuel da Costa Negreiros, responsável pelo plano de reedificação49. As alterações que os registos fotográficos resgatam assentam, essencialmente, na mudança de invocações dos altares e na sua configuração decorativa complementar. O essencial da obra de pedraria projetada e executada depois de 1733 continuou a marcar presença no templo dedicado ao santo mártir.

 

 

 

 

 

 

 

A IGREJA DE S. MIGUEL DE ALFAMA: AS MÚLTIPLAS CAMPANHAS DE TALHA

Quis a fortuna que a Igreja de S. Miguel de Alfama preservasse boa parte do seu acervo de talha dourada, exemplar paradigmático de estilo joanino sobrevivente na cidade de Lisboa, e que a história em torno da construção do seu atual retábulo-mor tenha contornos novelescos, únicos pelas peripécias que envolveram a sua construção. Mas, antes de existir o imponente retábulo de talha que hoje se pode admirar na ousia desta igreja, outro ou outros o precederam e, disso nos dá conta, uma vez mais, a documentação. Registam-se, no ano de 1680, pagamentos na ordem dos 44.000 réis a António Rodrigues por intervenções do seu mester de entalhador na capela-mor e em dois outros altares, como é mencionado no Livro de Receita e Despesa da Irmandade do Santíssimo: “Fez 44.000 que se derão a Antonio Rodrigues de fazer a trebuna e pianha e pelicano tudo de suas mãos”50.

Passados dezoito anos continuamos a referenciar o nome do mesmo mestre e do carpinteiro José Moniz, recebendo esta dupla, em finais de setembro de 1698, a quantia de 952.980 réis, como a documentação descreve: “Importarão as ferias do mestre carpinteiro Joseph Monis, e do mestre entalhador Antonio Rodrigues e seus officiaes feitas desde Outubro de 1697 ate fim de Setembro de 698 (…) nouecentos, sincoenta e dois mil, nouecentos, e oitenta reis”51, gastando-se ainda com as madeiras uma soma considerável: “Importarão as madeiras que neste anno se comprarão com os bordos para as talhas do painelado, e grade do coro, e janellas, e outra mais obra settecentos, cincoenta, e noue mil nouecentos e des reis”52. Confere-se assim que, em finais do século XVII, se executou na Igreja de S. Miguel de Alfama, um retábulo-mor de dimensões consideráveis, a julgar pelas somas despendidas com as madeiras e a obra do entalhe, e mais obra de talha respeitante ao coro e janelas do templo. Este retábulo seria, cerca de vinte e cinco anos depois, apeado para dar lugar ao que hoje subsiste.

Sobre António Rodrigues pouco se sabe. O seu apelido, contudo, remete-nos para a família Rodrigues Ramalho, com oficina ao Bairro Alto. Com o patriarca Manuel trabalhavam os seus filhos, José Rodrigues Ramalho, o primogénito, António Luís, Pedro e Francisco Lopes53.

Documentadas, registam-se, apenas, duas obras suas, destinadas a guarnecer capelas na Sé de Lisboa. A primeira, de 1685, diz respeito ao altar de invocação do Rei Salvador do Mundo, o qual executará em parceria com o mestre ensamblador João da Costa, enquanto a segunda destinou-se à Capela de Santo Ildefonso, contratada pelos capelães da mesma e datada de cerca de 170054.

 

 

A obra de talha mais carismática e sobrevivente da Igreja de S. Miguel é aquela cuja execução é entregue a Manuel de Brito em 172355, e que a documentação confirma pelo pagamento faseado que a irmandade vai fazendo ao mestre, entregando-lhe também, como parte dos seus honorários, o “retabollo velho”56. Deste retábulo deveriam fazer parte os três fragmentos de painéis de pintura, datados de c. 1525, localizados no tardoz do atual retábulo, e já alvo de estudo por parte de Vítor Serrão57.

Seguindo a documentação, aduz-se um facto que até hoje não foi equacionado: um pagamento efetuado aos entalhadores Manuel Nunes58 e Félix Adaucto da Cunha59 por terem finalizado a obra que Manuel de Brito deixou inacabada quando foi para o Brasil.

 

 

 

 

 

 

A decisão de Manuel de Brito em viajar para o Brasil, deixando a obra incompleta, suscitou diversos pleitos entre a irmandade e o seu procurador, em Portugal60. A contenda saldar-se-ia a favor do mestre entalhador, depois de várias sentenças judiciais, das quais a irmandade ia sempre recorrendo, até que, com ameaça de prisão para o presidente da mesa, cedeu e enviou a Manuel de Brito a quantia que, este já estando no Brasil, solicitava61. O documento que confirma a intervenção de Felix Adaucto e Manuel Nunes na obra do retábulo-mor refere:

Por setenta e dous mil reis que o dito tesoureiro satisfez por ordem de Juizo aos entalhadores Manoel Nunes e Felix Adauta que findarão esta obra por conta de 145.400 reis que se estávão deuendo do resto della sobre cuja quantia corre pleito com esta Irmandade com Antonio Francisco Fialho mercador na Rua Noua, a respeito de hauer rebatido o dito resto a Manoel de Brito62.

A súbita ida para o Brasil de Manuel de Brito obriga a Irmandade do Santíssimo Sacramento a recorrer aos préstimos de outros dois mestres entalhadores para a finalização da obra de talha da sua capela-mor, que incluiria a feitura das estátuas dos quatro Evangelistas. O escolhido para a realização das imagens é Félix Adaucto da Cunha. Deste modo, a intervenção de Félix Adaucto da Cunha que, até agora, surgia como uma nova opção da irmandade, configura-se, antes, na modalidade de continuidade de colaboração.

Sabemos que a irmandade liquidou a quantia prometida a Félix Adaucto da Cunha pela obra contratada das ilhargas da capela-mor e estátuas dos quatro Evangelistas, pois tal ação foi fixada no caderno de encargos da mesma instituição: “Por duzentos e quatorze mil e quatrosentos reis que pagou ao emtalhador Felix Adauta das ilhargas que fes de entalho na cappella mor desta freguesia preso que as rematou de que pasou quitação como fico pago”63. No entanto, esta obra não terá agradado à irmandade que, em 1727, contrata o entalhador Santos Pacheco de Lima para refazer a obra, desmanchando toda a talha das ilhargas e teto, feita, anteriormente, pelo seu colega Adaucto da Cunha.

 

 

 

 

Santos Pacheco recebeu “Pelo que custou a talha das Ilhargas da capela mor a conçertar e pela nova do teto. 260.000” e “Por luuas (…) 9.0600 (…)”64.

A etapa final deste grande empreendimento de forro de entalhe e escultura da capela-mor da Igreja de São Miguel de Alfama acontece entre os anos de 1728 e 1729 com a encomenda do douramento desse mesmo espaço. Os registos contabilísticos assinalam que se

Despendeo hum conto e duzentos e dezasseis mil e seissentos e sincoenta reis com a obra do dourado da cappella Mor que a Irmandade mandou fazer por sua conta comprando ouro, e mais couzas necessárias, e pagando jornaes de que foi mestre George da Costa como parece pello mihudo do livro das obras da Igreja nelle65.

Relativamente à evolução estética operada na igreja de S. Miguel depois das intervenções setecentistas, muito pouco se sabe. Continuam sem autoria conhecida os altares da nave, executados possivelmente nos anos 40 de 1700 e os restantes que se compaginam com obra pós-terramoto de 1755. As intervenções do século XX, concretamente de 1955, cifraram-se pela recuperação de algumas estruturas retabulares e limpeza da talha do altar-mor66.

 

NOTA FINAL

O percurso das obras de talha barroca da desaparecida Igreja de Nossa Senhora do Socorro e das igrejas de Santo Estêvão e de S. Miguel de Alfama é maioritariamente recuperável, pelo recurso às fontes documentais ainda disponíveis. A necessidade de contratualizar em foro notarial estas obras e de paralelamente registar os seus custos nos livros contabilísticos das irmandades tuteladoras das diversas capelas das referidas igrejas, testemunham bem o seu caráter basilar na vida destas instituições, enquanto guardiãs e zeladoras de um espaço de culto. Os elevados gastos e os correlativos riscos financeiros que comportavam, obrigavam não só a uma cautela acrescida, mas igualmente a um férreo controlo das despesas.

As histórias que se deixam resgatar através destes suportes transportam-nos para cronologias, dinâmicas de gosto e ideologias díspares. Se, como verificámos, a utilização desta arte foi uma constante ao longo do período barroco, essencialmente como reflexo do empenho das comunidades em ornar as suas igrejas de acordo com as diretrizes doutrinárias e o figurino estético da sua época, concomitantemente, aferimos do seu caráter verdadeiramente efémero e frágil. Fruto de catástrofes naturais, mudanças de gosto, necessidade de reedificação de espaços ou mesmo de reestruturações urbanas, a reconfiguração estética operada nos templos foi uma constante. No computo geral destas alterações, o saldo para as obras de talha do período barroco, nas igrejas em apreço, apresenta-se nitidamente negativo. Dos três templos analisados, apenas S. Miguel de Alfama preserva exemplares representativos do tempo áureo da arte da talha da escola de Lisboa. A necessidade premente que as irmandades demonstravam em manter os seus altares “decentes” e feitos “ao moderno”, e que se constata em sede documental, contribuiu para que muitas estruturas fossem destruídas para dar lugar a outras, consideradas mais adequadas ao seu tempo. É por tal, que verificamos assiduamente o apeamento de retábulos com 20 ou 30 anos de vida para dar lugar aos eleitos que melhor representassem as novas correntes estéticas e ideológicas do momento.

No entanto, a par do desaparecimento linear que ocorreu, conviveram opções de integração, como se verificou na renovada Igreja de Santo Estêvão. A talha viveu, sobreviveu e reinventou-se ao sabor de múltiplas circunstâncias.

Relevante neste estudo foi igualmente a constatação da presença assídua de mestres, que transitavam entre obras nas igrejas da sua freguesia de morada ou próximas da mesma. O caso de Pedro Álvares Pereira é paradigmático. É o único entalhador que está presente em várias empreitadas de obra de talha em duas das três igrejas referenciadas, com estatuto reconhecido de perito na sua arte, o que vem demonstrar, uma vez mais, não só a apetência das irmandades na contratação dos mais conceituados artistas no seu mester, mas igualmente a continuidade de colaboração ao longo dos anos com aqueles que justificaram a sua confiança.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FONTES

Iconográficas

Arquivo Municipal de Lisboa

Igreja de Santo Estêvão, interior. Machado&Souza. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/003/FAN/001865.

Igreja de Santo Estêvão, interior. Armando Maia Serôdio. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/SER/S02096.

Igreja de Santo Estêvão, exterior. Eduardo Portugal. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/EDP/001528.

Igreja de São Miguel, exterior. Machado&Souza. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/003/FAN/001856.

Igreja de São Miguel, interior. Machado&Souza. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/003/FAN/001866.

Igreja de São Miguel, interior. Armando Maia Serôdio. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/SER/S02094.

Igreja do Socorro e Teatro Apolo. Joshua Benoliel. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/JBN/001275.

Igreja de Nossa Senhora do Socorro, exterior. Eduardo Portugal. PT/AMLSB/POR/019589.

Igreja Nossa Senhora do Socorro, demolição. Eduardo Portugal. PT/AMLSB/POR/019588.

Demolição da Igreja do Socorro, o interior da capela-mor. Autor desconhecido. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/FMC/000127.

 

Manuscritas

Arquivo Histórico do Patriarcado de Lisboa

Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de Santo Estêvão de Lisboa, Livro de Receita e Despesa do Santíssimo Sacramento da Igreja de Santo Estêvão (1663-1664). f. 25 e 30.

Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de Santo Estêvão de Lisboa, Recibos da Irmandade do S.S. 1663-1789 (avulsos).

Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de Santo Estêvão de Lisboa, Livro de receita e despeza dos anos de 1664 até 1685. f. 27.

Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de Santo Estêvão de Lisboa Livro para se lançar a despeza da Obra da Igreja do Invicto Martir Santo Esteuão que esta nossa Irmandade do Santissimo Sacramento lhe reedifica novamente. f. 26-27v.

Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de São Miguel de Alfama, Livro de Despesa da Irmandade, Lº 2 (Lº 529). f. 18, 67, 148, 157v. 169 v.

Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de São Miguel de Alfama, Avulsos.

Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja do Socorro, Livro da Receita e despeza do dinheiro da Irmandade do Santissimo Sacramento sita na freguezia de Nossa Senhora do Socorro o qual começa em o primeiro de Setembro de 1670 sendo juis o Doutor Antonio de Freitas (Livro 1804). f. 3v., 9v.-10, 19-19v., 25, 27, 42, 44, 49, 51, 62v.-65v. 69v.

Arquivo da Igreja Paroquial de Santos-o-Velho de Lisboa

Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de Santos-o-Velho de Lisboa, Livro da Irmandade do Santíssimo Sacramento da freguesia de Santos, Anno 1660 athe 1666, com a despesa dos ditos annos. f. 4-7,11-12, 43- 44v.

 

ESTUDOS

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RECURSOS ELETRÓNICOS

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Submissão/submission: 22/01/2018

Aceitação/approval: 11/05/2018

 

 

 

NOTAS

FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva – Memórias de ausência, testemunhos de persistência: a talha barroca das igrejas de Nossa Senhora do Socorro, de Santo Estêvão e de São Miguel, em Lisboa. Cadernos do Arquivo Municipal. 2ª Série Nº 9 (janeiro-junho 2018), p. 81–96.

1 SANTOS, Reynaldo dos – Oito séculos de arte portuguesa. Lisboa: Empresa Nacional de Publicidade, 1950. vol. II, p. 262; CARVALHO, Armindo Ayres de – Novas revelações para a história do Barroco em Portugal. Belas-Artes. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes. 20 (1964), p. 58, 62-63. Separata; SERRÃO, Vítor – A cripto-história da arte: análise de obras de arte inexistentes. Lisboa: Livros Horizonte, 2001. p. 77-88, 98-100; SERRÃO, Vítor – História da arte em Portugal: o Barroco. Lisboa: Editorial Presença, 2003. p. 198-199; COUTINHO, Maria João – “Mas antes ficara mais magnífica”: renovações espaciais e estéticas em espaços cultuais de Alfama (1666-1733); O Ideário Patrimonial. Tomar: Instituto Politécnico, Centro de Pré-História. 4 (2015), p. 11-29.

2 SUCENA, Eduardo – Mouraria (bairro da). In SANTANA, Francisco; SUCENA, Eduardo, coord. – Dicionário da história de Lisboa. Lisboa: Carlos Quintas e Associados, 1994. p. 589-590.

3 SOUSA, Francisco Luís Pereira de – O Terramoto do 1º de Novembro de 1755 em Portugal e um estudo demográfico: distrito de Lisboa. Lisboa: Tipografia do Comércio, 1923. vol. III, p. 687.

4 FERREIRA, Sílvia – A talha barroca de Lisboa (1670-1720): os artistas e as obras. Lisboa: [s.n], 2009. Tese de doutoramento em História, especialidade Arte, Património e Restauro, apresentada à Universidade de Lisboa. vol. II, p. 141-142.

5 FLOR, Susana Varela; FLOR, Pedro – Pintores de Lisboa: séculos XVII-XVIII: a Irmandade de S. Lucas. Lisboa: Scribe, 2016. p. 73.

6 FERREIRA, Sílvia – A talha barroca de Lisboa (1670-1720) (…). p. 158-159.

7 Arquivo Histórico do Patriarcado de Lisboa (AHPL), Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja do Socorro, Livro da Receita e despeza do dinheiro da Irmandade do Santissimo Sacramento sita na freguezia de Nossa Senhora do Socorro o qual começa em o primeiro de Setembro de 1670 sendo juis o Doutor Antonio de Freitas (Livro 1804). f. 3v.

8 Idem, ibidem, f. 9v.

9 Idem, ibidem, f. 10.

10 Idem, ibidem, f. 19.

11 Idem, ibidem, f. 19v.

12 Idem, ibidem, f. 25.

13 FERREIRA, Sílvia – A talha barroca de Lisboa (1670-1720) (…). p. 540-543.

14 AHPL, Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja do Socorro, Livro da Receita e despeza do dinheiro da Irmandade do Santissimo Sacramento sita na freguezia de Nossa Senhora do Socorro o qual começa em o primeiro de Setembro de 1670 sendo juis o Doutor Antonio de Freitas (Livro 1804). f. 25v.

15 FERREIRA, Sílvia – A talha barroca de Lisboa (1670-1720) (…). p. 510-511.

16 AHPL, Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja do Socorro, Livro da Receita e despeza do dinheiro da Irmandade do Santissimo Sacramento sita na freguezia de Nossa Senhora do Socorro o qual começa em o primeiro de Setembro de 1670 sendo juis o Doutor Antonio de Freitas (Livro 1804). f. 27v.

17 FLOR, Susana Varela; FLOR, Pedro – op. cit., p. 87, 107, 128, 155.

18 Idem, ibidem, p. 71.

19 AHPL, Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja do Socorro, Livro da Receita e despeza do dinheiro da Irmandade do Santissimo Sacramento sita na freguezia de Nossa Senhora do Socorro o qual começa em o primeiro de Setembro de 1670 sendo juis o Doutor Antonio de Freitas (Livro 1804). f. 42.

20 Idem, ibidem, f. 44.

21 FERREIRA, Sílvia – A talha barroca de Lisboa (1670-1720) (…). p. 563-564.

22 AHPL, Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja do Socorro, Livro da Receita e despeza do dinheiro da Irmandade do Santissimo Sacramento sita na freguezia de Nossa Senhora do Socorro o qual começa em o primeiro de Setembro de 1670 sendo juis o Doutor Antonio de Freitas (Livro 1804). f. 49.

23 Idem, ibidem, f. 51.

24 Idem, ibidem, f. 64.

25 Idem, ibidem, f. 65v.

26 Idem, ibidem, f. 69v.

27 BERGER, Francisco José Gentil – Lisboa e os arquitectos de D. João V: Manuel da Costa Negreiros no estudo sistemático do Barroco joanino na região de Lisboa. Lisboa: Edições Cosmos, 1994. p. 111-126.

28 COUTINHO, Maria João – op. cit., p. 21-23.

29 AHPL, Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de Santo Estêvão de Lisboa, Livro de Receita e Despesa do Santíssimo Sacramento da Igreja de Santo Estêvão (1663-1664). f. 25 e 30.

30 SERRÃO, Vítor – A cripto-história da arte: análise de obras de arte inexistentes. Lisboa: Livros Horizonte, 2001. p. 81.

31 Idem, ibidem. p. 80, 232 e 233; FERREIRA, Sílvia – A talha barroca de Lisboa (1670-1720). (…) p. 506-507; COUTINHO, Maria João; FERREIRA, Sílvia - Artistas e artífices da Lisboa barroca: a Irmandade de Nossa Senhora da Doutrina da Igreja de São Roque. Lisboa: Esfera do Caos, 2016. p. 146; ASSUNÇÃO, Ana Paula; FERREIRA, Sílvia - Magnificência e doutrina: os altares de talha barroca. In FERNANDES, Carla Varela, coord. – Igreja matriz de Bucelas: história e arte. Lisboa: Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, 2018 (no prelo).

32 Arquivo da Igreja Paroquial de Santos-o-Velho de Lisboa, Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de Santos-o-Velho de Lisboa, Livro da Irmandade do Santíssimo Sacramento da freguesia de Santos, Anno 1660 athe 1666, com a despesa dos ditos annos. f. 43, 44v., Idem, Livro da Receita e Despeza da Meza da Irmandade do Santíssimo Sacramento desta Igreia de Santos, anno 1666. 667. 668. 669. 670. f. 4-7.

33 Idem, ibidem. f. 11-12v.

34 FERREIRA, Sílvia – op. cit., p. 555-556.

35 SERRÃO, Vítor – A cripto-história da arte (…). p. 98.

36 SERRÃO, Vítor – A cripto-história da arte (…). p. 81, AHPL, Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de Santo Estêvão de Lisboa, Recibos da Irmandade do S.S. 1663-1789 (avulsos).

37 Idem, ibidem, 13 de janeiro de 1675.

38 FLOR, Susana Varela; FLOR, Pedro – op. cit., p. 73, 128.

39 AHPL, Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de Santo Estêvão de Lisboa, Recibos da Irmandade do S.S. 1663-1789 (avulsos).

40 SERRÃO, Vítor – A cripto-história da arte (…). p. 82, AHPL, Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de Santo Estêvão de Lisboa, Livro de receita e despeza dos anos de 1664 até 1685. f. 27.

41 FERREIRA, Sílvia – op. cit., p. 226-228.

42 COUTO, Gustavo – Historia da Egreja de Santo Estevam de Lisboa. Lisboa: Tipografia do Comercio, 1927.

43 PORTUGAL, Fernando; MATOS, Alfredo de – Lisboa em 1758: memórias paroquiais de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal, 1974. p. 119-121.

44 AHPL, Arquivo da Igreja de Santo Estêvão de Lisboa, avulsos, 8 de maio de 1706.

45 Idem, ibidem.

46 Sobre a vida e obra de Santos Pacheco, veja-se: CARVALHO, Ayres de – op. cit.; FERREIRA, Sílvia – A Igreja de Santa Catarina: a talha da capela-mor. Lisboa: Livros Horizonte, 2008; PEDROSA, Aziz; FERREIRA, Sílvia – Santos Pacheco de Lima (1674-1768) e José Coelho de Noronha (1705-1765): duas faces da talha barroca luso-brasileira. In PILAR LÓPEZ, María del; QUILES, Fernando, coord. – Visiones renovadas del Barroco Iberoamericano II. Sevilla: Universidad Pablo de Olavide, 2018 (no prelo).

47 AHPL, Arquivo da Igreja de Santo Estêvão de Lisboa Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de Santo Estêvão de Lisboa, Livro para se lançar a despeza da Obra da Igreja do Invicto Martir Santo Esteuão que esta nossa Irmandade do Santissimo Sacramento lhe reedifica novamente. f. 26-27v.

48 AML, Igreja de Santo Estêvão, interior. Machado&Souza PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/003/FAN/001865; AML, Igreja de Santo Estêvão, interior. Armando Maia Serôdio, PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/SER/S02096.

49 BERGER, Francisco – op. cit., p. 108-126.

50 AHPL, Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de São Miguel de Alfama, Livro de Despesa da Irmandade, Lº 2 (Lº 529). f. 18.

51 Idem, ibidem. f. 67.

52 Idem, ibidem.

53 FERREIRA, Sílvia – A talha barroca de Lisboa (1670-1720) (…). p. 28-30.

54 Idem, ibidem. p. 484.

55 CARVALHO, Ayres de – op. cit., p. 58-63; FERREIRA, Sílvia – Manuel de Brito: mestre entalhador do barroco joanino de Lisboa (act. 1720-1739): uma obra entre dois continentes. In COLÓQUIO DE ARTES DECORATIVAS, 2, Lisboa, 2010 – As artes decorativas e a Expansão Portuguesa: imaginário e viagem: actas. Coord. Isabel Mendonça; Ana Paula Correia. Lisboa: Escola Superior de Artes Decorativas/Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, 2010. p. 310-328.

56 AHPL, Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de São Miguel de Alfama, Livro de Despesa da Irmandade, Lº 2, (Lº 529). f. 146.

57 SERRÃO, Vítor – Património de arte sacra desconhecido: três pinturas do século XVI descobertas na Igreja de São Miguel de Alfama. Invenire. Lisboa: Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja. 6 (2013), p. 28-30.

58 Sobre Manuel Nunes vejam-se os estudos de VALLECILLO TEODORO, Miguel Ángel – Retablística alto alentejana (Elvas, Villaviciosa y Olivenza) en los siglos XVII-XVIII. Mérida: Universidad Nacional de Educación a Distancia, 1996. p. 153; LAMEIRA, Francisco – Os retábulos da Capela da Ordem Terceira. Monumentos. Lisboa: Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. 17 (2002), p. 67; LAMEIRA, Francisco; FALCÃO, António – Retábulos na Diocese de Beja. Beja: Universidade do Algarve, FCHS, Departamento de Artes e Humanidades e Departamento do Património Histórico e Artístico de Beja, 2013. p. 36.

59 Acerca da atividade profissional de Félix Adaucto da Cunha, cf. CARVALHO, Ayres de – op. cit., p. 62-63; FERREIRA, Sílvia – Félix Adaucto da Cunha (act. 1716 - †1773): mestre escultor e entalhador da Lisboa setecentista: novos contributos para o estudo da sua obra [Em linha]. Lisboa: Câmara Municipal, 2013 [Consult. 10/09/2017]. Disponível na internet: http://issuu.com/camara_municipal_lisboa/docs/rossio.estudos_de_lisboa_02_issuu

60 AHPL, Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de São Miguel de Alfama, Livro de Despesa da Irmandade, Lº 2, (Lº 529).

61 Idem, avulsos. 4 de maio de 1726.

62 Cf. nota 31.

63 AHPL, Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de São Miguel de Alfama, Livro de Despesa da Irmandade, Lº 2 (Lº 529). Despesa de 1724 para 1725. f. 148.

64 Idem, ibidem, Despesa do ano de 1727 para 1728. f. 157v.

65 Idem, ibidem. Despesa do ano de 1728 para 1729. f. 169 v.

66 Igreja de São Miguel de Alfama [Em linha]. [Consult. 20/12/2017]. Disponível na Internet: http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=3102.

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